sexta-feira, 31 de dezembro de 2004

Fechado para balanço

Tenho o hábito de aproveitar os últimos dias do ano para uma espécie de balanço mental.
Normalmente deixo algumas notas no meu caderninho, e este ano farei o mesmo, mas não podia deixar de vir aqui...

Com tudo o que se tem passado não tem dado sequer para parar, para fazer uma análise, mas acho que isso até é bom.
Há coisas que não têm que ser pensadas, e este ano é uma delas.
Tenho a certeza que fiz a pior escolha de sempre, mas foi uma escolha, qualquer outra podia ter acabado da mesma forma, por isso não vale a pena bater no ceguinho...

O caos que se instalou teve repercussões a todos os níveis...

A conclusão a que chego é a seguinte:
Foi o pior ano de toda a minha vida.

O lado positivo:
O próximo só pode melhorar...

BOM ANO para todos!!! :)

C

Sabes que ando por aqui mas nunca me visitaste.
Ainda não percebi bem se é porque não é a tua onda, ou se tens medo do que vais encontrar...
No fundo isso também não importa.

Podia hoje voltar às nostalgias do "Há um ano..."
Não o vou fazer.
Vamos pensar que este ano foi uma passagem, uma adaptação...
Talvez neste momento as coisas se passem noutra dimensão, mas apesar de tudo o que se passou, da distância, dos "pozinhos de perlim-pim-pim" que já não brilham da mesma forma, há qualquer coisa que não muda, porque as coisas que vivemos e sentimos nunca vão desaparecer, e o que projectam no futuro não tem como ser destruído...

E, no fundo, o que me importa é que estejas feliz.
Neste dia mais do que nunca...
Só isso...

quinta-feira, 30 de dezembro de 2004

Natal dos Hospitais?

A. tinha sessenta e poucos anos e falava pouco.
Passava os dias sentada num cadeirão, junto à janela, enquanto uma doença má lhe comia as entranhas, e os médicos tentavam que tudo se equilibrasse para que pudesse acabar o tempo por casa, em paz, junto da família.
A custo, dia 24 de Dezembro foi-lhe dada alta.
Seria o seu último Natal.
A família veio vê-la, como fazia todos os dias desde que estava internada.
Veio vê-la e foi embora sem a levar.
A. não voltou a falar.
Três dias depois, sozinha, saiu da cama deixando o corpo e as tristezas para trás.

Sim, este é o Natal dos Hospitais para alguns...

quarta-feira, 29 de dezembro de 2004

Fim do dia

Cheguei tarde, eu sei.
O dia foi incrivelmente longo, sem mãos a medir, e o corpo não tem posição de alívio.
Subo depressa as escadas, atiro a roupa suja das desgraças para o cesto e abro a torneira. Aos poucos sobe um vapor branco, suave, que penetra nos poros e abre na cabeça uma frincha de descanso. Mergulho na água quente. De costas deixo a espuma lavar tudo, devagar esfrego os desesperos, a falta de paciência para as pequenas coisas sem importância, e começo a sentir-me levitar.
Quando saio o corpo está lavado e vermelho, os músculos relaxaram de calor, e da pele liberta-se mais do nevoeiro que me tolda os olhos.
Seco-me de lágrimas.
O pijama canta músicas de Natal, nas meias sorri-me um boneco de neve.
Levanto o lençol.
Não me abraças com força, mas a simples presença do teu peito onde pouso a cabeça, e do peso do teu braço sobre mim traz-me paz, o sono reparador e acompanhado da tua presença, da tua existência, de ti.

Lembranças #2

Loiro e de olhos azuis, chamava-se Tó.
Estava numa colónia de férias, era animador, e tocava viola mesmo muito bem.
Cantava ainda melhor, ou pelo menos eu achava...
Já não me lembro que idade tinha, mas, e usando uma expressão familiar, ainda dava cadeia, e da pesada.
Ele devia ter mais cinco ou seis anos que eu.
Já passaram mais de quinze anos, seguramente.
No último dia, puxou-me para dançar: Rod Stewart, Every Beat Of My Heart.
(dispenso comentários...)

As coisas que a memória guarda...

domingo, 26 de dezembro de 2004

Pensei que hoje, por ser Natal...

Todas as noites, quando chego, olho o céu.
No meio de todas as luzinhas brancas hás-de estar tu, mas ainda não te vi...
Diz-se que quando uma estrela morre, podemos ver a sua luz brilhar durante muito tempo.
Então, quando uma nova nasce, deve também demorar até a sua luz nos iluminar...

Foi há um mês.
Sentimos a tua falta...

quinta-feira, 23 de dezembro de 2004

Lógica?

Paixão está para Coração
assim como
Obsessão está para Razão

terça-feira, 21 de dezembro de 2004

Lembranças #1

Sabes? Foi à despedida, quando demos um abraço, que entraste...
Foi quando senti concretizar-se a tua existência, no meio dos meus braços.

Curioso ter sido à saída...

Que ando a fazer???

Por aqui a tentar racionalizar o que não tem razão de ser...

Paz


Final da tarde

A L. escreveu-nos um texto.
Andou a adiar, porque de todos nós é a ela que lhe custa mais, acho que vai sobrevivendo melhor porque está longe.

As palavras eram bonitas, ela falava de como devemos libertar-nos, deitar abaixo os nossos muros para podermos estar bem connosco e com os outros...
De como temos que ir para a frente sem medos e sem expectativas....
De como tudo isto teria que servir para alguma coisa, porque nos deixaste, no fundo, uma mensagem nas entrelinhas....
Uma mensagem de amor, de entrega, de afecto em cada gesto, como se tu estivesses em cada abraço, em cada beijo...

Hoje soube que está apaixonada...
Sei que isso lhe vai dar forças: se havia altura certa era esta...
(e eu sei que não há...)

Sonhei contigo e com a L.
Íamos buscá-la, como combinado, e afinal vieram as duas de carro.
Estavam felizes, radiantes...
Lindas...
E eu olhava para ti e sentia algo estranho, porque sabia que não podia estar a ver-te, mas ao mesmo tempo estavas mesmo presente...
E estavas bem...

Quando acordei fiquei triste, nem preciso de explicar porquê.
Estas visões em sonhos só marcam mais a dor da realidade...

E eu, que nunca escrevia drafts....

Ultimamente penso que tenho vontade de escrever.
Venho aqui, abro a janelinha.
Tenho coisas para dizer e não digo.
No meu "arquivo" de posts tenho cada vez mais drafts, que nem se podem chamar rascunhos: são palavras soltas, ideias atiradas para eu saber mais tarde do que queria falar...
Palavras que mais cedo ou mais tarde apago, porque se perdeu o momento.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2004

Como tu...

Doce
Consistente
Reconfortante
Irresistível


PS - Vou esperar por ti para experimentar a receita...

terça-feira, 14 de dezembro de 2004

Talvez não...

Para quem ultimamente tem dificuldade em encontrar as palavras, que dantes moravam fáceis na ponta dos dedos, deixo uma música e deixo uma imagem.
Se calhar algo antagónicas.
Ou talvez não...

"When past sometimes takes you with soft hands
Forceless it pulls you to your chair
Hides you away from these half days
Sunless, at the end of the year

The air is like a knife cutting through you
A room in the house is always warm
Stretched down on the bathroom floor thinking
Of fair days your future may hold

Love comes like surprise ice on the water
Love comes like surprise ice at dawn
Love comes at dawn

Deprived all the light of colours
The world ends at your window tree
Darkness creates these illusions
That pale days can teach you to see

Rain falls but no life is given
Weeks pass, no progress is made
Past sometimes takes you with soft hands
And all that surrounds you will fade"
Kings Of Convenience - Surprise Ice

Pedaço de Muro que fala por si #2


Parte de Mural por Ângela Toledo - Morro de S. Paulo

segunda-feira, 13 de dezembro de 2004

2ª feira

O dia dos novos (re)começos.

(e por isso o ano só vai começar dia 3)

domingo, 12 de dezembro de 2004

"Só quero fechar os olhos"

Já não consigo sentir como se tivesse acontecido.
É um sonho mau.
Quando acordar vou ter uma mensagem tua a perguntar como vão as coisas.

Uma vez disseste que sentias que eu era diferente.
De alguma forma sei que te entenderia, melhor do que podias imaginar.
Se tivesse havido tempo nada seria diferente, eu sei...
E no entanto............

Estranhamente parece que os primeiros dias foram mais fáceis.
Vi-te.
Estive ao teu lado mesmo quando já não eras tu ali...
Pelo que escolhi para a minha vida tive mais facilidade nisso....
Se é que se pode chamar facilidade...
E ainda assim, naquele dia, o mar parecia ter nascido nos meus olhos.
E não, era por ti que tudo acontecia...
Ajudei, e ajudou-me a estar mais perto, não sei dizer porquê...
Foram as sapatilhas que tu mais gostavas, as calças, o cachecol que te dei no Natal... As coisas com que brincávamos...
Era como se ainda estivesse a tomar conta de ti, como se de alguma forma te pudesse ainda proteger, mas não...

Não consigo deixar de pensar que podia ter sido diferente....
Porque tem que ser assim?
Sei que não há respostas, e talvez essa seja a dor maior.
E racionalmente sinto uma certa paz interior, sei que estás bem agora.

As tuas palavras queimaram-me o bolso das calças o dia todo.
Precisei de as ler várias vezes, mas deram-me paz.
Estranhamente deram-me paz...

De onde estás, olha por nós.
Estás agora onde pertences, e como estrela, e luz, e anjo no céu....
Olha por nós.
Nunca precisámos tanto...

sábado, 11 de dezembro de 2004

tempo

mais anestesia

domingo, 5 de dezembro de 2004

Verdade V

Nunca senti tanto a tua falta como nesta semana que passou.

Elos -1

Os laços apertam-se mais quando falta um nó.
Juntos, tentam compensar a falta que faz aquele pedaço de corda...
Não dá.
Sei que o tempo vai tratar do resto, e por isso peço todos os dias que passe rápido.

Depois pergunto: para quê?
A indiferença em que me afundava aprofundou-se mais.
E ao longe é só este nevoeiro, esta temperatura nem quente nem fria, esta apatia muda, cega e surda.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2004

Aviso à navegação #2

Os comentários voltarão, a seu tempo...
Vocês, que usavam a caixa negra, podem enviar as palavras para aqui!

Não sabia que era assim...

Estes pontos de interrogação que me preenchem o olhar, a certeza das dúvidas que nunca vão ter resposta, os olhares abandonados em fotografias antigas e recentes, ainda tão frescas na memória...

É cedo.
Era cedo...
Porque foste embora?

E de repente nunca mais assume-se com toda a sua força, e rebenta-me no coração.
Em cheio...
Não sabia que era assim...

quarta-feira, 1 de dezembro de 2004

Choveu

Depois de quase um mês, começou a chover exactamente naquela altura, em que saíamos... Não deixam de ser curiosas estas coincidências.
Nesse dia e nos dias seguintes precisei de olhar à volta com atenção, e ainda assim não via nada. Procurei pais a berrar com os filhos, os miúdos a chorar, adolescentes a fumar encostados aos carros, a música na rádio, as notícias dos jornais, o futebol incansável na televisão, a política cansada... Procurei tudo para ter a certeza de que o mundo ainda gira, de que o tempo vai passar, vai apagar um pouco esta dor, como uma borracha de tinta, que não apaga nada, mas pelo menos suaviza as marcas...

sábado, 27 de novembro de 2004

Para M.

"A noite passada acordei com o teu beijo
descias o Douro e eu fui esperar-te ao Tejo
vinhas numa barca que não vi passar
corri pela margem até à beira do mar
até que te vi num castelo de areia
cantavas "sou gaivota e fui sereia"
ri-me de ti "então porque não voas?"
e então tu olhaste
depois sorriste
abriste a janela e voaste..."
Sérgio Godinho - A noite passada

Pela falta de palavras escolhi a música.
Acho que gostavas...

sexta-feira, 26 de novembro de 2004

Sabes?

Podias ter sido tu.
Como quase outro qualquer, arrisco-me a dizer.

Saber que do outro lado há vida leva-me também a querer viver.
Sei que já não estás sozinho nessa luta, e de certo modo, dentro do que isso me custa, fiquei feliz.
Os tempos avançam, as tristezas mudam.
Aos poucos transformam-se em alegrias.
Esta frincha que se abriu no meu peito não há fechar-se de novo.
Não vou deixar.

Não vou deixar porque, afinal, é por ela que a luz vai entrar.
Quando menos esperar...

terça-feira, 23 de novembro de 2004

Mundo

Copiei o mundo de outras Lembranças...
Está ali ao lado, é só mais uma distracção.
Enquanto não houver outras......

segunda-feira, 22 de novembro de 2004

Pedaço de Muro que fala por si #1



Parte de Mural por Ângela Toledo - Morro de S. Paulo

Espelho Negro

Este blog é o meu espelho negro.
Nele reflectem-se as nuvens que viajam incansavelmente na minha cabeça.
Mais ainda no meu coração...
O sol que me ilumina, o calor que me aquece, a vida que me mantém viva... esses brilham. Mas é lá fora.

No see. No hear. NO TALK!

Estive aqui parada algum tempo a olhar para este pequeno espaço.

Passei o tempo todo a repetir para mim própria que não ia, mas no fundo já sabia que não ia ser capaz de evitar... E ainda bem.
Estes momentos lúcidos têm sido mais frequentes ultimamente, e, como tal, volto a sentir-te como uma presença real e concreta na minha vida.
Havia mil e uma coisas para te dizer, e o que dissemos foi apenas a introdução das muitas conversas que temos que ter...
Se são muitas, e se por causa disso cada vez é mais difícil, a culpa é só minha.
Tu estiveste... estás... estarás aí.
Sempre.

Não sei quanto tempo falta até à próxima crise...
Tenho que aproveitar o sol, enquanto ele anda aí...

Defeito IV

FALAR: demasiado com as mãos. Demasiado com os olhos.
Tão pouco com voz, onde se enrolam as palavras....

Sábado à noite #1

E tudo o resto virá aos poucos.
Ultimamente funciono com um retardador.
Não tem explicação.....

domingo, 21 de novembro de 2004

Ouvido de passagem... #2

-Todos nós... todos nós estamos à espera de alguma coisa. Passamos a vida à espera de qualquer coisa...
-E tu? Tu estás à espera de quê?
-Eu? Eu estive à espera... Estive à tua espera....

sábado, 20 de novembro de 2004

Viajar



"Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!

Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!

Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu."
Fernando Pessoa - Cancioneiro

E assim foram 80 euros....

A minha primeira multa, com direito a reboque. Ou melhor, a uma curta estadia em cima do reboque, porque felizmente cheguei a tempo de impedir danos maiores...



Gostava de ter tirado uma foto ao sítio... Quando se vê a polícia a ajudar os carros a estacionar nas bermas de uma via rápida só porque há jogo de futebol, estas coisas custam ainda mais: não estava a incomodar ninguém, não estava em cima do passeio, e ainda por cima havia uma linha amarela que terminava uns bons centímetros à frente do carro. Mas o senhor agente disse, e com razão: podia vir um camião, e não se cruzaria com outro carro, e aquela é uma rua com dois sentidos. Numa zona residencial é bastante provável.... Enfim! Cometi uma infracção....
Mas depois foi-me chamada a atenção por uma amiga para outro detalhe: eu estava a impedir a formação de uma fila! Eu estava a fazer o trabalho da polícia, ao impedir que se formassem filas de carros!!! :)
E ainda fui multada.....

Nadas

Algumas coisas transparecem, por incrível que possa parecer.
Apesar das distâncias (sim, essas já tão batidas por aqui...).
Apesar da falta de um olhar, das diferentes vozes que temos quando falamos, quando rimos, quando dizemos coisas especiais ou banais...
Essas coisas sentem-se.
Como?
Porquê?
Não sei...
E quando, sem palavras, o que ouço é nada, parece que o chão desaparece, que tenho debaixo de mim um rio furioso, que o céu se desfez em chuva, que de todos os lados vem água para me afogar, e é isso mesmo que tenho que fazer...
Tenho que fazer o que silenciosamente me dizes:
Tenho que nadar...

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E mais uma vez esta corrente me arrasta.
Mais uma vez não quero...
Sei que devo deixar-me ir, nadar para longe...
Mas não quero...
Não quero!

Porque não quero???

quinta-feira, 18 de novembro de 2004

Tinha de ser esta!

"Só por existir
Só por duvidar
Tenho duas almas em guerra
E sei que nenhuma vai ganhar

Só por ter dois sóis
Só por hesitar
Fiz a cama na encruzilhada
E chamei casa a esse lugar

E anda sempre alguém por lá
Junto à tempestade
Onde os pés não têm chão
E as mãos perdem a razão

Só por inventar
Só por destruir
Tenho as chaves do céu e do inferno
E deixo o tempo decidir

E anda sempre alguém por lá
Junto à tempestade
Onde os pés não têm chão
E as mãos perdem a razão

Só por existir
Só por duvidar
Tenho duas almas em guerra
E sei que nenhuma vai ganhar
Eu sei que nenhuma vai ganhar"
Jorge Palma - Só

Está aí a estourar o novo CD, e talvez por isso hoje tenha tido vontade de ouvir de novo as músicas velhinhas. Por isso, ou porque esta semana não foi especialmente boa...
Mas tudo se leva...
Em paz, sem sobressaltos...
Como tudo o que faço nos dias que correm.

Rumos

Então, a desesperar com aquela espera infrutífera, sem saber se passariam outros barcos, e sem saber sequer se a sua ausência tinha sido notada e já estariam em curso as buscas que viriam ao seu encontro, deixou de queimar lenha em fogueiras que só aqueciam as lágrimas.
Com as mesmas cantigas nocturnas com que tinha orientado o barco na sua direcção, juntou troncos de todos os tamanhos e feitios, envolveu-os com outras palavras de luz e sol, com folhas, com risos, e fez-se ao mar.
Fez-se à vida, para não ter que voltar a ver as costas de um barco, ou de outra coisa qualquer...
Para trás, nas suas costas, ficava a ilha deserta...

Parabéns Tribo!

Por um ano de sonhos...

quarta-feira, 17 de novembro de 2004

De costas voltadas

Ali estava o mar.
Um tom azulado, uma água transparente como à volta nunca nada foi.
Aquela ilha não era bem o que tinha parecido no panfleto publicitário.
Era um tudo incluído que na verdade não incluía nada.
Para trás estava o que estava para trás...
Para a frente estava o mar...
O mar limpo, azul, transparente: onde se viam rochas, peixes, tubarões, cobras até.
Na verdade um mar nada aconselhável para uns mergulhos refrescantes...

E ao fundo surgiu a sombra de um barco, e era aquela a hipótese.
Quantos barcos apareceriam assim no horizonte, com um contorno imponente, forte e seguro, batalhando as ondas à medida que se aproximava?
Montou a tenda na praia.
Fez fogueiras e sinais de fumo.
Cantou músicas alegres e chorou outras tristezas.
Semeou no vento palavras doces de esperanças.

E os dias passavam, e o barco aproximava-se.
E todas as promessas se cumpriam naquele barco, afinal tão simples, cada vez mais perto...

E um dia o barco perdeu o leme, deu a volta e, de costas para a ilha, para o lume que ardia queimando lágrimas antigas, para as canções nocturnas dispersas alegres na brisa, partiu...
De costas voltadas...

Dias há todos os dias

Sucedem-se, multiplicam-se, dividem-se por nós e somam-se uns aos outros...

Meias conversas

-Tenho que dar um jeito à minha vida, assim não dá...
-Então? E o que vais fazer?
-Olha: vou estudar, vou ser responsável.
-Só isso???
-Pois, quanto ao resto não posso fazer mais nada...
-Claro que podes. Eu acho que podes!

É típica, esta conversa...
Eu tenho os braços cruzados, tu nunca os tens quietos...
Seja como for, falta a outra metade...
Já faltou mais...

segunda-feira, 15 de novembro de 2004

Segunda-feira

Semana nova.
Vida nova.

Acabaram-se as mil e uma desculpas para não me embrenhar a sério no que são as minhas obrigações.

You've got mail

Gosto de chegar de férias e ter correio para abrir.
São as cartas do banco, que desfazem em dois tempos o bronze (ligeiríssimo) das férias porque me deixam mais pálida do que quando fui, são cartas do ginásio a felicitar-me por mais um aniversário (sabe tão bem saber que não se esqueceram...), é publicidade, são papéis e papéis inúteis...
Mas no meio de tudo isto encontro duas coisas que me surpreendem...
Tenho um postal de uma amiga, que abro com um sorriso enorme...
E tenho uma encomenda.
Esta encomenda devia ter sido levantada há dois ou três dias, mas eu não estava cá...
E agora, não só não sei o que era, como não sei quem mandou, porque quando fui aos correios reclamá-la, disseram-me simplesmente que estava nesse momento a ser devolvida ao remetente.

E a curiosidade, o que faço com ela?
(sim, esta pergunta também serve para ti...)

domingo, 14 de novembro de 2004

Pede um desejo #2

Quem dera que me saísse o totoloto.
Assim podia simplesmente ir trabalhar por gosto, e não pelo dinheiro...

tenho saudades tuas...

sábado, 13 de novembro de 2004

Para quem tinha dúvidas sobre este assunto

Podem descobrir aqui o significado de Muska (e de outras coisas bem mais interessantes) .
Incrível como me conheço tão mal...

As minhas preferidas são:
"muska is six and likes sausages among other things"
"muska is obviously following the footsteps of her mother in agility"
"muska is more than a sports"
"muska is available for weddings"
"muska is one of the reasons too"
"muska is insane"

Terminando com a cereja no topo:
"muska is the muska; you know what you're going to gets"

Notinha: um dia destes explico de onde veio realmente este nome estranho que escolhi para mim... e não é nem um bocadinho transcendente!

Ressacas

Não sei porque insisto: acordo com este sabor amargo na boca, este mal-estar que se generaliza a todo o corpo, mas que se concentra no lado esquerdo do peito, este peso na cabeça...

Não sei dizer porquê...

Bati a porta do carro ao mesmo tempo que perdi os olhos no céu.
Está lua nova, e como pequenina que é não se tornou ainda egoísta.
Não ofusca as estrelas que a rodeiam, não chama para si as atenções.
Dei por mim a pensar que, mesmo tão perto da cidade, este céu é lindo.

Acho que o céu assim, límpido, é mais bonito agora, que chega o Inverno...

Paguei...

A Baiana tirou em seguida um colar simples, que custava uns poucos reais, e usou o argumento de que trazia um Ronaldinho na barriga... Os lucros reverteriam a favor dele.
Não tive como dizer não.
No fim da conversa ainda me pôs mais um colar ao pescoço que, tal como a pulseira do amor, foi oferecido "de coração", para espantar mau olhado...

Estive para perguntar se seria para espantar o meu, que olha, olha e raramente vê o que importa...

Sem tu saberes...

...estive a devorar-te...

...a saborear cada pedacinho teu que encontrei aqui perdido...

...hoje apeteceste-me...

sexta-feira, 12 de novembro de 2004

Lembrança do Senhor do Bonfim da Baía

Abordada na rua, como é típico nestas situações.
"Presente da Baiana, tou dando de coração!"
Respondo educadamente que não quero, já sei que nunca são presentes, por melhor que seja o coração de quem os "oferece", acabamos sempre por ter de os pagar.
"Não pode recusar!" e agarra-me o braço.
"Não paga nada, é oferta. A Baiana tá dando!"
Antes que possa fazer alguma coisa, tenho esta pulseira vermelha no braço...
"A Baiana coloca, é a pulseira do amor"
"Estou vendo que precisa, a Baiana sabe"

Meu Deus, até a Baiana sabe???
Como é que é possível ter chegado lá?
Claro que face a esta clarividência tive que sorrir. Quantas turistas não terão um coração meio partido ou remendado, quantas não se renderão (como eu) a esta declaração de que é a pulseira do amor? Mesmo conhecendo a verdade?
Aceitei, sabendo que teria que a pagar de alguma forma.
"Pensa num desejo, é um para cada nó..."

Eu sei. Lembrei-me da minha primeira fitinha destas, oferecida por uma amiga especial há uns bons dez anos (talvez até mais), numa espécie de ritual, em que atava a dela, e ela a minha e ainda a de uma outra amiga, as três MUITO amigas....
Nessa altura os desejos eram importantes como a própria vida, e atendendo à época em que se passou, posso imaginar qual seria um deles...
A minha eterna paixão não concretizada pelo vizinho da frente, que não atava nem desatava (ao contrário das pulseiras) e me manteve numa espécie de limbo durante mais de um ano...
Esse desejo nunca se concretizou.

"Já pensou?"
Já. Um já está.
Mais um nó: um desejo. Outro que está.
"O último. Pensa no último!"
Já pensei.
O último desejo...

Cada nó cada desejo, cada desejo um só desejo.
Sempre o mesmo desejo.
Como se desejá-lo várias vezes lhe touxesse mais força...
Como que sabendo à partida que não se realizará, e que por isso mesmo precisa de ser reforçado, atado com vários nós, envolvido em três ou quatro fitinhas....

quinta-feira, 11 de novembro de 2004

Desde que vim, é o que dizem: nunca mais fui eu...

Tenho recebido várias queixas...
O que circula por aí em meu nome, quem volta à terrinha, quem viaja com amigos, quem bebe um copo de vez em quando, quem vai ter com as pessoas que importam, quem conhece outras pessoas... tudo isso, quem faz é a minha sombra.
Eu tenho ficado sempre um passo atrás, tenho observado apenas...
Tenho evitado mergulhar nas situações, tenho voltado as costas às emoções, tenho medo de sentir...



Sei, no entanto, que não é este o caminho.

Como dizia o poeta...

"Quem já passou por esta vida e não viveu
Pode ser mais mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ai, quem nunca curtiu uma paixão
Nunca vai ter nada não
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo amor que não compensa
É melhor que a solidão
Abre os teus braços meu irmão, deixa cair
Pra quê somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração
Esse não vai ter perdão"
Vinicius de Moraes e Toquinho

Lá, do outro lado do mar...



Acho que descobri o paraíso.
Devia dizer um paraíso, não é?

Viajar é um grande problema porque rapidamente se transforma num vício. E infelizmente é um vício caro, embora se possa satisfazer com mais ou menos qualidades, e de várias formas, conforme os gostos do freguês (neste caso, do viajante) em questão.

Ali faz calor, dizem que faz o ano todo...
Mas é Primavera, e as cores dominadas pelo verde inundam as estradas, as praias, a comida, as bebidas...
Descobri uma terra saborosa, onde as pessoas são gentis e bem humoradas, onde o sol é alegre e bem apimentado como as comidas, onde os cheiros sobem no ar com notas perdidas de música ritmada, mais depressa ou mais devagar, e nos turvam os movimentos com bebidas fortes, doces...

Não fiz o meu tipo de viagem: gosto de conforto mas não faço questão de luxo...
Gosto de ir à descoberta, mas os meus companheiros não se prestaram à aventura...
Se calhar por isso volto com uma sensação incompleta, de tudo o que havia para ver e não foi visto.
Mas tudo foi bem...

Ao fim de dez dias sinto-me como se tivesse estado fora alguns meses.
A realidade esteve bem longe de mim.
Descansei e ri, comi e bebi demais, mergulhei no mar verde e azul vezes sem conta, senti o gosto salgado do sol na água, e deixei o corpo fazer parte das ondas até que as preocupações, os medos, as saudades, as emoções... tudo se dissolveu ali, por entre algumas algas e águas vivas...

Regressos

Toda a gente sabe que as viagens cansam, e eu tenho uma dificuldade particular em adormecer em posições desconfortáveis...
Por isso cheguei cansada, e a minha prioridade era dormir.
Soube-me infinitamente bem a minha caminha e a minha almofada, é incrível como pareço encaixar ali perfeitamente....
Mas voltei a sonhar contigo...
Não percebo que fenómeno é este, porque sonho contigo se não te conheço...
Encontrei-te, no sonho, mas escapavas constantemente...
A sensação de te perseguir cansou-me ainda mais, e acordei triste, porque me deparava com a realidade de haver outra pessoa...
Dizias-me que querias vir ao meu encontro, mas havia qualquer coisa nela que te impedia, contra a qual querias lutar sem saber como...

Voltou esta sensação de impotência, e não é por ela que procuro...

Linhas trocadas

Na viagem de regresso o comboio parou lá.
Aquela estação é tremendamente familiar... a luz, o movimento de comboios e pessoas...
Apeteceu-me sair ali, na letra B.
Como dantes: apanhar um taxi e ir para casa.
Como se ainda fosse ali a minha casa...
Às vezes pergunto-me se algum dia deixará de ser.
Se algum dia a vou encontrar da mesma forma noutro lugar...

quarta-feira, 10 de novembro de 2004

Próximos episódios

Depois deste pequeno momento de reconhecimento, vou tentar deixar aqui um pouco do que vi, do que senti, do que encontrei...
Pensei ir deixando posts por ordem cronológica, mas sou demasiado desorganizada para isso.
Assim, é possível que daqui a um ano eu ainda não tenha postado tudo o que diz respeito às minhas férias.

Também por isto...

Voltar tem estas coisas boas...

Encontrei o que me habituei a chamar de Jackpot, encontrei mais caixas abertas, encontrei blogs renovados... Gostei do meu regresso à blogosfera!

Mas nem só as coisas virtuais são boas: as palpáveis, as que nos aconchegam... essas são imbatíveis.
Os miminhos, os olhares, o correio, as mensagens, a comidinha, a minha cama, as minhas coisas, a sensação de que fiz falta...
Sabe bem chegar a casa...

2

É esta a diferença...
Bem vindo de volta, padrinho!

Notinha: vê lá se não voltas a mudar de ideias, que isto de andar a mudar o template dá trabalho! ;)

Mas não só...

Quando voltei senti-me a fazer anos de novo, e andei a recolher as prendas por aí...
Não consigo transformar em palavras o que sinto por ter um presente especial à minha espera... Apenas sei dizer que "obrigada" não chega para nada...

Bem me parecia...

... que lá onde estava alguma coisa não batia certo com o calor, com as frutas frescas, com o mar...
Aqui estava alguma coisa a chamar por mim!

Obrigada, Cariño!
Pelas castanhas, pelos parabéns, por me fazeres mais especial com a tua amizade, por colorires assim a minha vida!
(e já agora por teres resistido até eu chegar.... estavam deliciosas!) :)

Fim do verão

Esta sensação de "fim de verão" em fins de Outono é um pouco estranha.
Ao voltar a casa deparo-me com a realidade: aqui está frio, apesar do sol, e as roupas vão voltar a ter aquele peso aconchegante no corpo, criando a falsa ilusão de companhia. A lareira acesa e os aquecedores ligados estão de volta, bem como os cobertores a mais na cama e os pijamas de Inverno...

Bom, na verdade, nada disto é novo...
Estive fora pouco mais de uma semana e ao voltar parece que passou uma eternidade.

É bom porque posso matar saudades das pessoas, das coisas, e deste calor que me faz falta.
A parte má, do regresso a várias realidades, terei tempo para descrever depois...

É bom estar de volta!

segunda-feira, 1 de novembro de 2004

Esclarecimento

Dia 1 de Novembro - Dia de Todos os Santos
Dia 2 de Novembro - Dia de Finados (penso que em todo o mundo)

(se por acaso estiver enganada, corrijam-me por favor)

Fora de época

Vou de férias!
Tenho alguns posts em atraso, eu sei...
Fico em dívida coma algumas pessoas, também sei...
Não gosto de deixar o blog assim, incompleto, mas haverá tempo para tudo quando voltar.
Talvez até seja melhor assim, porque hei-de trazer a cabeça mais fresca e as ideias mais claras.
Espero que venham claras o suficiente para iluminar o inquilino que vive à esquerda, no meu peito, porque ele também precisa de férias e de sol...

Adenda: acabei por ter tempo para algumas actualizações. Esperam as outras pelo meu regresso...
***

Que dia é hoje?

Há dias assim: enchem-se facilmente de tristezas, mas mais facilmente de alegrias.
As presenças compensam os vazios, mas não as ausências...
É sempre assim, quem mais esperamos esquece, quem não lembramos aparece.
Há amigos que não vemos há anos, com quem não falamos a não ser nestas alturas.
E algumas mensagens abrem automaticamente um sorriso...



Tenho sorte.
Mesmo muita sorte.
Já tinha dito?


Tinha tanto para escrever e não consigo.
Estranho, isto...
De repente sinto-me limitada por fronteiras que há muito não conhecia, e tenho pena.
Hei-de voltar.
Mais livre, tenho a certeza.
A quem aqui passa, um obrigada muito especial.
Hoje, mais do que em qualquer outro dia, isto faz algum sentido.
Há outras coisas que não...

Nus,
Ouviram
Vozes
Estranhas
Murmurar
Beijos
Risonhos e
Ousados

Se estourares por aí...

... fica a saber: também por ti.
Isto é também por ti...

domingo, 31 de outubro de 2004

Conversas

- Então? Não estou a perceber o que queres dizer....
- Quero dizer isto: não me posso agarrar a nada. E agora? Vou cair?
- Como assim? Não te podes agarrar?
- Isso mesmo: não há nada palpável, logo, não me posso agarrar a nada. É tão simples....

sábado, 30 de outubro de 2004

Dias felizes

Há dias assim, felizes, porque não vão deixar de nos trazer a lembrança de quem, longe, acabou por ficar mais perto.
Porque também este dia é para mim, já, um dia especial: parabéns!
Obrigada pela tua presença...

sexta-feira, 29 de outubro de 2004

Certas coisas...

...estavam melhor quietinhas...

Ou então não....
Se calhar não....

Acendam a luz, por favor!
Não estou a perceber nada...

quinta-feira, 28 de outubro de 2004

Hábitos

Lembro-me de ser pequenina, devia andar ainda na primária, e os meus pais costumavam sair para tomar café em casa de uns vizinhos quando já estávamos na cama, supostamente a dormir.
Mal ouvíamos a porta da rua bater, acendíamos as luzes e líamos o máximo que pudéssemos.
Ler, ler, ler....
Ler era a palavra de ordem.
E claro que, quando ouvíamos a chave na porta, fazíamos de conta que estávamos a dormir...
Uma vez a minha irmã foi apanhada, mas não me lembro como, nem me lembro do que lhe aconteceu...

Às vezes não líamos.
Ficávamos só às escuras e inventávamos histórias umas para as outras, à vez, até nos calarmos, uma a uma...

Se calhar é por isso que ainda hoje tenho dificuldade em adormecer a horas decentes...

quarta-feira, 27 de outubro de 2004

Ideias



Precisam-se............... para iluminar as partes escuras da minha cabeça!!!

Certezas

Não há amigos melhores que os meus!

(acompanhem isto com um daqueles sorrisos...)

Instintos

Que tempo!!!
Ventos de muitos kilómetros por hora, chuva que não pára de cair, frio, a cidade imersa em água, as árvores que não se aguentam....
Hoje estou aqui quentinha.
Amanhã não preciso de acordar cedo, e o meu primeiro instinto foi pegar no carro e ir, sair daqui...
É sempre assim: depois de vir embora só quero voltar, só quero poder estar com calma, só quero ter tempo para me fartar do tempo, das conversas, de estar sempre com as mesmas pessoas...
Mas depois grito pelo meu lado racional e, se ele não aparecer, tento lembrar-me do que ele faria...
Tenho que aprender a controlar melhor este instinto, porque analisando a questão até ao seu fundinho chego à conclusão de que a culpa é dele.
Ou minha, porque não o soube, ainda, domesticar...

terça-feira, 26 de outubro de 2004

De novo: "A" grande

Acho que ultimamente não sei bem o que espero quando vou ter contigo.
De todas as pessoas de quem me custou separar, acabaste por ser a mais prejudicada com esta distância, não tenho dúvidas. Porque para além de lidares com a minha ausência tiveste que lidar, mais do que ninguém, com a estupidez do meu comportamento desde que cá estou.
Sei que não te vejo ainda claramente, se calhar por causa de tudo isto.
Há ainda aquele silêncio que não foi quebrado.
Será, na altura certa...
Agora sei disso.




Foste, de todos os meus amigos, a única com quem consegui estar com calma.
Pela primeira vez desde há muito tempo senti que estive mesmo contigo.
Soube-me bem...
Melhor do que posso descrever...

Finalmente....


... ao vivo e a cores!

Fragmentos de um fim de semana

Saí e a primeira coisa que fiz foi tomar um banho.
Precisava de tirar todo o peso do dia, já longo, de cima...
Depressa mas com calma. Será possível?
É que à chegada vem sempre aquela onda, um sentimento que não sei explicar, que não surge quando vou a mais nenhum sítio.



No meio de toda aquela confusão, aquela cidade parada no tempo encerra uma certa magia, que talvez só seja mesmo percebida por algumas das pessoas que por lá passaram.

E depois é o regresso aos sítios do costume, às pessoas, à boa disposição típica da época, às brincadeiras....
Antes de entrar na sala fiquei uns momentos à porta, a ver como há coisas que não mudam. Pelo menos não na aparência...
Aquele era o último sítio onde queria ir.
Sei que estás lá e queria ao máximo evitar o reencontro, já sei que é o estalar imediato da fina camada em que te enterrei a custo... Mas tenho que aprender a viver com isso também...
Seja como for, estão lá outras coisas.
Há muitas outras coisas, muitas outras pessoas...
No fim, tudo foi mais fácil do que o que tinha imaginado.
Ir de pé atrás tem vantagens.
Algumas, pelo menos....

segunda-feira, 25 de outubro de 2004

Seis

Seis meses passam depressa.
Seis meses dão para muita coisa.
Em seis meses podem começar-se obras, e vamos vendo essas obras crescer...
Maiores, sempre maiores...
E mais consistentes, mais à imagem de quem as pensou, de quem as alimenta regularmente.
Não é dos melhores posts que já escrevi, mas não podia deixar passar em branco esta data.
Embora tenhas chegado depois, a verdade é que sem ti nada disto fazia sentido.
Parabéns, meu doce!

A seu tempo

A seu tempo o cansaço vai ceder.

E então...
A seu tempo virá aqui.
A seu tempo deixará nas linhas as entrelinhas que escapam.
A seu tempo contará como as coisas simples a deixam feliz.
A seu tempo, tudo a seu tempo...

sexta-feira, 22 de outubro de 2004

Beautiful Day

"The heart is a bloom
Shoots up through the stony ground
There's no room
No space to rent in this town

You're out of luck
And the reason that you had to care
The traffic is stuck
And you're not moving anywhere

You thought you'd found a friend
To take you out of this place
Someone you could lend a hand
In return for grace

It's a beautiful day
Sky falls, you feel like
It's a beautiful day
Don't let it get away

You're on the road
But you've got no destination
You're in the mud
In the maze of her imagination

You love this town
Even if that doesn't ring true
You've been all over
And it's been all over you

It's a beautiful day
Don't let it get away
It's a beautiful day

Touch me
Take me to that other place
Teach me
I know I'm not a hopeless case

See the world in green and blue
See China right in front of you
See the canyons broken by cloud
See the tuna fleets clearing the sea out
See the Bedouin fires at night
See the oil fields at first light
And see the bird with a leaf in her mouth
After the flood all the colors came out

It was a beautiful day
Don't let it get away
Beautiful day

Touch me
Take me to that other place
Reach me
I know I'm not a hopeless case

What you don't have you don't need it now
What you don't know you can feel it somehow
What you don't have you don't need it now
Don't need it now
Was a beautiful day"

U2 - All that you can't leave behind
(daqui)

Apeteceu-me deixar aqui esta música.
Há coisas que é impossível deixar para trás.
Há sítos que deixam marcas na alma, como ferro em brasa.
Há pessoas que não nos saem de dentro.
Parou de chover.
São tudo presságios: bons presságios.
Até ao meu regresso!

Delírios nocturnos #2

Estava à tua espera, disse, numa voz suave e cantada, com uma pronúncia familiar que ele não identificou imediatamente.
No mesmo momento ouviu um grito e de uma das grutas escavadas ao longo do caminho de pedra apareceu João: Já temos poiso, rapaz! Encontrei... A frase ficou suspensa no ar, e os seus olhos mostravam todo o espanto causado por aquela criatura alada, ali na frente do amigo.

quarta-feira, 20 de outubro de 2004

Delírios nocturnos

O universo que os rodeava era único, absolutamente mágico, quase irreal...
Montes enormes rodeados por caminhos de pedra em espiral, uns a seguir aos outros, até que num deles, subitamente, a visão de uma cascata.
Uma cascata branca, parecendo projectar água directamente do céu, em oscilações abruptas que se perdiam num vapor frio envolvente, até ao fim, ao fundo, ao grande lago.
Na bruma desta visão destacou-se um vulto voador.
Uma fada.
Como podia ele saber que era uma fada, se essas coisas não existem a não ser nos livros?
Nem nunca tinha visto uma...
Mas era uma fada, e caminhava decididamente na direcção da objectiva da máquina fotográfica, mantida em punho de forma ridícula, como uma quase arma de defesa.
Quando se deu conta da posição agressiva em que se encontrava, sem ter sequer chegado a carregar no botão para mais tarde poder comprovar a veracidade do momento, baixou as defesas e os braços e ficou estarrecido, a ver aquele vulto mágico esvoaçar na sua direcção.
Incrível.
Ao chegar junto a ele beiju-o apaixonadamente nos lábios.
Julgava ele que as fadas eram criaturas púdicas, uma espécie de seres assexuados, mas esta não.
Despertou nele um sentimento forte, fê-lo estremecer como se tivesse sido atingido por relâmpago... Fraquejaram-lhe as pernas...
Esta fada era extremamente feminina, como não o era nenhuma das suas amigas, ou as suas irmãs. Nem tão pouco a sua namorada. Este pensamento fê-lo despertar desse beijo, lânguido, envolvente, acolhedor. A sua namorada.
Então a fada (seria mesmo uma fada? voltava a duvidar...) falou.

(nota: este texto poderá ou não vir a ter seguimento, dependendo do meu estado de sanidade mental...)

terça-feira, 19 de outubro de 2004

Limbo

Às vezes é fácil ficar nesse limbo: trocar a realidade da tua existência pela confortável fantasia da tua inexistência.
É como um torpor, uma preguiça de sentimentos que me invade, como se realmente já não sentisse nada. Absolutamente nada.
Mas depois a tua presença concretiza-se, a tua voz materializa-se, e a tua imagem transforma-se em ti.
Nessas alturas, mais do que nunca, gostava da possibilidade de te eliminar.

Ganhaste vida própria dentro da minha vida, e depois de ter trazido pela mão até aqui, perdi-me nos passos que demos, e não sei que caminho te mostrar para saíres...

Protesto disfarçado! ;)

Desde meados de Setembro que me ando a preparar para um protesto por falta de posts neste blog... Mas depois, quando finalmente me decido a fazê-lo, lá aparece um post, depois outro.... E eu vou adiando o meu protesto.
Assim sendo, hoje decidi escrever sobre isto. Mas não para protestar...
Para dizer como é bom, quando menos espero, encontrar novidades tuas Debaixo da Cama!

Vale a pena lembrar....

Seguindo o (excelente!) exemplo da minha Aguarela criei uma nova secção na barra lateral...
Assim evito aquela dificuldade em apagar os blogs de que gostei das lembranças!

Já tinham saudades, ora contem lá!!!!





Você é "Imensidão Azul" de Luc Besson. Você é sonhador, único. Muito sublime e encantador(a).

Faça você também Que
bom filme é você?
Uma criação deO
Mundo Insano da Abyssinia



Nota: Tirado daqui.
Nota: O Blogger tentou impedir-me de postar isto, mas eu fui teimosinha....

Será mesmo verdade...

...que quase tudo o que é bom tem um fim?

Às vezes a vida dá-nos estas folgas...

Tenho a noite por minha conta, para poder adiantar um pouco este trabalho que tenho que concretizar, da melhor forma possível, em Abril.
Assim sendo, a noite não está, claramente, por minha conta: está por conta do trabalho, e a minha vontade era deixá-los aos dois sozinhos e ir beber um copo com uns amigos com quem não estou há muito.

segunda-feira, 18 de outubro de 2004

As coisas mais estranhas acontecem

Aquela era a padaria habitual.
Saía todos os finais de tarde de casa para ir de carro buscar pão.
E todos os finais de tarde bebia uma grande chávena de leite, com café e com açúcar a mais, e comia, se o dito pão estivesse quente, nada mais nada menos que três pães com manteiga. Muita, claro! E acompanhava estes lanches com um episódio da novela da tarde, de preferência aquela do Gianechini. É que os olhos também comem.
Essa tarde não foi excepção. Chegou a casa do emprego em part-time, ainda teve umas horas para preparar o exame, que lhe permitiria uma vida um pouco melhor se corresse bem, e, religiosamente, às 18h saiu.

sábado, 16 de outubro de 2004

Venha o traçado!

Já ando há montes de tempo indecisa quanto à publicação ou não deste post.
Nem percebo porquê...
Cá fica ele, hoje, em jeito de MUITOS PARABÉNS!

"Abro a porta e entro.
É impossível não ser atingida pelos sons que imediatamente chegam até mim, melancólicos e profundos.
Uma música que não é só música, são notas que se enchem de sentimentos, de memórias, de risos, de amigos embrulhados em capas pretas, de noites alegres, de dias despreocupados, que me trazem em poucos segundos várias lembranças dos melhores tempos que já passei...
N'A Tasca há guitarradas....
Nunca as tinha ouvido porque tinha um problema qualquer de software.
Agora ouço-as de cada vez que lá entro.
Pensei que ia deixar de reparar nelas com o tempo, mas não: atingem-me sempre com a mesma força, e isso é incrível... Muito poucas coisas têm esse poder...
Genial a ideia...
Já não era uma tasca qualquer, mas agora é, para mim mais do que nunca, A Tasca."

quinta-feira, 14 de outubro de 2004

Pit Shop

Entrou na loja a medo, aquele não era bem o seu "mundo"...
Por trás da porta de vidro com o "aberto" pendurado estavam t-shirts, bonés, casacos, revistas e livros, porta-chaves, carrinhos desses que parecem de brincar, mas que são só para exposição, imitando ao mínimo detalhe os carros de competição. A perdição de muitos meninos crescidos...
Estava baralhada, à procura de uma prenda de anos atrasadíssima, para um amigo que acha piada a estas coisas dos carros.
Por fim, no meio de tanta coisa, lá encontrou uma t-shirt gira, dentro do preço, e preparava-se para pagar quando entra alguém que cumprimenta. Ao mesmo tempo que levanta os olhos e diz "boa-tarde", perde-se nuns olhos escuros, quase pretos, divertidos, profundos...
Sorriem os dois, num silêncio que fica suspenso por segundos...
Ela corou, pediu dentro dela que o embrulho fosse difícil de acabar...
Mas depois pagou e saiu.

Cá está ela!!!

A primeira deste Inverno!



Inverno??? Queria dizer Outono, desculpem!
Deste Outono....

quarta-feira, 13 de outubro de 2004

Desencontros

Sérgio Godinho escreve bem, musica bem... Gosto imenso dele!
Há alturas em que esta frase não me sai da cabeça, acho que está muitíssimo bem conseguida:

"Toda a gente passou horas em que andou desencontrado,
como à espera do combóio na paragem do autocarro"
Lá em baixo - Sérgio Godinho (ouvido no Afinidades)

Que seja só isto connosco...
Sei que lutar já não adianta...
Resta-me esperar que o tempo se decida pelas nossas afinidades, contra os nossos desencontros...

Retalhos da vida...

(...de um médico???)

Falta pouco, pouquinho...
3 meses já se foram, daqui a uma semana retomo as viagens de fim de semana.
Sim, tenho medo.
Sim, sei que volto com aquele sabor estranho na boca, de que nada é já como eu lembrava.
Será que alguma vez foi?

No tempo dilui-se o que é real e o que percebemos da realidade, juntamos os nossos sentimentos, o que vemos e ouvimos, o que pensamos... E nesta misturada é praticamente impossível descobrir o que foi o original.
Não faz mal.
A vida são estas mantas de retalhos que trazemos aos ombros, que nos aquecem as noites.

Sim, aproxima-se o dia.

Estou em processo de mentalização:
Quero trazer retalhos novos.
Não quero perder os antigos.
Quero trazer retalhos novos.
Não quero perder os antigos.
Quero trazer retalhos..................

(alguém sabe de um bom costureiro?)

terça-feira, 12 de outubro de 2004

Das conversas caladas

O silêncio é uma arma poderosíssima.
Para quem não a sabe manejar, pode ser desastrosa: semeia insegurança à sua volta, ao usá-lo como defesa.
Mas mesmo sem querer serve também como ataque, quando me sinto ameçada...

E sei que atinjo as pessoas de quem gosto com ele.

Não sei até que ponto isto é justo ou injusto, certo ou errado...

O caminho foste tu quem escolheu.
Tropecei, caí, arranhei os joelhos e torci os pés...
Andei às apalpadelas porque estava escuro, ou eu estava cega, nem sei.
Não estava preparada para me fazer assim à estrada.
Todas estas palavras deslocadas, os sorrisos à hora errada, os apelos sileciosos envoltos num olhar que não foi visto, as palavras que nunca soube dizer e aquelas que não podia ter dito...
Tudo isso são os passos que dei para não parar, para andar, para andar sempre.
É uma questão de sobrevivência, percebes?
Não é mais do que isso.
Percebes, eu sei.
À tua maneira fizeste exactamente o mesmo.

Quando as feridas desta batalha muda começarem a cicatrizar, vamos encontrar-nos de novo.
Vamos falar.
(talvez fosse mais justo dizer: vou falar)
E aí tudo será mais fácil, como um dia de férias grandes, no Verão.

domingo, 10 de outubro de 2004

Chovia que Deus dava!

Apática dentro do carro parado, cabeça encostada ao vidro, ouvia Jeff Buckley distraidamente quando vi lá fora um jovem, t-shirt cinzenta e calças de ganga, a dançar ao ritmo da música que eu estava a ouvir.
Os vidros estavam fechados.
Ele sacudia os braços, parecia feliz...
De certeza que hoje a chuva não o molhou.

Não sei como me lembrei disto

Acordar com um grupo bestial, numa casa perdida em pleno Parque Natural Peneda-Gerês. Pôr aos berros aquela música que começa com "Bom dia, comunidade!!!" dos Tribalistas, enquanto se toma um pequeno almoço simples, de torradas quentinhas e leite com café acabado de fazer...
Estes dias não têm como começar mal!
São estes momentos que dão cor à vida...

Já???

Impiedoso, voltou o senhor das chuvas, do vento, do frio que se entranha...
O sol às vezes falha, o calor não vem sempre que o esperamos, mas este não falta nunca aos seus compromissos...
Agora sim, podem começar a acender-se as lareiras.
Sabem bem nas noites em que podemos ficar indefinidamente a ler à sua frente, com uma boa música de fundo e um chocolate quente ao lado.
Hoje vou dormir com mais um cobertor, e também já tirei o casaco do armário.

Que pena ter de o vestir cedo amanhã...
Para uns o fim de semana acaba hoje. :(

sexta-feira, 8 de outubro de 2004

Memória fotográfica

Olhares cruzam-se com imagens, forjamos acontecimentos, pessoas e sentimentos.
Como num filme mudo, tudo em câmara lenta...
A vida que levamos, os sorrisos que recordamos, os sonhos que gastamos no quotidiano certo e previsível dos horários apressados, sempre atrasados.
O que é que importa?
Peneiramos o sol e ficam estes raios etéreos, leves e soltos, quase bem definidos.
Mas depois vamos lá e não somos capazes de os agarrar, ao abrir a mão ela está vazia.





A memória é esta máquina fotográfica: focamos, aproximamos e ultrapassamos a distância focal, tentamos ver tudo com grande angular e restringimo-nos às teleobjectivas...
E queremos sempre mais e mais tempo de exposição...
Os acontecimentos acabam por ficar assim: desfocados...

quinta-feira, 7 de outubro de 2004

conselho:

não venham cá

conclusão

sou uma agarrada

Bitter Sweet

Agora fico sempre na dúvida: ganhei ou perdi?
Seja como for, perdi.
Claramente.
Já devia saber que estes jogos acabam assim, por algum motivo são infantis...

Tenho estes momentos em que te vejo outra vez.
Não sei se sou eu que fico lúcida ou se apareces realmente.
Sei que nessas alturas as cinzas são avivadas pelo vento norte, e o gajo que mora à esquerda reclama. Quase dormia, pá, acordá-lo para quê?

É que nada vai ser diferente, a vida continua.
Há o tempo que tem que se gastar porque não dura até amanhã, há estas coisas com que temos que nos ocupar, em que temos que pensar, às vezes só mesmo para não pensar...
Contra-senso?
Há esta distância, que já não vai encurtar.

Passo a passo vai-se fazendo caminho, tenho que desaprender o que fica para trás, tenho que arranjar uma contractura, uma rigidez cervical que me impeça de me voltar para olhar. Isso é que dói, não é mais nada. Não é o presente, nem o que nele se encerra. O que dói é o que vejo quando olho para lá, para o passado.

Nota: passado - que passou. Simples.

quarta-feira, 6 de outubro de 2004

Jogos Infantis II

amanhã renovo a espera, ou amanhã é um novo dia...
(não é tudo a mesma coisa?)

podias salvar-me, sabes?
(estou a estragar tudo porque)
quase estou à espera que o faças
(come over cause it's not too late)

00:00

"Looking out the door
I see the rain fall upon the funeral mourners
Parading in a wake of sad relations
As their shoes fill up with water

And maybe I'm too young
To keep good love from going wrong
But tonight, you're on my mind so
you never know

Broken down and hungry for your love
With no way to feed it
Where are you tonight?
Child, you know how much I need it.
Too young to hold on
And too old to just break free and run

Sometimes a man gets carried away,
When he feels like he should be having his fun
Much too blind to see the damage he's done
Sometimes a man must awake to find that, really,
He has no-one...

So I'll wait for you... And I'll burn
Will I ever see your sweet return,
Oh, will I ever learn?
Oh, Lover, you should've come over
Cause it's not too late.

Lonely is the room the bed is made
The open window lets the rain in
Burning in the corner is the only one
Who dreams he had you with him
My body turns and yearns for a sleep
That won't ever come
It's never over,
My kingdom for a kiss upon her shoulder
It's never over, all my riches for her smiles
when I slept so soft against her...
It's never over,
All my blood for the sweetness of her laughter
It's never over, she's the tear
That hangs inside my soul forever

Oh, but maybe I'm just too young to keep good love
From going wrong
Oh... lover you should've come over...

Yes, (I) feel too young to hold on
I'm much too old to break free and run
Too deaf, dumb, and blind
To see the damage I've done
Sweet lover, you should've come over
Oh, love I'm waiting for you
Lover, you should've come over
'Cause it's not too late."
Jeff Buckley - Lover, You should've come over

nota: obrigada Claire Lunar, por teres despertado a curiosidade que me levou a descobrir Jeff Buckley. Também para isto servem os blogs.

terça-feira, 5 de outubro de 2004

de que vale o tempo?

faltam 24 minutos

Em vão

É até à meia-noite que espero.
Depois vou tomar um banho quente, e vou lutar contra as insónias, os sonhos agitados, os acordares sufocados.
Lutar não rima com dormir, pois não?
Se calhar é por isso...

Defeito III

Tudo aquilo que são facilidades para a maioria das pessoas eu transformo rapidamente em dificuldades.

Simples

É tarde. Já viste como o tempo se apressa quando desejamos que ele reduza para segunda e vá em velocidade de cruzeiro?
Fiz a viagem depressa demais, como sempre. Gosto de a fazer assim, a esta hora, sem movimento, como se fosse eu a única pessoa do mundo.
E à chegada descubro que não sou.
Que não quero ser.
Que para além de mim há gente aí fora.
Que para além de ti há mundo para ser corrido.
E chego, agarro-me a coisas pequenas, sem significado, às coisas que não existem mas que eu quero desesperadamente tornar reais.
Agarro-me a conversas banais, a pequenas piadas, a brincadeiras inocentes.
Agarro-me a tudo porque não quero cair mais.
É só isso.
Tão simples, não?

segunda-feira, 4 de outubro de 2004

Jogos Infantis

como eu

Não deixa de ter piada este braço de ferro em que me especializei, e que jogo ocasionalmente com as pessoas de quem gosto.
Às vezes elas sabem, e jogam também.
Outras vezes não se sabe se sabem, o que faz com que a dificuldade aumente, porque se fica sempre na dúvida...
Estou há uns bons tempos em campo.
A disputar a última categoria, o que me parece injusto porque perdi a prática...

Já me esqueci quando foi a última vez que soube alguma coisa tua.
É o dia-a-dia que passa, os momentos adiados, as horas impróprias.
Curioso como há esta borrachinha branca e eficaz chamada tempo. Chamada distância. Chamada as duas coisas juntas, como um nome e um apelido.
Assim, os dias passam mais leves enquanto esta lembrança dorme sossegada. Mas depois, quando alguma coisa a desperta, percebo que a superfície sob a qual ela se oculta ainda é fina, e frágil, porque me estala de novo no peito...




Preto no branco.
Músicas perdidas.
Cores que se consomem nos fogos da noite.

domingo, 3 de outubro de 2004

E tu sabes...

Que também eu queria a dita força, e também eu a procuro na almofada.
Tembém eu preciso de um banho de realidade, o que quer que a realidade seja.
Tembém eu me sinto uma farsa...
Não para ti....

Por tu existires, aqui...

"...este começo. A vida partida do nada. A vida partida ao meio. O antes, O depois. Eu. E o eu leva-me às reticências. (...) Lembras-te de quando te conheci? "E o mundo anda às voltas" Eu conheci-te nesse dia. E o mundo deu ainda mais voltas, e que voltas... Quase estou tonta. Quase me inspiro na própria alma. E, em momentos, quase procuro a minha. É a tal busca... É o novo começo. Queria a dita força, que todas as noites procuro na almofada. Preciso de um banho de realidade. Sinto que sou uma farsa. A farsa. Mas não para ti, não para quem escrevo. Queria fazer das tuas as minhas palavras: "Só isso..." e "o abraço", sabes? Desculpa o teu blog por tudo que me faz ler. Pela tua vida que, às vezes, quase parece ser a minha.
Eu existo, eu existo aqui"

Fui eu que quis fazer das tuas as minhas palavras, e espero que não me leves a mal.
De mim para ti, de ti para mim, porque há coisas que, tenho a certeza, só nós sentimos, só nós sabemos assim...
Mas sabes, às vezes, quando olho para ti, sinto uma dor cá dentro e ao mesmo tempo uma paz, e sei que vêm ambas de tudo o que atravessamos, hoje e há dez (ou mais!) anos atrás, e em todos os momentos deste entretanto...
E depois a paz subsiste, eleva-se e domina, e sei que é por isso: por tu existires. Por tu existires aqui.
Por isso te dei este endereço, porque sabia que, melhor que ninguém, saberias chegar ao que sinto, por trás de cada palavra que escrevo... E por isso te peço desculpa. Gostava que encontrasses aqui um conforto, e não o espelho da tua vida...
Ainda que seja, talvez, uma covardia dizê-lo aqui, porque não sei se já te disse com todas as letras, adoro-te! Sempre. Aqui ou noutro sítio qualquer, hoje e daqui a todos os anos que estiverem para vir. Acho que às vezes guardo demais o que sinto, e deixo passar e perderem-se coisas importantes.
Não quero que aconteça contigo.

sábado, 2 de outubro de 2004

É por estas e por outras...


... que vou dormir...

Nota: imagem daqui

sexta-feira, 1 de outubro de 2004

Olhos
Urgentes
Tocaram
Um
Beijo de
Riso
Ondulante

quinta-feira, 30 de setembro de 2004

Percebes?

em ponto morto não se sobem escadas

quarta-feira, 29 de setembro de 2004

Serviço de Voicemail - você chegou à minha caixa postal

Aguardei com uma certa ansiedade a chegada da noite.
Ouve, tu costumas cá vir?
Liguei-te. Hoje liguei-te.
Desse lado ouvi chamar, chamar, o meu telemóvel chamava por ti, e não sei se ouvias, se não ouvias, se dormias ou se sentias ao menos uma vibração no ar.
Tocou, chamou, berrou... E no fim, nem se ouviu a voz da senhora a dizer que não podias atender, para eu tentar mais tarde ou deixar uma mensagem a seguir ao sinal sonoro, e carregar no asterisco quando terminasse este monólogo incansável, que preenche o vazio do teu silêncio. Caramba, pá! Logo hoje que precisava de contacto humano, tinhas a senhora fora de serviço!
E depois abri estas janelas que simulam um mundo.
Vimos cá, olhamos para a frente como quem espreita novidades, do outro lado é zeros e uns, mas nem os vemos. Nesta vontade de mais contactos criam-se figuras, textos, fotografias, letras e mais letras, música e filmes e, vê lá tu... até pessoas!!! Sim, até pessoas esta coisa simula, como se elas existissem mesmo. É fixe, já experimentaste? Elas respondem mesmo, não é bem como aquela coisa de falar sozinho, enquanto do outro lado a senhora do telemóvel só espera que a gente carregue no tal asterisco... Estas pessoas quase que existem! Despertam estes sentimentos, e a gente ri-se, preocupa-se, e pensa nelas às vezes quando está no trabalho... Será que fulano está melhor da gripe? Será que sicrano conseguiu despachar aquele problema na Faculdade? Incrível, não é? Parece mesmo que são reais!
No fim de tudo isto podemos dormir mais acompanhados. Antes disso faz-se justiça àquela piada que circulou a net: abre-se a caixa do correio (também ela, obviamente, virtual) e sorri-se porque chegou um mail, mais alguém se lembrou de nós: um vírus replicou-se directamente para o nosso computador.
Brutal, durmo hoje muito melhor, não me sinto sozinha!
Vês? Não faz mal não teres atendido.
Não faz mal eu nem sequer ter ligado.
Não faz mal tu também não ligares, nem faz mal não chegarem cá mensagens tuas e eu não saber absolutamente nada do que são os teus dias.
Não faz mal tu não saberes nada dos meus.
A vida está repleta destas oportunidades.
Sem dúvida muito mais sentidas, vividas...
Sem dúvida muito mais reais.
*

Dia cheio, esgotado.

Dia cheio.
Caras, expressões, sofrimentos, olhos, sentimentos, sorrisos, mesmo assim tristes... Um desfile interminável que esgotou o dia antes que ele chegasse ao fim.
No caminho para casa senti a tua falta.
Abrandei, olhei para as estrelas na busca silenciosa de um caminho que me levasse até onde estás.
Mas lá estava ela, a lua.
Gorda e cheia, senhora da noite.
A sua luz ofuscou tudo o resto e deixou apenas iluminado o caminho que todos os dias me traz aqui... e que me deixa longe... cada vez mais longe.

O medo só traz mais medo...

Desde que me conheço, tentei educar-me, se se pode dizer assim, para valorizar, acima de tudo, a amizade. Quando digo acima de tudo, digo acima de tudo mesmo. Sim, há a família, mas também ela é uma forma de amizade, da mesma forma que alguns dos nossos amigos são como se fossem família. As fronteiras esfumam-se, os laços estreitam-se, gostamos incondicionalmente daquelas pessoas.
Do amor prefiro não falar... agora, pelo menos.
Habituei-me a fazer pelos meus amigos aquilo que gostava que eles fizessem por mim. Muitas vezes dei-me demais, sim, e às vezes não correu bem... Não se acerta sempre... Fiz milhões de asneiras que gostava de ter evitado, e magoei as pessoas de quem mais gostava, como toda a gente, suponho. Mas é curioso ver que apesar disso há aquela mão cheia de pessoas que vai ficando. Apesar das desilusões, dos tombos, ou simplesmente das distâncias que a todos os níveis nos separam, e que desaparecem quando nos juntamos de novo. Essas valem a pena. Essas compensam todas as outras em quem se investiu afecto, noites mal dormidas para dar colinho, olhares e palavras que se julgaram especiais, e que no fundo se perderam.

Para que servem as coisas que só nós lembramos?

Tinha razão em ter medo.
Ou talvez o medo seja a causa da minha razão.
Nunca vou saber...

terça-feira, 28 de setembro de 2004

Linear

As pessoas em relação às quais desenvolvemos as mais altas expectativas são as que mais nos desiludem.
E de quem é a culpa? Delas ou nossa? Há culpa?

Só isso...

E de noite veio o vento. Não era um vento agressivo, frio e desconfortável. Era um vento com personalidade, agarrava-nos com força, envolvia-nos com o seu abraço fresco e sufocante, levava-nos de volta ao Verão, às noites de praia, do tempo do liceu, em que se ficava no paredão até às tantas em conversas leves e soltas.... Este era o vento que trazia a lua cheia, gorda, sumarenta, um vento que abanava a rede vazia.
Fui à varanda e olhei à volta, para as árvores que sussurravam segredos umas às outras, para a igreja que se vê lá no cimo, para a rede que se agitava sozinha.
Hoje apetecia-me dormir nela, e apetecia-me um abraço. Só um abraço.
Que me protegesse do vento, que me adormecesse em silêncio...
Que estivesse ali.
isso....

segunda-feira, 27 de setembro de 2004

Mimadinha

Desde pequenina que as separações me assustam mais do que qualquer filme de terror, mesmo que sejam curtinhas. Era uma miúda insuportável, a minha mãe não podia estar a mais de 50cm de mim que eu desatava num berreiro. As minhas irmãs gozavam comigo à brava por causa disso. Tendo noção do ridículo armava-me em forte e pedia para passar uma semana fora, com uma prima, mas ao segundo dia tinha dores de barriga insuportáveis, e dores de pernas, e dores de tudo o que pudesse materializar a dor que tinha na alma, e que me fazia chorar desalmadamente, com saudades dos meus pais.
Uma vez fui com a minha mãe dormir a casa de uns amigos e durante a noite agarrei-me à carteira dela, sabia que não ia para a rua sem ela...
Não sei de onde veio este pavor, não me lembro de nada que o explique e acredito que não haja mesmo explicação.
Agora cresci (será?), as distâncias físicas e temporais não me incomodam se tiverem um prazo... Mas tudo o que percebo como definitivo traz de volta o mesmo sentimento de perda e de abandono, uma tristeza infinita que só o tempo apaga, e às vezes a muito custo.

Demoro 10 minutos daqui à casa nova da minha irmã.
Ela hoje já cá esteve.
Provavelmente, vou vê-la quase tantas vezes como se ela ainda aqui estivesse.
Qual é o problema, então???

Pois, eu sei: a resposta está no título...
E sim: sou a mais nova.

domingo, 26 de setembro de 2004

Sustos

E de repente, ao sair do escritório para o hall de entrada, vi-os: malas, sacos, caixotes.... A minha irmã estava ali empacotadinha, pronta para ir embora, e só me apetecia abraçar toda aquela tralha e não largar mais... E claro, lá veio o chato do nevoeiro!

Perfeito



sexta-feira, 24 de setembro de 2004

Receita

Falta de sono, horários completamente trocados, stress, cansaço acumulado, montes de trabalho, tudo para tratar nas últimas, à boa maneira portuguesa.... A receita certa para um mau-humor que vai daqui até ao último planeta do sistema solar e volta.
Parada dentro do carro à espera da minha mãe, completamente piursa porque ela tem carta mas não conduz, e eu tenho que servir de motorista mesmo que não me dê jeito, via os carros passar mais depressa que os minutos. Tinha um livro para me entreter (os quartos de hora dela esticam-se sempre, não percebo o fenómeno), e toda a gente que passava olhava para mim, só me apetecia atirar-lhes o livro à testa: "Estão a olhar para onde?!". E então, na janela de um carro, um miúdo, quatro ou cinco anos, ar reguila, olha fixamente para mim. Retribuo o olhar, sem mudar de expressão e ele, surpreendentemente, sorri... Tentei, mas não consegui evitar: sorri também.

Adenda: é mentira, não tentei nada!

Estamos sempre a aprender

Eu sei que me repito infinitamente aqui, e por isso peço desde já desculpa a quem se dá ao trabalho de ler isto, mas algumas coisas precisam mesmo de ser reforçadas, a ver se entram nalgumas cabecinhas...
O Aguarela Temperamental é um excelente blog: combina as confissões mais intimistas da sua autora com comentários ao que se passa no mundo à sua volta, numa mistura que resulta mesmo bem. As suas cores encaixam perfeitamente umas nas outras, revelando uma sinceridade comovente e uma doce generosidade, bem como ternura, carinho e sensibilidade fora do comum, e, como se não fosse já suficiente, tem uma inteligência arrebatadora e bem-humorada que o transforma num dos mais deliciosos blogs que já li até hoje. Genial, portanto.
E para rematar tudo isto, qual cereja no topo do bolo, é o teu blog!!!

Já sei que vens agora com essa conversa de que sou parcial, e tal e coisa....
Sim, claro que sou parcial. Mas tenho a certeza de que gostaria do teu blog mesmo que não te conhecesse, o que não acontece com outros (como este, por exemplo...)

Tira essas letras pequeninas e enche-te de orgulho! É mais do que justificado!!!
(e aproveita, ao tirar as letras pequeninas, e tira também o meu dessa lista, está um pouco deslocado...) ;)

Recadinhos





Amanhã, por esta hora, casa-se a minha irmãzinha mais velha.
Acho que nem tive tempo para pensar no assunto e ainda bem.
No meu habitual egoísmo penso que vai ser estranho deixar de a ter por casa, que vai haver espaço vazio que não fazia falta assim, que é menos uma pessoa para aturar os meus ataques de mau humor...
Mas além de tudo isso, e sabendo que com o tempo nos habituamos a (quase) tudo, quero que ela seja feliz. Não é pedir pouco, por isso não posso dizer "só isso"...
Ah! E apesar de ela não saber que eu aqui escrevo, deixo dois recadinhos (que já dei pessoalmente, para variar!):
Zezinho, fazes a minha maninha feliz ou fazes ou preparativos para a grande viagem.
Meninos, quero um sobrinho!!!! Rápido!!!

quinta-feira, 23 de setembro de 2004

De volta...




...e em grande!!!

quarta-feira, 22 de setembro de 2004

Voltei

Afinal talvez possa ainda hoje ser repetitiva numa outra dimensão, que não a das fotografias, a dos Calvins ou das letras de músicas, que se sentem sós como nós, porque aqui cai tudo no vazio do azul. Que dizem que é de onde cai a morte...
É nestas alturas.
Quando estou mais descansada.
Quando estou a pensar em qualquer coisa boa.
Quando me distraio...
Lá vem aquela sombrinha esconder-me o sol, aquela mãozinha fria apertar-me o coração, aquele mar tentar sair-me dos olhos.
E isto tudo até quando?
Alguém sabe?
Até quando???
Xiça...

A falta de inpiração combinada com a vontade de postar qualquer coisa...

Que cores são estas?

segunda-feira, 20 de setembro de 2004

Bom Conselho

"Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança

Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar

Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade"
Chico Buarque

Tenho vindo, nos últimos tempos a descobrir a música brasileira, a boa música brasileira.... Mas não só a música: a poesia, as palavras, as letras em perfeita harmonia com as notas que as rodeiam... Os bons conselhos...

Falta agora aprender a segui-los.

sábado, 18 de setembro de 2004

Sentiste?





Estive à tua beira....

Eu senti-te.

sexta-feira, 17 de setembro de 2004

Janela aberta





Já há muito tempo que não abria esta janelinha através da qual comunico com vocês que aqui vêm, e comigo que aqui venho às vezes também à minha procura, sem ter alguma coisa já pensada para aqui deixar... Tenho evitado ceder aos primeiros impulsos...

A vida vai andando e há coisas curiosas:
A mesma distância que me destrói por dentro quando é recente, acaba por me trazer a paz quando se prolonga. Não sei explicar isto, mas isto explica, naturalmente, todo o medo que tenho quando a proximidade se volta a aproximar.
A ocupação do corpo implica ocupação da mente, e com estes dois entretidos, o coração já não tem tempo nem companhia para os disparates habituais.
O tempo vai tratando das feridas abertas melhor do qualquer médico. Valerá a pena continuar a estudar? Pois, já sei.... há as outras, as outras feridas....

Fim de semana à porta, muito com que ocupar o corpo, o que resta do meu cérebro e, o meu lindo coraçãozinho. Espero que não só por arrasto...

quarta-feira, 15 de setembro de 2004

E eis que outro chega ao fim...

Não podia deixar de escrever que tenho pena.
Gostava do Cais da Ribeira quando comecei a ler blogs, e embora nos últimos tempos já não houvesse muito movimento de barcos de papel, continuei a ir lá, na esperança de que renascesse.
Além disso, a Paula foi a primeira pessoa que comentou posts meus.
E eu nunca consegui comentar os dela porque não consigo aceder ao seu sistema de comentários. Acho que tenho um problema qualquer com o Java, o que quer que isso seja....

O Cais da Ribeira morreu.
Dito pelas palavras da Paula.
Pelas minhas digo que vou sentir falta.

terça-feira, 14 de setembro de 2004

Este blog está tão inchado, mas tão inchado.......

Hoje cheguei ao meu blog e não o reconheci.
Não sei bem explicar porquê, é quase como um ar diferente, fora de sítio, qualquer coisa que estranhei, um cheiro a não sei quê que senti involuntariamente.... Enfim: não percebi o que se passava.
Mas depois segui-o onde sempre me leva, nos seus passos confiantes de todos os dias.
Agarrou-me a mão como um miúdo, quando nos puxa para vermos o último dos seus desenhos...
Neste caso a Aguarela...
A minha Aguarelinha está a crescer, sem fronteiras, cada vez maior neste espaço da blogosfera.
Imagino como estará orgulhosa....
Sei como eu estou, e sou!, uma madrinha babadíssima!!!!

Completamente fora!

Olha lá... E se te despachasses?
Estou farta de esperar!!!
Bolas! Se não encontras o tal cavalo podes vir a pé, o importante é que venhas!
Percebes?....

Pequenina nota de rodapé (sim, como se estivesse a dançar) (sim, estou cheia de piada, hoje, deve ser por ter adormecido e não ter estudado nem metade do que devia...): devo ser a pessoa que mais links faz para os seus posts. Ai já tinha falado nisto?...

Outro...

Este é um bocadinho diferente dos testes estúpidos que costumo deixar aqui.
Um excelente passatempo, tirado daqui.
(como se eu não tivesse já um excelente passatempo chamado Harry)


Teste de Einstein - teste de qi - Será que você consegue ???
Clique aqui e faça o teste de qi !

domingo, 12 de setembro de 2004

Catendé

Esta música é daquelas que vêm de mansinho, que nos enchem de um sentimento leve de paz, de que alguma coisa boa está para acontecer...
Faz bem à alma.

"Meu catendé ... (?)

Varre a voz o vendaval
Perdido no céu de espanto
Meu barco fere a distância
No disparo da inconstância
Me encontrei sem me esperar
Quanto mais o tempo avança
Mais me perco neste mar
E no rumo do segredo
Caminhei todo o caminho

Ei lá
Maré Brava Maré mansa
Ei lá
Vou na trilha da esperança
Ei lá
Vou no passo da alvorada
Ei lá
Mar amor enamorada

De segredo e de procura
Fiz do medo o meu amigo
E de força sempre pura
O meu canto se encontrou
E no fim da jornada
Vi meu canto crescer
Há tanto escuro na estrada
Esperando o sol nascer
Vou cantar pela vida
O meu canto de amor
Há tanta dor escondida
Tanto canto sem cantor


Ei lá Ei lá..."
Figueiredo, J.C./Pinto, A.C./Tavares, I.

Não conheço mais nenhuma versão, mas recomendo, sem qualquer dúvida, esta:
Vinicius de Moraes con Maria Creuza, Maria Bethania e Toquinho
Ao Vivo En La Fusa


Andava já há imenso tempo com vontade de deixar aqui a letra desta música. Há coisas que não percebo bem (se calhar por falta de "cultura brasileira"), por isso peço desde já desculpa por falhas prováveis. Não consegui encontrar a "original" em lado nenhum.
E já agora, se alguém encontrar a letra, ou, melhor ainda, a tablatura.... Agradeço! :)

Be careful...

Os desejos são uma coisa estranha.
Silenciosamente, vão aparecendo devagarinho, levantando a ponta do lençol, entrando dentro de nós sem nos darmos conta até se apoderarem de tudo.
Depois bem podemos tentar expulsá-los com um "XÔ!" bem forte, mas não adianta absolutamente nada, e se não queremos desejá-los ainda é pior, mais se enraízam, mas fortes se tornam, mais saudáveis crescem. Autênticos parasitas dos nossos sonhos, é a minha opinião.
Mas há situações graves, em que nós próprios desejamos que os desejos surjam, vamos-lhes dando de comer, deixamo-los dormir nas nossas camas, queremos que cresçam, que se avolumem, que se materializem e se tornem realidade. Estranho processo, também esse.
Dou por mim a querer desejar que este sentimento se realize, a toda a força. Antes mesmo de concretizar o desejar, quero concretizar o desejo. Será isso possível?
E faço-o de uma forma egoísta, quero que este desejo se imponha ao outro que cá está, que o diminua, que o amasse até ele não passar do chão, que o faça evaporar-se completamente, como o álcool quando o deixamos destapado. "Ah... Estava aqui alguma coisa?" Pois, isso mesmo.
E não me interessa que este desejo não seja construtivo.
Dou por mim a pensar que prefiro sofrer pela (quase certa) não realização da novidade do que pelo uso desgastado da relíquia que me persegue.
XÔ!!!!

sábado, 11 de setembro de 2004

Analgesia??? Tretas!

Como gostava eu de ter uma profissão que ajudasse no alívio das dores como tantas vezes prometem anúncios de analgésicos na televisão, nas revistas, nas montras das farmácias, e por aí fora... "Alívio rápido da dor"...
Tanto estudo, tantos testes laboratoriais, tantos ensaios clínicos, tanta treta...
Continuamos imersos nelas, nas nossas dores.
E como parecem físicas..... anginosas, até.

quinta-feira, 9 de setembro de 2004

Verdade IV

"Escrever, reflecti, deve ser um acto despido de vontade. A palavra, como a profunda corrente oceânica, deve subir à superfície impelida pelo seu próprio impulso."
Henry Miller - Sexus

quarta-feira, 8 de setembro de 2004

E ainda assim....

... partilho as FAQ's do Bruno...

E se calhar podiam acrescentar-se outras, mas fiquei bloqueada nestas quatro que ele fez, principalmente na última, que me deixou a pensar...
Será incompatível ter um blog e uma vida ao mesmo tempo?

Será que ninguém pensou ainda fazer um blog só com FAQ's sobre esta coisa que são os blogs, as relações que se estabelecem a partir deles, os sentimentos, os pensamentos, a forma como eles se imiscuem nas nossas vidas e depois não querem sair, por mais que se tente???

terça-feira, 7 de setembro de 2004

Há seis meses...

..comecei a deixar aqui as minha lembranças...

adoro fazer links para o meu próprio blog...

Percursos

Saí em busca de mim própria e acabei por me perder. Esqueci-me que de noite devemos sempre ter um mapa... Então, sozinha, gritei por ajuda, chorei por alguém que me viesse buscar... Esperei, tremi de frio e de medo, ouvi as árvores em sussurros e não percebi o que diziam, e ao longe os animais segredavam palavras incompreensíveis...
E aos poucos, ali sozinha no meio de mim própria, fui percebendo a mensagem: não há ninguém que me possa ir lá buscar para me entregar ao que de mim perdi. Há coisas que só nós sabemos nossas. Há coisas que só nós podemos encontrar.
Para isso, menina, não adianta chorar e espernear, ficar sozinha aos gritos por alguém, e tentar encontrar respostas em línguas estranhas...
É preciso levantar, sacudir o pó da saia e sair... continuar a sair à procura.

Trovoada

À noite o céu fechou-se, e a lua lá atrás estava linda... Mas aos poucos as nuvens reuniram em conferência, e a conversa não correu especialmente bem, porque acabaram por se exaltar, e os encontrões que deram umas às outras ecoaram pela terra despertando até os surdos (como eu!) do seu sono... E do céu vieram também pedras, pedras grandes, atiradas pelas divindades aos humanos: não somos mais fonte de inveja com as nossas vidas, o nosso dia-a-dia-a-dia-a-dia-a-dia, igual, repetido como uma cantilena monótona... Pedras frias, de gelo, para ver se acordamos deste torpor que nos envolve e começamos a olhar à volta, a reparar que há a estrada que vai dar ao mar, que há sapatos para calçar e caminho para andar...
A vida, essa não se faz sozinha. Precisa de nós.

domingo, 5 de setembro de 2004

Acorda para a vida!

Os amigos não se diluem na chuva como a terra molhada, quando vem o Inverno.
Os amigos não caem como as chamadas, quando há pouca rede.
Os amigos não marcam viagens para Marte, só de ida, sem volta.
Os amigos estão aí, onde sempre estiveram.
Essa é a vantagem dos amigos em relação aos amores: não desaparecem, não morrem.
A paixão até pode esmorecer, mas eles estão sempre lá. Vão estar sempre.
E se quisermos abrir os olhos, isso é tão claro como os relâmpagos que riscam os céus por estas noites.
As pessoas crescidas não têm ataques de estupidez destes.
Não conheço nenhuma que tenha tido.
Só eu.... que (pelos vistos) não sou crescida...

Traidores

"Os olhos são os maiores traidores de palavras que conheço"

Sim, também eu evito olhar quando falo das ausências, mas ao que parece já nem isso serve para esconder o que sinto (porque o que penso é diferente!).
O meu olhar é seguido, e quem o segue já sabe que encontra nele mais que todas as minhas palavras. E na verdade nem são assim tantas....

sábado, 4 de setembro de 2004

Entretanto O Bisturi desapareceu do mapa (eu pelo menos não o consigo abrir), e o último post que "li" tinha umas imagens, sem dúvida violentas, sobre este mesmo assunto: o aborto. A discussão nos comentários já nem civilizada se podia chamar...
Não sei se é esse o motivo do desaparecimento do blog, mas, seja como for, fico com pena.

Caramba...

E desta discussão toda, tenho apenas duas coisa a dizer: o Luís disse tudo: "A questão do aborto é uma questão de mulheres grávidas".

Acho uma grande hipocrisia a proibição da entrada do Borndiep no porto da Figueira (como em qualquer outro, aliás!). Mas também.... não é com estas hipocrisias que temos vindo a ser governados já há algum tempo???

sexta-feira, 3 de setembro de 2004

Falta..

..aqui um post.
Pela segunda vez, e curiosamente pelos mesmos motivos, apaguei um post.
Às vezes parece mesmo que a vida é como o mundo: redonda. Por mais voltas que dê volto sempre ao mesmo.

quarta-feira, 1 de setembro de 2004

deserto

Devia trocar este título com o do último post.
Este que agora escrevo é que não vai dizer nada.
Nada a não ser que estou mais uma vez off, e que por isso é natural que este blog também esteja, pelo menos até prova em contrário.
Não me tem apetecido escrever, da mesma forma que não me tem apetecido fazer nada do que tenho que fazer.
(e escrever aqui não é propriamente uma obrigação...)
Isto é uma fase, porque é delas que a vida é feita.
Quem sabe amanhã muda?

Setembro

Sete
Elfos
Trouxeram
Este
Mês,
Brincando e
Rindo,
Optimistas.

terça-feira, 31 de agosto de 2004

nada

silêncio
lua cheia
areia até perder de vista em todas as direcções





No deserto há a paz do silêncio, a calma das noites de lua cheia, o horizonte apenas com as nossas esperanças, as nossas emoções, o nosso futuro...
No deserto o nada que nos rodeia não nos oprime: não há o vazio das expectativas defraudadas.
No deserto podemos encontrar-nos, sem nos perdermos na busca.

segunda-feira, 30 de agosto de 2004

The usual

Ao ler os últimos posts apercebo-me, mais uma vez, que sou um verdadeiro arraso em Dramatologia...
Alguém conhece um bom psiquiatra?

Ai, ai......

Interrompemos este blog para dizer que o Gianecchini está melhor do que nunca na Cor do Pecado....
(em tempo de estudo podem ver-se todas as novelas e todos os filmes e intervalos publicitários, porque são muito mais interessantes do que em tempo de "férias")

domingo, 29 de agosto de 2004

Insónias

Lá fora avolumam-se escuridões passadas, dipostas a trazer o Inverno de volta.
Já dura demais o bom tempo, dizem.
O sol soltou um suspiro e enterrou-se do outro lado do horizonte, entre protestos coloridos de lilás e vermelho, mas não houve luta, não houve discussão, não houve nada...

O silêncio inunda-me e insiste em não me deixar dormir.
Tanto tempo passado e voltam as insónias, as noites em que danço comigo própria em voltas sem fim, sem encontrar nunca a posição que me dará o descanso.
Mal dormidas, as noites dão lugar a dias monótonos, iguais, passados na penumbra obscura das horas que não querem passar, que insistem em ficar, em durar, em aumentar a insustentável sombra do tempo que me tolda os sentidos, que me turva o pensamento, que me sufoca...

E na ânsia de respirar agarro-me aos braços que me rodeiam, mas não os afago: desfaço-os.

The "m" word

Não tenho o hábito de asneirar, mas o que mais me apetece fazer, é repetir a palavra m**** vezes sem conta até conseguir apagar a que fiz...
Impossível já sei, até porque, como sempre, não me privei de te envolver na asneira, fiz até questão disso.
Já nem há como pedir desculpa, algumas coisas já não a têm.
Sei disso.
Sei também que mais nada está a destruir uma das coisas a que dou mais valor: só aquilo que faço.
Só não sei como fugir disso, o que é de estranhar: fujo tão bem de tudo o resto....

CRESCER, CRESCER, CRESCER......... quando vou conseguir?

EUREKA!

Vivemos numa ditadura.
E nos últimos tempos acho que já nem podemos dizer que é camuflada.
Viva o 25 de Abril!

Aviso à navegação

Não entrem neste blog: não tomou a medicação e está em fase depressiva.

Cheers


Nota: imagem daqui.

É incrível como são as coisas mais simples que nos fazem mais falta.
Sem que tenhamos consciência disso, passamos os dias em gestos, em palavras, em olhares a que não damos valor, até só termos deles a ausência.
E agora, faz-se o quê, com ela?
Um brinde?...

Tenho saudades destes pequenos momentos.

Verdade III

Às vezes, quando me distraio, ainda me vêm as lágrimas aos olhos.

sexta-feira, 27 de agosto de 2004

Cheguei ao fundo do poço!!!

Ao sair do SU dei por mim parada nos semáforos a cantarolar, entusiasmadíssima, a música que estava a dar na rádio.
Um prémio a quem adivinhar.......

Bem, pensando melhor, aquilo é tão mau, tão mau, que mesmo que alguém quisesse participar neste passatempo fantástico da Muska, dificilmente lá chegaria....

E a resposta certa é.....
(soam os tambores...)

Nothing's Gonna Change My Love For You - Glenn Medeiros

(o que vocês não sabem é que tinha os vidros abertos.........)

quinta-feira, 26 de agosto de 2004

Como regar plantas pode ser mais violento que os 50Km em marcha...

A mim não me pedem para gravar episódios da novela, encomendam-me mesmo a clássica tarefa de regar as plantinhas...
Os meus pais foram de férias e deixaram os seus estimados vegetais aos cuidados das filhas, e hoje tocou-me a mim tratar deles... (coitadinhos, estão mesmo a imaginar, não?)
Não é um trabalho agradável: em cada canto, em cada janela, em cada vão de escadas, em cada varanda há uma, duas, várias plantas.... Isto hoje pareceu-me mais a floresta Amazónia, e o pior é que não há cá uns índios jeitosos que me venham dar uma mãozinha, e eu bem precisava, porque como é óbvio também não há uma torneira à mão (ou à folha) de cada uma... É que o sobe escadas, despeja regador, volta a encher, vai buscar mais que esta, coitadinha, estava com tanta sede!, desce escadas, ai que me esqueci das sardinheiras!, sobe escadas, caramba! pus demais e agora tenho que ir buscar a esfregona, volta a descer, volta a encher.... AIIII!!!! Não é fácil....
Meia hora depois a missão está cumprida...
Acho que este fim de semana vai haver leilão cá em casa...
Bem-vindos ao Horto!