De costas voltadas
Ali estava o mar.
Um tom azulado, uma água transparente como à volta nunca nada foi.
Aquela ilha não era bem o que tinha parecido no panfleto publicitário.
Era um tudo incluído que na verdade não incluía nada.
Para trás estava o que estava para trás...
Para a frente estava o mar...
O mar limpo, azul, transparente: onde se viam rochas, peixes, tubarões, cobras até.
Na verdade um mar nada aconselhável para uns mergulhos refrescantes...
E ao fundo surgiu a sombra de um barco, e era aquela a hipótese.
Quantos barcos apareceriam assim no horizonte, com um contorno imponente, forte e seguro, batalhando as ondas à medida que se aproximava?
Montou a tenda na praia.
Fez fogueiras e sinais de fumo.
Cantou músicas alegres e chorou outras tristezas.
Semeou no vento palavras doces de esperanças.
E os dias passavam, e o barco aproximava-se.
E todas as promessas se cumpriam naquele barco, afinal tão simples, cada vez mais perto...
E um dia o barco perdeu o leme, deu a volta e, de costas para a ilha, para o lume que ardia queimando lágrimas antigas, para as canções nocturnas dispersas alegres na brisa, partiu...
De costas voltadas...
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