segunda-feira, 31 de janeiro de 2005

às vezes

apago as baboseiras que escrevo

luxos de inverno

estudar ao som da lareira

MMM

"Se chegar à curva antes do carro, Manech está vivo..."
"Se o combóio entrar num túnel ou aparecer o revisor, Manech está vivo..."




Será que alguém nunca usou estes "Ses"?
Será que alguém nunca sentiu o coração de quem ama bater em código morse?

Uma história de esperança, de uma enorme força interior.
Uma história que, no meio da guerra, transmite paz, ternura, amor....

Foto

sexta-feira, 28 de janeiro de 2005

As mãos mais bonitas do mundo

Aquelas portas grandes de madeira velha rangiam sempre que as empurrávamos.
Havia uma campaínha, mas nunca a usávamos.
Trepávamos pelas entranhas na cancela e escorregávamos a mão por baixo de um plástico que tapava a abertura.
A chave, ferrugenta e pesada, estava lá.
E saltávamos as escadas irregulares, uma a uma, para chegarmos a casa.
Aquela era a casa de todos, onde encontrávamos sempre um sorriso, um ralhete, uma malga de leite com cevada e torradas no forno a lenha, uma gemada com ovos que íamos buscar ao galinheiro no fundo do quintal...

E depois do lanche sentávamo-nos à tua beira.
Enquanto remendavas os coturnos, contavas as mesmas histórias de sempre.
Nós já sabíamos a que queríamos ouvir, e pedíamos: "a do lobo, conta a do lobo".
E tu cedias, sempre: "Era uma vez uma velha, muito velha..."
E nas partes emocionantes a tua voz transformava-se em vento seco, que nos provocava arrepios, e descrevias tudo tão perfeitamente que ouvíamos a velha a dizer "corre, corre cabacinha, corre, corre cabação...", falando com a cabaça que a levaria ao casamento da filha, e que a protegeria do lobo...

Ao fim da tarde as janelas davam para a rua e tinham um brilho especial, porque havia movimento lá fora.
As pessoas voltavam dos empregos, as crianças traziam quilos de livros nas mochilas cheias de brincadeiras e saber, os carros paravam junto à florista, ou junto ao talho...
E tu debruçavas-te, à espera.
Mesmo no Inverno, ficavas à espreita, à espera que chegasse alguém...
E havia sempre alguém a chegar, um prato que se punha a mais na mesa, a sopa como só tu sabias fazer: espessa, forte, de sabor volumoso e quente.

Tenho saudades da tua sopa.
Agora somos nós que te damos a nossa, com paciência, como também já fizeste...
Tento não pensar no tempo, o futuro traz-me lágrimas aos olhos...
E aperto com mais força as tuas mãos que, apesar de anos e anos de trabalho, continuam bonitas...
Pergunto-te quem sou e tu sorris, envergonhada, porque a memória te prega partidas.
Digo-te: "Chamo-me como tu!"
E tu sorris de novo e dizes o nosso nome...

quarta-feira, 26 de janeiro de 2005

Ele há coisas....

-Tens andado estranha... Passas a vida a escrever no teu livrinho, tiras centenas de fotografias... Estás apaixonada?
-Não. Tenho um blog.

(e dito assim, para quem não o conhecer, parece até que é uma grande coisa!)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2005

Ouvido de passagem*... #3

-I'm going to tell her how I feel.
-And how do you feel?
-I feel found...

Este sentir-se encontrado, querer que nos descubram devagarinho, entrando nos pormenores com calma, buscando o que de melhor encerramos, aceitando o que de mal vem junto...

Isto tem um nome, não tem?...

*no filme Uma Casa na Bruma

sábado, 22 de janeiro de 2005

Alargando horizontes


War - Paula Rego, 2002
("roubado" no Museu de Serralves)


Confesso que os meus conhecimentos sobre esta senhora estavam confinados ao seu nome.
Não é que agora sejam muito mais vastos, mas as imagens que vi hoje marcaram-me, definitivamente.
Não posso dizer que sejam agradáveis, porque a maioria delas não é.
São imagens fortes, violentas...
Alguns quadros quase gritam...

Aconselho: em Serralves, até... amanhã!!!

Sábado de Sol



Adoro esta cidade!!!!
(ai, já tinha dito?...)

Assim se repete a história da minha vida...

"Sinto-me quieta, e quieta
Nesta paz fujo de mim
Mesma para alcançar o
Que procuro em ti.
Entre todas as ondas que
Passaram, e por
Entre todas as estrelas
Que caíram, chamei-te
Onde moras à noite no Sol...
E encontrei-te de dia, no mar,
Perdido de sal e areia com
O tempo que entre nós perdemos.

Juntos fugimos de nós.

A lua sorri lá do alto, trocista.

Achei-me por momentos.
Talvez perdida em ti...

Onde estás?"
AS; 15AGO1998

Não há fome que não traga fartura

Ou: Tudo o que é demais é erro...

apetece-me postar tudo o que me passa na cabeça...

Hortera!!!

É verdade que a rotina nos passa ao lado.
O que faz parte do dia-a-dia em pequenos gestos, nos sorrisos que já se conhecem, nas expressões que se esperam para determinada situação, um olhar que se decifra às vezes, sem palavras...
Tudo isso faz de nós aquilo que somos.
Porque às vezes, pelo tanto que já és de mim, acabo por me perder...
Ligo-me às novidades, às diferenças, a minha cabeça parece um balão, é só ar, anda lá em cima....

E depois olho, e vejo-te.
E nunca te digo o que significas para mim.
O quanto me dói ver-te triste.
Como te admiro.
Como me sinto maior por te ter visto crescer...

quinta-feira, 20 de janeiro de 2005

Voltei à fase draft...

este também o foi, antes de ser despromovido a post...

quarta-feira, 19 de janeiro de 2005

Eugénio de Andrade

"É urgente o Amor,
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros,
e a luz impura até doer.
É urgente o amor,
É urgente permanecer."
Urgentemente - Eugénio de Andrade

Este poema é lindíssimo, e, porque me traz boas recordações, escolhi-o para assinalar o aniversário do Poeta.
Lembro-me dele cantado, num teatro cheio, num dia especial...

terça-feira, 18 de janeiro de 2005

Outra Cidade...



...e assim, vista de fugida, num repente, vazia das pessoas, não me pareceu a mesma...

domingo, 16 de janeiro de 2005

E não te esqueças...


portas sempre abertas:
há-de entrar o sol,
e o que mais te aquecer a alma...

sexta-feira, 14 de janeiro de 2005

Sumo de laranja

Sem que me desse conta as horas desceram sobre os minutos, e sobre elas caiu a noite, e nasceu um dia...

O tempo gira como numa roda gigante, trazendo-nos de vez em quando um lugar vazio, uma cadeira com vista melhor, o fim de uma viagem... o início de outra.
Sem opções pensadas, sem atitudes predefenidas, sem previsões imaginárias.
É importante entrar e apanhar o que nos traz o vento do momento, espremer o tempo como uma laranja doce, beber o sumo de uma vez só... sem medos, sem contemplações...

E depois...

...tenho esta ilusão, transitória, de que basta querer...

A realidade ganha uma nova forma de acordo com a leitura que faz o lado esquerdo...

Existe sexto sentido?
Às vezes tenho a certeza que existe, e que é mais lúcido que os outros cinco.

Mas passo a borracha, apago as ilusões, as vontades, para que o dia-a-dia se vá passando normalmente... para levar a vida real, nua, dura...

Resposta...

...à pergunta que não era para mim...

Se tu quisesses...

E juntos podíamos fazer um caminho diferente, talvez...
E ensinaríamos e aprenderíamos tudo, desde o princípio, como se o antes não tivesse existido....

Sim, eu queria...

Rima

Vem, vem Aguarelinha
Colorir minha terrinha!

quinta-feira, 13 de janeiro de 2005

Areia no sapato

Ao acordar tu tinhas estado cá.
No ar ainda a sombra dos teus passos...
Com os meus dedos ainda podia tocar o teu cheiro...

Mas não.
Nunca mais.

Sentada na mesma mesa que tu descobri que a tua presença distante já não me magoa.
Incomodou-me, por toda a situação envolvente...
Foi só.

Um dia nem isso, e talvez nesse momento possamos retomar a nossa amizade.
Espero sinceramente que sim...

quarta-feira, 12 de janeiro de 2005

E porque gosto tanto do lado esquerdo...

"O meu lado esquerdo
é mais forte do que o outro
é o lado da intuição
É o lado onde mora o coração

O meu lado esquerdo
Oriente do meu instinto
É o lado que me guia no escuro
É o lado com que eu choro e com que eu sinto

Meu é o meu foi o meu lado esquerdo
Que me levou até ti
Quando eu já pensava
Que não existias para mim no mundo

O meu lado esquerdo não sabe o que é a razão
É ele que me faz sonhar
É ele que tantas vezes diz não

Meu é o meu foi o meu lado esquerdo
Que me levou até ti
Quando eu já pensava
Que não existias para mim no mundo"
Clã - Lado Esquerdo

"Sentir é estar distraído"*

"Não te mates a pensar nisso... Se não te lembras das coisas a explicação é simples: não estavas a prestar atenção!"

Então é isso, e eu tenho uma falta de atenção grave, que se está a tornar crónica...
(Volta cabecinha!!!)

*O Guardador de Rebanhos - Alberto Caeiro

Porque já há muito tempo que não me dava para isto...

(deve ser por ter que estudar...)

snake.
You are the snake.


Saint Exupery's 'The Little Prince' Quiz.
brought to you by Quizilla

E esta, hein?

terça-feira, 11 de janeiro de 2005

Já não me lembrava

As conversas mais interessantes, os encontros mais esperados, a melhor companhia, os melhores programas de televisão, os jogos mais divertidos...

Sempre que é preciso estudar...

segunda-feira, 10 de janeiro de 2005

Transparências

Tudo aquilo que pensaste para eu não saber, eu senti.
Tudo aquilo que escreveste para eu não ver, eu li.

Se abrisses os olhos ias poder ouvir aquilo que te digo.

domingo, 9 de janeiro de 2005

Pedaço de Muro que fala por si #3

Ser..


Fragmento de mural por Ângela Toledo - Morro de S. Paulo

sábado, 8 de janeiro de 2005

Parece domingo

Voltar numa quinta-feira transformou a sexta em domingo.
Hoje, por ter a hipótese de ficar, custou-me ainda mais vir.
Nada parou e não tinha que parar, apenas fica a ilusão de que, ao voltar, as coisas estariam como sempre foram, intocadas, como uma casa que não é usada ou que é excessivamente preservada, sem pó, sem roupa espalhada no quarto, sem revistas abertas na mesa da sala, e sem um rádio ou uma televisão ligados no vazio.
Não é assim.
Os carros passam ainda nas ruas, há pessoas na Praça, à noite, e à quinta há ladies night.
Sai-se, estuda-se, vai-se ao cimena e a casa dos amigos.
Tudo continua em movimento, e por isso, ainda que igual, diferente.
Eu sou a peça que já não cabe no puzzle.
Aos poucos tudo vai sendo mais fácil.

Ou mais indiferente...

quarta-feira, 5 de janeiro de 2005

Momentos #1

À noite a cama estava quente, e os lençóis de flanela passados a ferro nessa tarde, estavam esticados, e cheiravam a casa no momento em que enterrava o nariz na almofada.
Sim, e a almofada era a de hoje: puída, moída, quase vazia, num andar térreo.
A que já tem a forma dos meus sonhos: a minha almofada.
Nessa altura entregava-me sem reservas ao torpor lento que me invadia, sem chegar a ser sono...
A consciência do tempo e do mundo submergia devagar, passava a uma outra realidade sem espaço ali, e pé ante pé ia ao teu encontro, e tu descobrias-me também.
Sem pressas, sem esforço, sem mapas...

Quem lê para ter sono?

Naqueles dias abria os livros com fome.
As frases saltavam à frente dos olhos fazendo parecer desfocadas as letras, como se só o conjunto fosse válido, nunca o indivíduo.

Nham, nham!

Quinze quilos de folhas.
Cinco meses para as devorar.

(cadê as famosas rennie e os kompensan? e no fim, safa-me o guronsan???)

terça-feira, 4 de janeiro de 2005

Dificuldade de comunicação


A distância não tinha que se materializar, só por ser física...

Prémio de Consolação

"Nunca conheci ninguém como tu"

segunda-feira, 3 de janeiro de 2005

"Just Believe"



-She's in Neverland now, Peter, you can visit her there anytime you like.
-How?
-By believing. Just believe.

Nota: Imagem daqui.