Lá, do outro lado do mar...
Acho que descobri o paraíso.
Devia dizer um paraíso, não é?
Viajar é um grande problema porque rapidamente se transforma num vício. E infelizmente é um vício caro, embora se possa satisfazer com mais ou menos qualidades, e de várias formas, conforme os gostos do freguês (neste caso, do viajante) em questão.
Ali faz calor, dizem que faz o ano todo...
Mas é Primavera, e as cores dominadas pelo verde inundam as estradas, as praias, a comida, as bebidas...
Descobri uma terra saborosa, onde as pessoas são gentis e bem humoradas, onde o sol é alegre e bem apimentado como as comidas, onde os cheiros sobem no ar com notas perdidas de música ritmada, mais depressa ou mais devagar, e nos turvam os movimentos com bebidas fortes, doces...
Não fiz o meu tipo de viagem: gosto de conforto mas não faço questão de luxo...
Gosto de ir à descoberta, mas os meus companheiros não se prestaram à aventura...
Se calhar por isso volto com uma sensação incompleta, de tudo o que havia para ver e não foi visto.
Mas tudo foi bem...
Ao fim de dez dias sinto-me como se tivesse estado fora alguns meses.
A realidade esteve bem longe de mim.
Descansei e ri, comi e bebi demais, mergulhei no mar verde e azul vezes sem conta, senti o gosto salgado do sol na água, e deixei o corpo fazer parte das ondas até que as preocupações, os medos, as saudades, as emoções... tudo se dissolveu ali, por entre algumas algas e águas vivas...
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