sábado, 31 de maio de 2008

Infelizmente nem sempre o que é bom para nós é bom para os outros.

Talvez pelos mesmos motivos me ache, às vezes, comodista, pouco apreciadora de novidades.
Costuma dizer-se que em equipa vencedora não se mexe....

E eu tenho, sem dúvida alguma, dificuldade em lidar com alterações*.

*alteração | s. f.
derivação fem. sing. de alterar

do Lat. alteratione

acto ou efeito de alterar;
mudança;
modificação;
corrupção;
degeneração;
decomposição;
motim;
alvoroço.

Reconhecimento*

Há pequenos gestos, expressões, brincadeiras, olhares, que aprendi a amar nas minhas pessoas.
É possível amar mais alguém graças a essas mesmas coisas?...
Quando, passado tempo, algum, às vezes muito, me deparo com detalhes que se mantêm inalterados, maravilho-me: inunda-me uma ternura, um amor imenso....

E acho que sim, isso distingue as minhas pessoas das outras, essas capacidade de me inspirar coisas boas, sãs, perenes.

*reconhecimento s. m.
derivação masc. sing. de reconhecer

acto ou efeito de reconhecer;
sentimento de gratidão;
exame;
averiguação;
inspecção;
ratificação;
gratidão;
recompensa;

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Não choveu hoje, aqui.

Abandonei finalmente o livro que folheei sem ler durante grande parte do meu tempo "livre" para vir escrever este post. Fiquei de contar uma história amanhã, mas esqueci-me que é dia de ir à fábrica, por isso talvez não haja tempo. Se houver terei que usar alguma imaginação.

Ora usar a imaginação é uma grande maçada. Nem sei bem se ela não tem ferrugem, se os rolamentos deslizam bem uns sobre os outros, se não vai desatar numa chiadeira infernal e acabar por estragar a linda história que talvez tenha que contar amanhã.

Será que deixo a minha vida entregue aos talvez, a escorregar, como se nada fosse decisão minha, e tudo me acontecesse? Talvez não seja bem assim. Tenho tomado várias decisões. A maior parte delas é bastante estúpida.

Fico contente por ter pousado o livro para vir escrever este post.
Tinha pensado num poema, mas nenhum me encheu as medidas.
(Não estarei suficientemente triste? Não estarei apaixonada? Não estarei sensível?)
E tinha duas músicas que podia deixar aqui, mas não acho as letras consistentes o suficiente com o que me vai da alma até à ponta dos dedos.

Talvez a minha alma não esteja ligada aos olhos, não consegui ler quase nada.

Em todo o caso.... escrevi um post...

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Respirar fundo...

...dez, vinte, cinquenta e quatro vezes, e as que mais forem precisas.

Porque há coisas que são, mais que precisas ou necessárias, essenciais para eu poder respirar.

Não sei o que dizer

E acontece-me tanto, não saber o que dizer, engolir as palavras a seco, senti-las escorregar lentamente garganta abaixo e ser, ainda assim, capaz de evitar um ataque de tosse...

No vazio dos momentos sós tenho acessos perfeitos de verborreia silenciosa, de monólogos em que discorro abundantemente sobre o que sinto, penso, quero, evito...
Mas ao abrir a boca os sons enrolam-se devagar, formam uma enorme massa de vazio que ecoa contra a língua e os dentes, e nem o ar da respiração é expirável com naturalidade.

O lugar das palavras ocupa-se de silêncio.
O silêncio ocupa-se da distância que vai de mim aos outros.

terça-feira, 20 de maio de 2008

ouvido de passagem #10

"we are each others' keepers"

se é assim, porque não levamos a nossa tarefa a sério?

Disse-lhe, e nesse momento vieram-me as lágrimas aos olhos, que tenho vindo a perceber que a felicidade de alguém é sempre, inevitavelmente, dependente da infelicidade de outra pessoa. E ela assentiu. Não sabe o que é a vida, para que é a vida, quem responde às perguntas que nos esmagam o peito. Ela é mais velha, viveu mais, e não sabe. Eu também não sei. Mas vou sabendo estas pequenas coisas, como o facto de a felicidade de uns ser a infelicidade de outros.

E para que me serve saber isso?...

1:80?

E o tempo foi passando, diluindo o que quer que houvesse para dizer.
Era importante? Seria...

Nos dias que se sucederam sucederam-se turbilhões de sentimentos, de palavras, de imagens, numa mistura inqualificável de tudo o que há de melhor e de pior em nós.

E agora que se abrem as portas à minha frente temo o vazio que me espera do outro lado do patamar, hesito, não quero dar o passo que me levará por outros caminhos.

Podia dizer que tenho medo. Que esse medo aumenta a cada porta que se fecha. Que mesmo aumentando diminui, porque vou percebendo que não há muito mais a esperar. E não quero perceber que não há mais a esperar. Prefiro ter medo?...

Não me importo?

Não me importo de responder e não me importo se chego atrasada porque acho que ainda venho a tempo, não me importo se me parece pouco importante o que não me importa, não me importo se sou feliz ou infeliz desde que me importe com quem me importa, não me importo de não saber para onde vou porque apenas me importa saber com quem vou, não me importo se sou infantil porque me importa continuar a rir.....

E importo-me com o facto de quebrar aqui a corrente em que o cbs tão gentilmente me incluiu, mas não há a quem passar o desafio...

terça-feira, 6 de maio de 2008

Dá um mergulho

"O vento não é novo, aqui.
Viaja depressa sobre o mar, mas esquece-se do sal, da água, do sol que tenta aquecê-lo.
De cada vez que entro, que sinto a água fria, que me obrigo a mergulhar, é como se regressasse à segurança de uma casa familiar, de um abraço de braços muito abertos à minha espera, fechados depois com firmeza e calor sobre o meu corpo.
Pertenço aqui, onde estou protegida de tudo o que me faz mal lá fora, onde o vento sopra frio."
01.05.2008

E ainda assim, há que continuar à procura

"Passo a passo, os pés escorregando sob o peso do corpo para dentro da areia, a pele sentindo a aspereza molhada do chão da praia.
Lembras-te? Estivemos aqui, já.
De cada vez que as ondas se abatem sobre as rochas lembro-me do teu riso, a água salgada sabe-me a beijos roubados, alegres, cúmplices, e o mar enrola-me nas recordações da tua presença firme, segura.

O tempo foi passando.
Fazendo as contas percebo que passou demais.
Horas, dias, meses que se juntaram para nos separar (e é tão fácil responsabilizar o tempo para me desculpar).
Sim, passou tempo a mais.
Por entre as entranhas dos momentos devolvo-me aos ses, às suposições, às dúvidas que alimento na certeza de que não voltará a haver alguém.
Não como tu."
30.04.2008