quinta-feira, 31 de março de 2005

No news is good news?

Como não tenho mais com que me entreter (para além das mil coisas que invento para não fazer o que tenho que fazer) transformo isto num audioblog musical...

Esta rotina tem diversos efeitos, e um deles é a falta de assunto.
Só falta saber se isso é bom ou mau...

(E assim, à falta de melhor, deixo aqui esta magnífica tradução!)

Que me sirva de lição

Perdi um documento importante, e enquanto o procurava dei de caras com um maço de cartas que escrevi e nunca cheguei a mandar.
Tenho montanhas dessas cartas, espalhadas por todos os meus cantos da casa...
De cada vez que as vejo começo a lê-las, à espera de encontrar alguma coisa de jeito nos meus raciocínios passados. A memória é curta, mas depressa percebo que a mensagem não vale nem o papel nem a tinta que consumiu. E ainda menos porque nunca chegou aos destinatários. Nessa altura penso em atirar tudo para o lixo, ou fazer uma fogueira (o que provavelmente me daria mais gozo). Mas depois faz-se luz, e sei porque este ritual de encontrar, abrir, ler, e detestar se repete...

o silêncio é um bichinho que se alimenta dos nossos medos, cresce com eles, e vai consumindo o que de melhor existe em qualquer relação entre duas pessoas: a confiança.

segunda-feira, 28 de março de 2005

Hoje encarnei esta música

"Eu ando pelo mundo prestando atenção
Em cores que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo, cores
Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção no que meu irmão ouve
E como uma segunda pele, um calo, uma casca
Uma cápsula protetora
Eu quero chegar antes
Pra sinalizar o estar de cada coisa
Filtrar seus graus
Eu ando pelo mundo divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome dos meninos que têm fome

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
(Quem é ela? Quem é ela?)
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle

Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm para quê?
As crianças correm para onde
Transito entre dois lados, de um lado
Eu gosto de opostos
Expondo meu modo, me mostro
Eu canto para quem?

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
(Quem é ela? Quem é ela?)
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle

Eu ando pelo mundo e meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço?
Meu amor, cadê você?
Eu acordei,
Não tem ninguém... ao lado"
Adriana Calcanhoto - Esquadros

A letra é daqui.
Os berros (e alguma pontuação extra) são meus.

Só para que conste

O blog é a minha pele sensível.
Quem me conhece bem sabe que sou bruta como as casas.

Diplopia

E agora, passado este tempo, queria poder ver-me através dos teus olhos.
Saber as cores que perdi, as sombras que me cresceram, os contornos em que me transformei...
Sei que sou eu, na mesma, aqui debaixo...

Mas quando me olhas divido-me em duas.

E tenho inveja da outra...

sexta-feira, 25 de março de 2005

Verdade VII

(ou mentira?)

Aquela história do "nunca pensei sentir isto" é uma treta.
É uma grande treta.
Claro que se pensou.
Pensou-se muito, até.

Ou melhor: não se pensa noutra coisa...

...até cair dela abaixo.

E esta é só mais uma fase em que estou a deixar-me ir na corrente, como quem se senta numa cadeira e escorrega devagarinho...

Antes que isso aconteça vou puxar-me para trás, encostar-me na cadeira, e continuar a estudar...

Ondas

Nestes dias que correm, circulo dentro de mim própria à procura da força.
Sei que ela existe, já a vi noutras alturas, mas tem uma vontade própria que me exaspera, e só aparece quando quer.
Nem sei porque estranho: toda eu sou assim, vontades salgadas, donas delas mesmas, que avançam, com força ou devagarinho, para se estatelarem na areia da vida.

quarta-feira, 23 de março de 2005

Nem sei o que é pior...

Tenho estado ocupada.
Recuso saídas, filmes, cafés e um copo ao fim de semana, viagens à terrinha... tudo porque tenho estado ocupada...
Ando ocupada em perder tempo, em não cumprir as minhas obrigações.
Isto é grave por vários motivos.
Sei que devia estar a trabalhar mais.
Sei que quando vir os resultados me vou arrepender de todas as horas que perdi em viagens pela casa, ou pela net, ou por esse mundo fora dentro da minha cabeça.
Então é grave porque já conheço o futuro, sei que posso fazer alguma coisa para o mudar, e fico de braços cruzados....
E é gravíssimo porque, ao perder estas horas preciosas, estou a perder também aquelas que podia ter a mais para estar com quem interessa...

segunda-feira, 21 de março de 2005

Primavera rima com Poesia



Uma imagem e uma música pelo início da Primavera.

A minha estação preferida não é a Primavera, é o Verão.
Mas por esta altura parece que há uma quase magia no ar...
Automaticamente, sem qualquer explicação, fico mais bem disposta.
Tenho mais vontade de sair, de rir, de ver sítios novos, de dançar, de conhecer gente, de ouvir mais música, de dormir menos, de comer mais, de vestir cores alegres...
E ainda que o tempo o minta lá fora, cá dentro a Primavera começou mesmo.
A chuva e as nuvens são precisas para lavar o Inverno.
O resto virá a seu tempo...

Poesia rima com Primavera


"Ele era um menino
Valente e caprino
Um pequeno infante
Sadio e grimpante.
Anos tinha dez
E asinhas nos pés
Com chumbo e bodoque
Era plic e ploc.
O olhar verde-gaio
Parecia um raio
Para tangerina
Pião ou menina.
Seu corpo moreno
Vivia correndo
Pulava no escuro
Não importa que muro
E caía exato
Como cai um gato.
No diabolô
Que bom jogador
Bilboquê então
Era plim e plão.
Saltava de anjo
Melhor que marmanjo
E dava o mergulho
Sem fazer barulho.
No fundo do mar
Sabia encontrar
Estrelas, ouriços
E até deixa-dissos.
Às vezes nadava
Um mundo de água
E não era menino
Por nada mofino
Sendo que uma vez
Embolou com três.
Sua coleção
De achados do chão
Abundava em conchas
Botões, coisas tronchas
Seixos, caramujos
Marulhantes, cujos
Colocava ao ouvido
Com ar entendido
Rolhas, espoletas
E malacachetas
Cacos coloridos
E bolas de vidro
E dez pelo menos
Camisas-de-vênus.
Em gude de bilha
Era maravilha
E em bola de meia
Jogando de meia –
Direita ou de ponta
Passava da conta
De tanto driblar.
Amava era amar.
Amava sua ama
Nos jogos de cama
Amava as criadas
Varrendo as escadas
Amava as gurias
Da rua, vadias
Amava suas primas
Levadas e opimas
Amava suas tias
De peles macias
Amava as artistas
Das cine-revistas
Amava a mulher
A mais não poder.
Por isso fazia
Seu grão de poesia
E achava bonita
A palavra escrita.
Por isso sofria.
Da melancolia
De sonhar o poeta
Que quem sabe um dia
Poderia ser."


Vinicius de Moraes - O poeta aprendiz

Notinha: Se alguém souber como se divide o texto em colunas, dentro de um post, agradeço a dica!

Patologia #1

Descobri finalmente qual é a minha (ou uma das...):
Bloguerreia - Do inglês blogorrhea: Escrita compulsiva que resulta numa quantidade anormal de posts, normalmente irrelevantes e desnecessários.
(nunca imaginei que isto tivesse um nome!!!)

Suprimi a parte do "escrever por escrever"...
Não me enquadro perfeitamente no quadro clínico descrito, pelo que será possível, num futuro próximo, a criação de uma nova classificação na qual eu esteja melhor caracterizada.

Adenda: há sempre a possibilidade de ser um sintoma, ou um sinal, e não uma doença....

Nunca pensei dizer isto:

Ainda bem que está a chover desde ontem!
(e eu, que detesto chuva...)

"E agora diz-me: era isto que querias?"

Era.
Era exactamente isto que eu queria: comer-te por dentro, roer cada pedacinho teu até chegar lá, onde acabas, e depois voltar ao princípio.
De novo.
Outra vez.
Outra ainda...

domingo, 20 de março de 2005

Abriu a época...

Chegámos a meio de Março e o meu blog começa a receber mais visitas que o habitual.
A julgar pelo que aconteceu no ano passado (que bom que é ter mais de um ano, ainda que só uns dias, e poder falar como se soubesse muita coisa...), deve durar até Outubro, mais coisa menos coisa.
O Google, o Altavista, o Cadê: todos a enviar para aqui gente à procura de "lembranças para casamentos"!

Não é aqui, malta! Aqui só há as minhas lembranças dos casamentos a que fui, e nem são assim tantos porque os meus amigos só agoram começam a casar, e, ainda assim, muitos são aversos a semelhante festejo.
Posso, no entanto, deixar uma sugestão: se andam à procura daquelas lembrancinhas que os noivos costumam oferecer, ofereçam uma coisa gira e útil, em vez daqueles cacos que se atiram para um caixote e nunca mais se vêem.
Um ideia que eu acho boa é oferecer logo uma fotografia dos noivos com a pessoa. Não sei se compensa em termos económicos, mas é uma coisa que fica, e se não houver oportunidade de escolher mais fotografias sempre fica essa.
Claro que eu nem gosto de fotografia nem nada.... :)

Apetites #3

estou com vontade de revelar...

sábado, 19 de março de 2005

Coisas básicas

Pão com manteiga e leite com café.
Ao lanche.
Quase invariavelmente...

O meu papi é o melhor do mundo

(não sei se já tinha dito...)

Malandragem


Ópera do Malandro


E assim deixo aqui mais um bilhete que, numa outra dimensão de tempo e espaço, teria um orgulhoso lugar no meu placard.
Nem tenho bem como descrever este espectáculo...
Excelente música, excelentes actores, vozes impressionantes e presenças assombrosas em palco... e no fim uma boa disposição para durar muito tempo. (Acho que toda a gente saiu a dançar, dos mais novos aos mais velhos!)

Comecei a ouvir (boa) música brasileira há muito pouco tempo (menos de um ano, talvez!), mas cada vez mais me apercebo que é um mundo que não tem mais fim!

sexta-feira, 18 de março de 2005

Entre o verde e o castanho

Mas hoje o cheiro é outro: enche-me de medo porque ainda só estamos em Março.
E lá fora esteve todo o dia uma neblina que só vejo em dias de Agosto.
E esteve um cheiro a destruição, a fogo, que assusta tanto ou mais que a imagem que o Público divulgou, e que está por esses blogs fora, mostrando a diferença devastadora que vai do verde ao castanho...

De Verão

Hoje senti-o.
Aquele cheiro que só há ao fim de tarde/início de noite, em que os dias parecem esticar, e as cidades estão paradas, envoltas num clima de paz, de quase natureza por entre o cimento e o asfalto.
É um cheiro que não sei descrever, mas é o meu cheiro de Verão.
A Primavera ainda não chegou, e no ar já anda o cheiro de Verão.
E apesar das frentes frias esmagadoras que do nada se transformam em calor, da seca desesperante e incontrolável, lá fora a natureza continua a tentar o seu papel.



Os pessegueiros deram flor este ano, como deram nos outros todos...


E o frio, esse já não volta.

quinta-feira, 17 de março de 2005

sou só eu...

...ou o blogger anda impossível?

Estou cansada

Dou por mim a ver os dias que se sucedem uns a seguir aos outros e são todos iguais.
A mesma rotina de sempre: o despertador que toca à mesma hora, as refeições que faço quase sempre sozinha (ninguém me manda ter horários diferentes das pessoas normais), as notícias que leio, os blogs em que passeio, as músicas que ouço... e a cadeira que me espera, em frente às folhas formato B4.
Nem elas parecem diferentes umas das outras...
Ou então isto está tão mal que é sempre a mesma, e eu nem dou conta...

E esta?

"Homem morto pela GNR tentou atropelar dois guardas"

Que acham deste título, que estava no Público de ontem?

terça-feira, 15 de março de 2005

Lembranças #3

Quando inventávamos histórias, fazíamos intervalos em que cantávamos: músicas como esta, que aqui pus ontem...

domingo, 13 de março de 2005

Aviso

Este blog encontra-se a receber ventilação assistida, por causa do estado em que se encontra este blog....

(eu sei, estes chiliques são de uma tremenda falta de originalidade... mas este homem tira-me do sério!)

sábado, 12 de março de 2005

Por favor!

Digam-me que preciso de aumentar a graduação!
(ou diminuir, ou qualquer coisa...)

Ai, que saudades do arrogante...

Preciso de férias!!!

estou a ficar sem fotografias para postar...
(é uma boa desculpa, não é?)

sexta-feira, 11 de março de 2005

Há um ano



Assinala-se hoje o primeiro Dia Europeu contra o Terrorismo.
Bom mesmo era que fosse o primeiro de poucos... mas há monstros que parecem não ter fim.

Bom fim-de-semana!



"Tira a mão do queixo, não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou, ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas para dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
Chega aonde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém, não
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar"
A Gente Vai Continuar - Jorge Palma

(já há tanto tempo que não punha aqui nada dele....)

...nada mais importa...

...mas depois as oportunidades surgem e não há tempo, nem idade, nem experiência, nem condicionantes de natureza alguma, só o que adquirimos no momento, por instinto...



...há só a luz ali à nossa frente, como o cenário perfeito para a fotografia...
...o fechar do diafragma no momento certo, à velocidade certa...

...há só o outro, fora de nós mesmos, e no fundo...

...no fundo está a realidade como um espelho gasto, baça, desprovida de brilho...

O truque é abstrairmo-nos dela.

Volta para trás....

Discutíamos o futuro como se fosse um presente, e era tão clara e tão diferente a forma como o víamos...
Quando me disseste que nada ia mudar eu soube que acreditavas nisso.
Eu é que já não.
Aí está a diferença do tempo, há uns anos talvez fosse diferente...

Preferia tê-los a menos e não saber nada do que sei hoje.
Talvez assim ainda acreditasse...

quarta-feira, 9 de março de 2005

E eu teria que lhes dar razão!

Muitas das pessoas que convivem comigo, se soubessem desta minha fraqueza, iam acabar por me perguntar:

"Não achas que perdes demasiado tempo
com isso dos blogs?"


...a barra com o título voltará ao normal em breve... (espero!)

terça-feira, 8 de março de 2005

Música, maestro!

Entretanto consegui, depois de algum esforço, descobrir como se dá música ao pessoal, por isso aqui fica esta, aqui ao lado, que faz parte da banda sonora do filme Mar Adentro (eu queria mesmo era deixar o poema, recitado pelo Javier Bardem, mas ainda não consegui encontrar online). Descobri também que o difícil não é pôr uma música, mas sim escolhê-la (e depois encontrá-la...)
Fica assim a música, como uma espécie de celebração.

segunda-feira, 7 de março de 2005

Um

E assim completo um ano de Lembranças.

"Lembras-me uma marcha de lisboa
Num desfile singular,
Quem disse
Que há horas e momentos p'ra se amar

Lembras-me uma enchente de maré
Com uma calma matinal
Quem foi
quem disse
Que o mar dos olhos também sabe a sal

As memórias são
Como livros escondidos no pó
As lembranças são
Os sorrisos que queremos rever, devagar

Queria viver tudo numa noite
sem perder a procurar
O tempo, ou o espaço
Que é indiferente p'ra poder sonhar

As memórias são
Como livros escondidos no pó
As lembranças são
Os sorrisos que queremos rever, devagar

Quem foi que provocou vontades
e atiçou as tempestades
e amarrou o barco ao cais
Quem foi, que matou o desejo
E arrancou o lábio ao beijo
E amainou os vendavais

As memórias são
Como livros escondidos no pó
As lembranças são
Os sorrisos que queremos rever, devagar,
devagar"
Memórias de um beijo - Luís Represas (Trovante)


É bom escrever aqui e é bom saber que alguém lê.
Este blog é como um mapa, talvez lendo-o consigam chegar mais perto...

domingo, 6 de março de 2005

Em estado sólido

Desde que me lembro de gostar, de querer estar perto, de ter medo de perder, que me lembro também de precisar de provas físicas, que me demonstrassem que os sentimentos eram reais, e não apenas fruto da minha imaginação.
Uma pequena lanterna num porta-chaves que acendia em segredo debaixo dos lençóis, uma cassete gravada por alguém especial, as cartas que me escreviam, as centenas de fotografias que tiro (das quais acabo por nem aproveitar metade)...
Em tudo eu procuro congelar o momento para não o perder, para ter a certeza de que realmente existiu...

Ao ler este post do Alexandre revi-me inteiramente no conceito de Serviço de Memórias Simples...

Sou uma verdadeira coleccionadora de momentos em estado sólido.

Adenda: e sim, sempre que volto a ler as mensagens, ou olho para as fotografias, ou leio o que ficou escrito, tenho a certeza de que fui, e sou, amada...

sábado, 5 de março de 2005

Passar das horas

Está frio.
No mundo lá fora percebo um mar que navega devagarinho, brilhando aqui e ali ao som da lua.
Devagarinho perco-me também eu nas estrelas, e no céu, e juntos formamos a noite.
Queria ter sono, e não confundir as horas com a tua ausência...

Porque é que o escuro dos meus olhos fechados é a tua cara?

Cenários

Fechei os olhos ao mundo.
À minha volta havia uma atmosfera quente, condicionada, uma quase névoa de tabaco e gente.
Dei-me conta de que a realidade não passava de uma montagem, e a mim... a mim bastava-me sorrir para a fotografia.

sexta-feira, 4 de março de 2005

alguém viu?



deixem, deve ser do estudo...
ou então não...

quinta-feira, 3 de março de 2005

E porque a vida são dois dias...

...e o Carnaval já passou, aqui fica uma música, para desanuviar.

"Mesmo com toda a fama
Com toda a brahma
Com toda a cama
Com toda a lama
A gente vai levando
A gente vai levando
A gente vai levando
A gente vai levando essa chama

Mesmo com todo o emblema
Todo o problema
Todo o sistema
Toda Ipanema
A gente vai levando
A gente vai levando
A gente vai levando
A gente vai levando essa gema

Mesmo com o nada feito
Com a sala escura
Com um nó no peito
Com a cara dura
Não tem mais jeito
A gente não tem cura


Mesmo com o todavia
Com todo dia
Com todo ia
Todo não ia
A gente vai levando
A gente vai levando
A gente vai levando
A gente vai levando essa guia"
Vai levando - Chico Buarque
(daqui, com destaque meu)

E o juízo, se eu o ganhasse?

Se eu perder a fé, o problema é meu.

(a partir de determinadas horas o blogger devia fechar e não permitir que pessoas como eu escrevessem...)

E neve, não?

Desculpem lá... mas é tanto frio, tanto frio... e aqui só chove?!

Nem tudo é mau

Posso perder a fé, mas graças à minha falta de cuidado não serei impedida de comungar.

E se eu perder a fé na Amizade?

Concebi uma Amizade que não existe.
Esqueci-me de tomar a pílula, não me previni de nenhuma forma, lancei-me de cabeça e apanhei esta doença que se transforma aos poucos em falta de fé.

quarta-feira, 2 de março de 2005

Verdade VI

O que é pena, no meio de tudo, é ter-se perdido.
Porque é verdade que é irrepetível.

Caramba, e isso custa.....

terça-feira, 1 de março de 2005

Porquê?

A pressa em deitar-me, se o sono não vem?
As horas têm um peso poderosíssimo na minha consciência...

Mas nunca acordo mais cedo, só me deito mais tarde.

Como acaba o que nunca começou?

Acontece com alguma frequência, começo finalmente a perceber.
Quando menos espero, investes contra o meu sono, roubas-me o descanso dos sonhos, fazes-me andar alheada durante o dia.
O erro foi nomear-te.
Nunca o podia ter feito porque não sei quem és.

Era uma festa.
Não sei porque digo que era uma festa, porque vagueava, perdida, até ser noite.
E nessa altura todos descansavam em camas brancas de ferro, alinhadas lado a lado.
Em filas intermináveis havia corpos atirados, desfasados, ausentes.
Vislumbrei-te numa dessas camas.
Ao teu lado dormia alguém com o braço pousado casualmente sobre ti.
Olhavas-me fixamente.
O teu olhar gritava liberdade, mas não mexias um músculo.



E ficávamos assim, olhando-nos indefinidamente...
O tempo a perder contornos cinzentos, o espaço moldado ao horizonte longínquo, até sermos só nós, olhando-nos fixamente nos olhos, procurando-nos... sem nunca nos encontrarmos...

Nunca lhe disseram

Mariana ganhou asas, e a partir desse dia a Avó começou a desligar-se do mundo.
Só respondia quando lhe apetecia, dormia mais de dia, e queixava-se mais à noite, não tinha vontade de comer, mas roubava doces às escondidas.
Parecia alheada, e no entanto comentava os acontecimentos e as conversas à sua volta com uma sagacidade invejável.
Nunca lhe disseram que a neta doce, a que mais conversava com ela, já tinha voado.
E quando lhe perguntaram, certo dia, o que se estava a passar, ela respondeu:
"Eu não sei o que tenho, mas vocês sabem. Vocês é que têm que me dizer."