terça-feira, 11 de novembro de 2008

A Muska já não mora aqui

Até qualquer dia, em qualquer outro lugar.
Obrigada.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Passaram mais de dois meses

O tempo, sempre o tempo: o que fazemos, o que não conseguimos e o que não devíamos ter feito, à medida que o tempo passa.

Vou vendo as coisas mais de longe, o que me permite, se não mais clareza, pelo menos mais calma. E esta é a serenidade que me fazia falta para voltar a estar bem comigo, com os outros, com a vida.

Talvez seja verdade: o segredo de uma boa relação é manter sempre uma certa distância. Olhando à volta não vejo muito de pé, vejo ruínas, só. Por isso percebo que talvez fosse melhor ser assim, mas ainda não me converti à religião da indiferença.

De resto....

Não pensei não voltar a escrever aqui, vou-me acomodando aos meus próprios vícios. Houve um momento em que ponderei começar do zero, do branco ou novamente do azul, mas depois percebi que não faz sentido. Aqui está a história amplificada dos meus dramas, tal como os vivo. Aqui me vou imprimindo sem negativo, crua, como me saio.

Vou passando, à medida da necessidade.

domingo, 13 de julho de 2008

As horas em que o blogger devia impedir-me de escrever. Parte XX.

O mais curioso é eu enganar-me a mim própria.

Há coisas que me doem para além do inimaginável. Do suportável.
Será da hora? Da envolvência?

Não faço ideia.

Fico na minha concepção de que há um caminho, uma solução, mas quando descubro que a estrada já foi caminhada milhões de vezes, que já é conhecida por todos, fico triste. Fico triste porque ninguém me avisou que era assim. Porque posso caminhar quilómetros à espera daquelas palavras, daquele olhar, daquele gesto que jamais existirá, e o meu caminho é vão.

Não serve para nada.
Ninguém o vê.
Ninguém o sente.

Esta é a hora a que o blogger devia impedir-me de escrever.

Mas ninguém tem mão em mim.
E o mais triste é o mar cair dos meus olhos, como se não houvesse gravidade, e eu perceber que nem eu tenho... Nem eu tenho mão em mim.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

olá, estou a viver numa realidade paralela

Ando um pouco esbaralhada (diria alguém que conheço).
Outro alguém diria ainda que a falta de sono tem destes efeitos, não sei o que se passa que há uma semana não durmo de jeito, é só ver-me abrir os olhinhos a cada hora, como se fosse um relógio de cuco mudo.

Tinha algumas coisas para escrever, são normalmente aquelas que acho que não vale a pena dizer, ou que acho que não posso dizer, embora essas ultimamente também não venham aqui parar, porque não acho justo escrever aquilo que não sou capaz de dizer.

As pessoas que confiam em nós tornam-nos dignos de confiança.
Não o digo eu, conheci-o como a filosofia de educação dos meus pais, como em responsabilizar para tornar responsável. E senti-o há pouco tempo, quando aquela mãozinha pequenina se estendeu e agarrou na minha, em jeito de confiança total. Posso merecer essa confiança? Esforçar-me-ei, como se estivesse a começar de novo.
(sim, mais umas vezes...)

As pessoas que nos fazem bem tornam-nos melhores pessoas.
(e é incrível a forma como isto funciona!)
Tenho tanto medo de me convencer que quero e posso ser melhor, que me ponho travões, mas eles não travam. Continuo a não ser capaz de agir racionalmente, a não ser capaz de dosear, e corro o risco de ser como sempre sou: exagerada. Depois penso que não tenho que dosear, só tenho esta vida, se quero dar-me a quem não posso e a quem não devo só porque o gaijo manda, então hei-de dar-me, e as consequências sofro-as depois.

Sofro sempre, já sei. O que me leva a outra:

As pessoas que nos fazem mal tornam-nos piores pessoas.
A culpa não é delas, não escolheram fazer-nos bem nem mal. Mas a culpa também não é minha. Não há culpas, portanto. Portanto não sei porque sinto que preciso de atribuir responsabilidades.

Conseguirei eu um equilíbrio no meio disto tudo? Não.
Se não fossem oito da noite de um dia de uma semana de trabalho podia sugerir que a pessoa que está a escrever isto tinha bebido uns copos a mais.
Como não bebeu talvez tenha desequilibrado de vez. Não questiono.

O sono ajuda a que os travões não funcionem, e eu sinto-me a descer quase em queda livre.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

A poesia da dor

Queria um poema.

Ultimamente mais do que posts estúpidos escritos em catadupa como este, mais do que músicas que ouço repetidamente enquanto lhes esquadrinho as letras à procura do que sinto (saberei o que é?), eu queria um poema.

O tempo dilui-se, às vezes acho que com suavidade.

As pequenas batalhas do dia-a-dia, com as suas pequenas vitórias e as suas pequenas derrotas, ganham pequenas importâncias que se sobrepõem a tudo o que terá o seu grande valor.

E eu, que queria um poema, esqueço-me da poesia da dor e rasgo-me em risos fáceis em resposta a piadas fáceis, banais.
Os dias passam (banais) e subsiste uma calma, uma paz, delicadas, que estalam em crostas dolorosas quando o dia-a-dia se aproxima ritmicamente do fim e é preciso um plano de fuga.
E eu, que alterno os dias em que enfrento os medos com aqueles em que me rendo a eles, fujo, quero muito fugir, porque sei que estou a travar uma guerra em que eu sou a minha única e fiel inimiga.

Os outros partiram, já, observam-me de longe, do outro lado dos campos que apenas para mim se mancham de batalhas.
Nos seus olhos leves, alegres, há flores, há praias com sol, há mares azuis.
Nos meus há a angústia de quem vê chegar o verão sem um plano de fuga.

Eu, que queria um poema, talvez devesse desejar um mapa.

Pé à frente de pé, olho feito máquina que tenta olhar um outro horizonte.
Será diferente?
Será o meu horizonte diferente?
Não consigo achá-lo igual.

E nos olhos o mar, e a areia branca ou levemente amarela, áspera nos pés, na pele que a agarra às mãos cheias.
E nas mãos a areia, a água que escorre e que é tempo, tempo que eu queria para os meus olhos, para que eles não sentissem.
Para que vissem apenas...
Tempo para eu desejar um poema pelo poema, e não pelas palavras que me escapam com raiva quando ninguém está para as ouvir, não pelo meu coração que bate dor dor, dor dor, dor dor, dor dor...

E fujo.

Aos poucos vou adquirindo pequenos medos, quase fobiazinhas de estimação.

Começo a sentir o ritmo cardíaco aumentar, perco o sono e o apetite, sinto uma espécie de náusea, uma retracção, uma necessidade incontornavelmente física de fugir.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

E ainda dizem que a idade não traz coisas boas...

Ultimamente descubro-me frequentemente a milhas de distância do sítio onde está o meu corpo.
Curiosamente isto, que é inconsciente, acontece mais quando não me agrada ou não me interessa muito o que se passa na minha proximidade física.

domingo, 8 de junho de 2008

As coisas que eu descubro....

Uma semana de noites mal dormidas ajuda a combater o stress.
O meu vizinho usa meias que são a bandeira de Portugal.
Se souber que te vou ver ainda me preocupa o meu aspecto.
Podem fazer-se selos com a nossa cara.

Além do mais, gostava mesmo muito de ter um cão de louça ali no meu corredor.

(pode não parecer, mas é tudo conhecimento útil!)

quinta-feira, 5 de junho de 2008

e a solução, é qual?

tenho breves momentos de lucidez em que percebo que é muito verdade aquilo que ficou ali em baixo: perde-se a vida a desejá-la tanto.

cresce, cresce



O meu coração é uma maçã: tem quatro buraquinhos lá dentro e um bichinho que o vai comendo devagarinho.
É por isso que às vezes me dói.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Assim disse a minha Aguarelinha

(e que falta ela me faz...)

"Perder um amigo é perder um amigo.
Perder um namorado é perder um namorado.
Eu sinto tudo como um desgosto de amor."

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Perde-se a vida a desejá-la tanto



"Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada."
Miguel Torga

domingo, 1 de junho de 2008

Eu e as palavras, elas e eu...

E há alturas em que não sobra nada para dizer.
Pontualmente, ritualmente, obrigo-me a caminhar sobre as letras, escolhendo, como num passeio, as que devo pisar e as que tenho que evitar, jogos infantis em que se perde se se chegar ao fim da linha.
Ou se se calcar a linha?...

sábado, 31 de maio de 2008

Infelizmente nem sempre o que é bom para nós é bom para os outros.

Talvez pelos mesmos motivos me ache, às vezes, comodista, pouco apreciadora de novidades.
Costuma dizer-se que em equipa vencedora não se mexe....

E eu tenho, sem dúvida alguma, dificuldade em lidar com alterações*.

*alteração | s. f.
derivação fem. sing. de alterar

do Lat. alteratione

acto ou efeito de alterar;
mudança;
modificação;
corrupção;
degeneração;
decomposição;
motim;
alvoroço.

Reconhecimento*

Há pequenos gestos, expressões, brincadeiras, olhares, que aprendi a amar nas minhas pessoas.
É possível amar mais alguém graças a essas mesmas coisas?...
Quando, passado tempo, algum, às vezes muito, me deparo com detalhes que se mantêm inalterados, maravilho-me: inunda-me uma ternura, um amor imenso....

E acho que sim, isso distingue as minhas pessoas das outras, essas capacidade de me inspirar coisas boas, sãs, perenes.

*reconhecimento s. m.
derivação masc. sing. de reconhecer

acto ou efeito de reconhecer;
sentimento de gratidão;
exame;
averiguação;
inspecção;
ratificação;
gratidão;
recompensa;

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Não choveu hoje, aqui.

Abandonei finalmente o livro que folheei sem ler durante grande parte do meu tempo "livre" para vir escrever este post. Fiquei de contar uma história amanhã, mas esqueci-me que é dia de ir à fábrica, por isso talvez não haja tempo. Se houver terei que usar alguma imaginação.

Ora usar a imaginação é uma grande maçada. Nem sei bem se ela não tem ferrugem, se os rolamentos deslizam bem uns sobre os outros, se não vai desatar numa chiadeira infernal e acabar por estragar a linda história que talvez tenha que contar amanhã.

Será que deixo a minha vida entregue aos talvez, a escorregar, como se nada fosse decisão minha, e tudo me acontecesse? Talvez não seja bem assim. Tenho tomado várias decisões. A maior parte delas é bastante estúpida.

Fico contente por ter pousado o livro para vir escrever este post.
Tinha pensado num poema, mas nenhum me encheu as medidas.
(Não estarei suficientemente triste? Não estarei apaixonada? Não estarei sensível?)
E tinha duas músicas que podia deixar aqui, mas não acho as letras consistentes o suficiente com o que me vai da alma até à ponta dos dedos.

Talvez a minha alma não esteja ligada aos olhos, não consegui ler quase nada.

Em todo o caso.... escrevi um post...

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Respirar fundo...

...dez, vinte, cinquenta e quatro vezes, e as que mais forem precisas.

Porque há coisas que são, mais que precisas ou necessárias, essenciais para eu poder respirar.

Não sei o que dizer

E acontece-me tanto, não saber o que dizer, engolir as palavras a seco, senti-las escorregar lentamente garganta abaixo e ser, ainda assim, capaz de evitar um ataque de tosse...

No vazio dos momentos sós tenho acessos perfeitos de verborreia silenciosa, de monólogos em que discorro abundantemente sobre o que sinto, penso, quero, evito...
Mas ao abrir a boca os sons enrolam-se devagar, formam uma enorme massa de vazio que ecoa contra a língua e os dentes, e nem o ar da respiração é expirável com naturalidade.

O lugar das palavras ocupa-se de silêncio.
O silêncio ocupa-se da distância que vai de mim aos outros.

terça-feira, 20 de maio de 2008

ouvido de passagem #10

"we are each others' keepers"

se é assim, porque não levamos a nossa tarefa a sério?

Disse-lhe, e nesse momento vieram-me as lágrimas aos olhos, que tenho vindo a perceber que a felicidade de alguém é sempre, inevitavelmente, dependente da infelicidade de outra pessoa. E ela assentiu. Não sabe o que é a vida, para que é a vida, quem responde às perguntas que nos esmagam o peito. Ela é mais velha, viveu mais, e não sabe. Eu também não sei. Mas vou sabendo estas pequenas coisas, como o facto de a felicidade de uns ser a infelicidade de outros.

E para que me serve saber isso?...

1:80?

E o tempo foi passando, diluindo o que quer que houvesse para dizer.
Era importante? Seria...

Nos dias que se sucederam sucederam-se turbilhões de sentimentos, de palavras, de imagens, numa mistura inqualificável de tudo o que há de melhor e de pior em nós.

E agora que se abrem as portas à minha frente temo o vazio que me espera do outro lado do patamar, hesito, não quero dar o passo que me levará por outros caminhos.

Podia dizer que tenho medo. Que esse medo aumenta a cada porta que se fecha. Que mesmo aumentando diminui, porque vou percebendo que não há muito mais a esperar. E não quero perceber que não há mais a esperar. Prefiro ter medo?...

Não me importo?

Não me importo de responder e não me importo se chego atrasada porque acho que ainda venho a tempo, não me importo se me parece pouco importante o que não me importa, não me importo se sou feliz ou infeliz desde que me importe com quem me importa, não me importo de não saber para onde vou porque apenas me importa saber com quem vou, não me importo se sou infantil porque me importa continuar a rir.....

E importo-me com o facto de quebrar aqui a corrente em que o cbs tão gentilmente me incluiu, mas não há a quem passar o desafio...

terça-feira, 6 de maio de 2008

Dá um mergulho

"O vento não é novo, aqui.
Viaja depressa sobre o mar, mas esquece-se do sal, da água, do sol que tenta aquecê-lo.
De cada vez que entro, que sinto a água fria, que me obrigo a mergulhar, é como se regressasse à segurança de uma casa familiar, de um abraço de braços muito abertos à minha espera, fechados depois com firmeza e calor sobre o meu corpo.
Pertenço aqui, onde estou protegida de tudo o que me faz mal lá fora, onde o vento sopra frio."
01.05.2008

E ainda assim, há que continuar à procura

"Passo a passo, os pés escorregando sob o peso do corpo para dentro da areia, a pele sentindo a aspereza molhada do chão da praia.
Lembras-te? Estivemos aqui, já.
De cada vez que as ondas se abatem sobre as rochas lembro-me do teu riso, a água salgada sabe-me a beijos roubados, alegres, cúmplices, e o mar enrola-me nas recordações da tua presença firme, segura.

O tempo foi passando.
Fazendo as contas percebo que passou demais.
Horas, dias, meses que se juntaram para nos separar (e é tão fácil responsabilizar o tempo para me desculpar).
Sim, passou tempo a mais.
Por entre as entranhas dos momentos devolvo-me aos ses, às suposições, às dúvidas que alimento na certeza de que não voltará a haver alguém.
Não como tu."
30.04.2008

domingo, 20 de abril de 2008

Velhas estradas, mesmos caminhos

Já há muito que não fazia a viagem a esta hora, com a estrada toda por minha conta, estendendo-se interminável à minha frente. Com a música certa volta a velha sensação de que podia continuar para sempre. Será que não me falta mais nada?...

Dei por mim a pensar, mais uma vez, em como tudo isto é tão estúpido, em como por coisas tão estúpidas como estas se perdem coisas tão grandes, e em como, mesmo com a experiência, o conhecimento, e a percepção racional do que acabo de escrever, tenho tanta, mas tanta dificuldade em ser uma pessoa diferente.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Reencarnação

Por entre a música que soa baixinho consigo ouvir a tua voz, antever a alegria do teu riso... No escuro desenham-se os teus olhos, abrem-se enormes e profundos à minha frente, e sinto-me escorregar devagarinho, perdendo aos poucos o chão que me segura os pés.
À medida que o tempo passa sinto-me cada vez mais longe da realidade à minha volta, e isso não me aproxima de ti, embora seja perfeitamente capaz de te inspirar de cada vez que respiro.

Há coisas com pessoas que não têm espaço dentro das dimensões que reconhecemos como normais.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Tábua de salvação

Não sei bem o que tinha para escrever hoje.
Qualquer coisa só para dizer que escrevi?...

Já não tenho idade para noites em branco, passo o resto da semana em lenta recuperação.
Mas há excessos calculados, para que algumas coisas sejam aproveitadas ao máximo, sejam os meus amigos, sejam coisas que gosto de fazer.

E há coisas que gosto de fazer que me ajudam a ficar à superfície, a conseguir respirar.

Cada vez mais um pouco mais do que isso...

terça-feira, 8 de abril de 2008

Sempre assim?....

A chuva não parava de cair do céu, acrescentava uns quilos mais aos que já trazia, mas isso não me impediu de continuar.
Os músculos ressentem-se, a respiração torna-se difícil, o coração parece rebentar a qualquer momento. Mas de repente a música faz sentido, como faz a água gelada a escorrer pela cara abaixo, e penso que posso continuar até ao fim, até onde for preciso, um pé atrás do outro, a cabeça levantado-se nos ombros, os lábios murmurando uma melodia.
É sempre assim: mesmo quando achamos que não é possível dar mais um passo, há um pé que passa à frente do outro, e outro que o segue, e vamos avançando. Primeiro com esforço, depois com resignação, aos poucos com vontade.
Engano-me (ou distraio-me?) e penso que estou no bom caminho.

ouvido de passagem #9

"Há quem sonhe com coisas que aconteceram, e explique porquê.
Eu sonho com coisas que nunca acontecerão e pergunto: porque não?"
(não sei quem disse/escreveu...)

domingo, 6 de abril de 2008

Preciso mesmo de um oftalmologista....

"Para encontrar os outros é preciso vê-los.
Para poder acolher os outros, é preciso que se tenha espaço. Esvazia-te!
A grandeza humana mede-se pelo poder de comunhão. Não pela dimensão da riqueza."
CBS, La force des choses

É, podia....

Não podendo estar onde mais queria por limitações físicas, procurei-me onde mais gosto de me encontrar...

Podia falar do tempo, como tanto gosto de fazer.
Podia dizer que passou, como passa sempre ligeiro, às vezes demais.
Podia dizer que me lembrei da última vez que ali estive, e que pensei em como está tudo tão diferente e tão igual ao mesmo tempo.
Podia dizer que sei exactamente quais são as coisas que me faltam, e que tenho a perfeita noção de estar sempre à procura nos sítios errados, nas alturas erradas, nas pessoas erradas.
Podia dizer que o faço conscientemente, que me disponho a aceitar as consequências, e a não me arrepender.

Posso achar que não vale a pena o investimento emocional, mas dificilmente me arrependo daquilo que faço assim, seguindo de livre vontade o gaijo que me conduz...

Distraída

Tenho plena consciência de estar a enganar-me.
Enganar-me talvez seja demasiado "forte".
Estou a distrair-me.

À medida que o tempo passa vou acreditando em mim própria e a distracção já não é aquilo que serve para eu não sentir. Começa a ser o que sinto, e o resto passa a ser o que me distrai.

Já não acredito que não haja danos colaterais.
Suspeito que serão graves, mas não está nas minhas mãos evitá-los.

E isso sim, tenho que aprender a aceitar.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

É verdade.

Começou mesmo a primavera, se havia dúvidas elas dissiparam-se rapidamente.
Está calor, mas não é só isso.




Começa a sentir-se um quase-cheiro no ar, é o sol forte, os pólens que voam indiscriminadamente por onde o vento os leva, são as pessoas com os olhos mais abertos, os narizes e os ouvidos, com mais paciência e mais sorrisos.
São mil e quinhentos festivais de música que vão de norte a sul do país num curtíssimo espaço de tempo e de quilómetros, são as praias, o mar, o mar, o mar e o mar.... é o verão que está a chegar.

(e toda a gente sabe que o verão é a minha estação preferida. se eu fosse tgv parava sempre lá)
(cheia de graça, eu... é da primavera.)

terça-feira, 1 de abril de 2008

o mais curioso...

...é que nada disto é mentira...

(ou será este blog, todo ele, uma grande mentira azul?)

Just for one day....

"I... I wish you could swim.
Like the dolphins-like dolphins can swim.
Though nothing-nothing will keep us together.
We can beat them-for ever and ever.
Oh we can be heroes-just for one day.

I-I will be king.
And you-you will be queen.
Though nothing will drive them away.
We can be heroes just for one day.
We can be us just for one day.

I-I can remember (I remember)
Standing-by the wall (by the wall).
And the guns-shot above our heads (over our heads).
And we kissed-as though nothing could fall (nothing could fall).
And the shame-was on the other side.
Oh we can beat them-forever and ever.
Then we could be heroes-just for one day.
We can be heroes (3X)
Just for one day.
We can be heroes.

We're nothing, and nothing will help us.
Maybe we're lying, then you better not stay.
But we could be safer, just for one day.
Oh, oh, oh, ohhh-oh, oh, oh, oh, just for one day.
Oh, just for one day."
David Bowie

Sentir é estar distraído?

Não se trata de curar, trata-se de mitigar.
Acho que se me distrair não sinto...

há coisas que fazem bem à alma

casa
jantar
meia dúzia de pessoas importantes
duas ou três garrafas de vinho
calma
gelado de nata
conversas
café
risos
chocolate
coração

Tramado é uma palavra de que eu gosto
(mesmo não gostando do resto)

O tempo e a distância fundem-se, e torna-se difícil distinguir quem faz o quê.
Existem dois tipos de saudades: as que desaparecem quando estamos, e as que se agravam quando estamos.

E as últimas são, difinitivamente, tramadas...

domingo, 30 de março de 2008

Quantas mãos são precisas?

"Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas."
Cecília Meireles

Ora, ora...
(ou devia dizer oinc?)

...tenho um porquinho que é a minha cara...

segunda-feira, 24 de março de 2008

Pela Primavera...

...porque nem tudo é chuva e frio.


"No mistério do sem-fim
equilibra-se um planeta.

E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,

entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta"
Cecília Meireles

Já dizia o António....

Depois de cinco noites seguidas com poucas horas de sono, eu, que já há muito não conhecia insónias, decidi vencer-me a mim própria pela cansaço.
Procurei o material guardado há meses, e saí para o frio, até me esquecer das outras dores para sentir só as do corpo.
Tenho esperança que isso sossegue os fantasmas, que cale as suas vozes, e que durma hoje descansada.

Remar remar

"Mares convulsos, ressacas estranhas
Cruzam-te a alma de verde escuro
As ondas que te empurram
As vagas que te esmagam
Contra tudo lutas
Contra tudo falhas

Todas as tuas explosões
Redundam em silêncio
Nada me diz

Berras às bestas
Que te sufocam
Em braços viscosos
Cheios de pavor
Esse frio surdo
O frio que te envolve
Nasce na fonte
Na fonte da dor

Remar remar
Força a corrente
Ao mar, ao mar
Que mata a gente"
Xutos & Pontapés


Não é a primeira vez que me encontro de remos na mão, a tentar a todo o custo subir o rio, como se fosse um salmão em luta pela sobrevivência da espécie.
Apesar de tudo, baixar os braços não é o mais fácil.

Gostava de explicar porquê, mas não posso.

sábado, 22 de março de 2008

Telefone avariado

Talvez não seja difícil escrever as palavras certas, mas é difícil acreditar que serão lidas como as sinto.
É o risco da comunicação, aquilo que tentamos transmitir nem sempre chega nas melhores condições ao outro lado.

Às vezes tenho a sensação de estar a meio de qualquer coisa.
Percebo com clareza de onde vim, mas não sei onde estou nem para onde vou.
E em determinados momentos parece-me que há qualquer coisa que está mesmo à minha frente e que não consigo ver. Sei que está, em breves instantes quase lhe adivinho os contornos, mas depois não consigo ver.

É frustrante, porque acho que é simples (mas não necessariamente fácil), deve bastar um click... e resolvia tanta coisa.....

quarta-feira, 19 de março de 2008

Vira o disco...

...e toca uma diferente, por favor.

segunda-feira, 17 de março de 2008

#/&%!!!##

pela terceira vez no curto espaço de seis dias deixei queimar o que estava a cozinhar

fico contente por não ser rapariga de dizer grandes asneiras
assim o blog está cheio de palavras lindas como xiça, rais'coma, e afins...

diários (ou quase) - parte x

"Quando olho à minha volta percebo que é verdade.
A maior parte das pessoas conseguiu a sua estabilidade, a sua felicidade, a sua forma mais suave de estar na vida à custa de algum egoísmo.
E entro novamente nas considerações que fiz , acerca de crescer, ser mais feliz e mais egoísta.
Dou por mim, de repente, quase a não querer ser feliz se isso implica perder ainda mais vezes do que perco a noção do que se passa à minha volta."

05.01.2008


Serve-me de alguma coisa, esta teimosia?
(a juntar ao egoísmo que também tenho)
Teimosia, assim mesmo, porque é de quem bate com a cabeça mil vezes e insiste em continuar a bater...

Teimosia, masoquismo burrice, orgulho?....
Em todo o caso, defeitos.

Sempre defeitos.

[adenda: e eu sei que é fácil apontar defeitos, mais difícil é saber sempre como agir correctamente...]

domingo, 16 de março de 2008

Eu tenho um fraquinho pela América do Sul



As paisagens, a música, o clima, os corações...

Às vezes pergunto-me o que é que ainda estou aqui a fazer.

Poema triste

"Mãe, eu quero ir-me embora – a vida não é nada
daquilo que disseste quando os meus seios começaram
a crescer. O amor foi tão parco, a solidão tão grande,
murcharam tão depressa as rosas que me deram –
se é que me deram flores, já não tenho a certeza, mas tu
deves lembrar-te porque disseste que isso ia acontecer.

Mãe, eu quero ir-me embora – os meus sonhos estão
cheios de pedras e de terra; e, quando fecho os olhos,
só vejo uns olhos parados no meu rosto e nada mais
que a escuridão por cima. Ainda por cima, matei todos
os sonhos que tiveste para mim – tenho a casa vazia,
deitei-me com mais homens do que aqueles que amei
e o que amei de verdade nunca acordou comigo.

Mãe, eu quero ir-me embora – nenhum sorriso abre
caminho no meu rosto e os beijos azedam na minha boca.
Tu sabes que não gosto de deixar-te sozinha, mas desta vez
não chames pelo meu nome, não me peças que fique –
as lágrimas impedem-me de caminhar e eu tenho de ir-me
embora, tu sabes, a tinta com que escrevo é o sangue
de uma ferida que se foi encostando ao meu peito como
uma cama se afeiçoa a um corpo que vai vendo crescer.

Mãe, eu vou-me embora – esperei a vida inteira por quem
nunca me amou e perdi tudo, até o medo de morrer. A esta
hora as ruas estão desertas e as janelas convidam à viagem.
Para ficar, bastava-me uma voz que me chamasse, mas
essa voz, tu sabes, não é a tua – a última canção sobre
o meu corpo já foi há muito tempo e desde então os dias
foram sempre tão compridos, e o amor tão parco, e a solidão
tão grande, e as rosas que disseste um dia que chegariam
virão já amanhã, mas desta vez, tu sabes, não as verei murchar."
Maria do Rosário Pedreira

Eu ainda não quero ir-me embora, o que me leva a pensar que há uma réstia de esperança a guiar-me de um sítio qualquer. Só não sei que sítio é esse......

xiça!

poucas coisas são tão difíceis como sentir a falta de alguém que está ali, mesmo ao nosso lado....

sábado, 15 de março de 2008

estou indecisa entre as verdades e os ouvidos de passagem

"o amor é uma longa paciência"
Eugénio de Andrade


(e eu, com tanta paciência para algumas coisas, e tão pouca para outras...)

sexta-feira, 14 de março de 2008

que é como quem diz...

...vai-te embora, ó papão!

pain killers



é preciso um sorriso franco, aberto, brilhante, que vá além dos lábios
é preciso uma mão que apanhe a outra antes que se esgote o gesto de estar pendente no fim do braço esticado
é preciso um silêncio suave a cercar-nos, a juntar-nos
é preciso cumplicidade
é preciso intimidade
é preciso um olhar intenso que atravesse cada camada da pele, que se segure e perdure
é preciso um só porque sim
é preciso dois braços a fechar um corpo, outro corpo que se encoste e aperte
em suma, é preciso um abraço

é preciso um poema que se erga assombroso
e esmague as dores


para não ceder ao cansaço, para continuar a acreditar... para querer acreditar.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Da série vejam que vale a pena



Não necessariamente por esta ordem, embora tenha, definitivamente, gostado mais do Vermelho. E acho que faz algum sentido que seja o último...

Dúvida #?

O egoísmo é condição sine qua non para se atingir a felicidade?

Íssimo #2

Há momentos em que me sinto cansada, em que me falta a energia, as forças necessárias para acreditar que é possível...

Não é a primeira vez que passo por isto.
Será a última?...

terça-feira, 11 de março de 2008

É terça-feira...

"É terça-feira
e a feira da ladra
abre hoje às cinco
de madrugada

E a rapariga
desce a escada quatro a quatro
vai vender mágoas
ao desbarato
vai vender
juras falsas
amargura
ilusões
trapos e cacos e contradições


É terça-feira
e das cinzas talvez
amanhã que é quarta-feira
haja fogo outra vez
o coração é incapaz de dizer
"tanto faz"
parte p´ra guerra
com os olhos na paz"
Sérgio Godinho

domingo, 9 de março de 2008

Cá está.....

"Habituar-se a impor-se regras, limites, fronteiras, na convicção plana de tudo se ir tornando mais simples a cada prova subjugada, para depender menos a cada dia, para deixar de tomar garantes das pessoas e das expectativas e das coisas. Embalar um striptease lento e gradual, exfoliando as camadas que deixámos acumular sobre a derme. Reduzir ao singelo, ao seminal, ao seminu. Não possuir para não perder, não experimentar para não precisar. Respirar apenas, sem apneias ou aplestias."
do Complicadíssima Teia (via Little Black Spot)

Cromo repetido

"Ama-me quando eu menos merecer porque é quando mais preciso"
(não sei quem escreveu)

É (ou era?) agora....

Anestesia

Devia ter feito muita coisa que não fiz.
Passei todo este tempo a anestesiar-me da única forma que sei: isolando-me.
Sei que não resolve nada, estará até a degradar mais (é possível?...) algumas construções que me são essenciais, mas não estou a ser capaz de agir de outra maneira.

Parestesia

Para que servem as coisas que sentimos, se os gestos, os olhares, as palavras saem errados, nos momentos errados, sempre, sempre errados?...

sábado, 8 de março de 2008

Espantem-se!

Parece que este blog sobrevive há exactamente quatro anos.
Sobrevive é, definitivamente, a palavra certa...
Já esteve suspenso, às vezes por um fio, mas depois aguenta-se sempre. (é mais ou menos como eu própria, vá-se lá perceber estas coincidências!)
E numa missão de arquivo recuei um pouco no tempo, serve isto também para eu me manter a par das minhas próprias avarias emocionais. E percebi que não são avarias: são defeitos de fabrico, impossíveis de reparar sem uma peça nova que, a esta altura do campeonato, já não se pode criar.

Não é, por muitos motivos, uma data a celebrar, mas também não é para chorar.

Pode parecer que estou novamente no ponto de partida (e de certa forma estou mesmo), mas muita coisa andou, muita coisa cresceu, muita coisa mudou... e nem tudo se tornou pior.

Espantem-se com isto......

quarta-feira, 5 de março de 2008

Do que se espera e do que se aceita

É uma pena que não seja capaz de fazer com a minha vida aquilo que insisto em fazer com determinados espectáculos e filmes: ir sem expectativas.

O aceitar fácil (tão sobejamente discutido neste blog de quinta categoria) passaria certamente por aí...

Borboletas



Vi este filme como gosto de ver filmes: sem expectativas.
Talvez por isso tenha gostado. Tocou-me, mesmo sem saber que se baseia em factos reais...

Não perca o próximo episódio
se o houver......

- Sabes, disse-lhe, lembras-me alguém que conheci há muitos anos.
No coração dele aquela frase ressoou, bateu em quantas paredes havia daquela casa que julgava segura... Gaguejou um porquê surdo.
- O Plínio foi uma das primeiras pessoas que conheci quando cheguei à Cidade Velha. Acho que tinha, nessa altura, 18 anos. E ele tinha a mesma idade. Jovens cheios de vontades e ideias... Não sei de onde veio a cumplicidade, mas aos poucos foi-se materializando. Gostávamos de ler os mesmos livros, gostávamos de sair à noite, fazer jantaradas com amigos e depois ir dançar. Caramba, e o Plínio dançava bem! Música brasileira ou espanhola, quando me segurava pela cintura a sala perdia os contornos, esvaziava-se e éramos só nós, a música, o ritmo certo, as respirações sincronizadas... Gostava de lhe chamar "o meu terramoto", porque quando ele se aproximava as minhas estruturas vacilavam, tremiam, e eu sentia que me caíam todas as defesas. Os dias eram leves e perfeitos, se calhar como estes que vivemos agora. Mesmo antes das férias passámos a noite sozinhos, explorámos as nossas vidas, ele levou-me a casa de mão dada e despediu-se com um beijo. Estivemos dois meses sem falar (ainda não havia telemóveis...). Sim, acho que terão sido dois meses. Quando voltámos ao trabalho soube que ele tinha uma namorada nova. Fiquei triste, mas alguma coisa dentro de mim me disse que ainda não era o fim daquela história. Depois, nesse mesmo ano, conheci o Simão. Gostava dele, mas era um gostar mais calmo e sereno. O Simão fazia-me sentir segura. Bom... Talvez demais... Cercou-me por todos os lados, aparecia em minha casa sem ser convidado, interrompia o trabalho só para me dizer olá, raramente saía à noite sem tropeçar nele. Acabava sempre por me levar a casa. Finalmente cedi. A relação não durou muito. Nessa altura estava cheia de trabalho, mal comia, era um prato de sopa e uma sandes empurrada à pressa para dentro da boca. Nunca lhe dei a atenção que ele merecia, nunca me empenhei a sério no que havia entre nós. Antes do Natal, no mesmo dia em que lhe dei a prenda, acabámos. A gota de água foi o Plínio. Depois de estar sem o ver meses, apareceu-me de repente à frente no convívio de Natal do emprego, e puxou-me para dançar. O tempo nunca tinha passado entre nós... Logo que pude escapei-lhe e chorei mais do que em qualquer outro dia da minha vida quando me despedi do Simão.
As coisas acalmaram dentro de mim, nem Plínio nem Simão, só trabalho e trabalho, e umas pausas pelo meio. O Plínio ia contando as miúdas que lhe passavam nas mãos, quando estava triste ligava-me. Sentávamo-nos num nicho que há na parede da Biblioteca, lá fora, e falávamos até ser dia. Ele contava-me tudo o que havia para contar e eu fazia o mesmo. As palavras nunca acabavam entre nós...

Gestos

Demorei três dias a enviar a mensagem.
As dúvidas eram as habituais: incoveniente, devo, não devo, será lida como a escrevo....
No fim venceu o último filtro, e fiz como gostava que me fizessem a mim.

A resposta foi pronta:"Obrigada. Não me incomoda nada. Estaremos juntas não só nas tristezas mas também nas alegrias."

De certa forma comoveu-me... Não o meu gesto, mas a forma como foi recebido.
Porque pela primeira vez em muito (muito....) tempo consegui uma decisão acertada no momento certo. E porque é verdade que certas relações, se levadas a sério, são mesmo assim, um compromisso assumido para o bem e para o mal.
Sentir que alguém vestiu a nossa camisola é reconfortante.
Dá vontade de virar o mundo ao contrário para merecer usá-la....

domingo, 2 de março de 2008

Sentir é estar distraído

Talvez esteja na altura de eu tentar distrair-me com outras coisas....


"Não desejei senão estar ao sol ou à chuva –
Ao sol quando havia sol
E à chuva quando estava chovendo
(E nunca a outra coisa),
Sentir calor e frio e vento,
E não ir mais longe.

Uma vez amei, julguei que me amariam,
Mas não fui amado.
Não fui amado pela única grande razão –
Porque não tinha que ser.

Consolei-me voltando ao sol e à chuva.
E sentando-me outra vez à porta de casa.
Os campos, afinal, não são tão verdes para os que são amados
Como para os que o não são.
Sentir é estar distraído."
Alberto Caeiro

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Íssimo

"O que há em mim é sobretudo cansaço —
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas —
Essas e o que falta nelas eternamente —;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada —
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço..."
Álvaro de Campos

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

reality show

às vezes penso que isto é mesmo a minha vida.... e espanto-me!

Sccop



Fraquinho.

(tanto que não me lembro de mais nada para dizer, a não ser que adormeci a meio...)

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

ouvido de passagem #8

o sono é a saudade de dormir

e eu tenho sempre muitas, muitas saudades......

domingo, 24 de fevereiro de 2008

"Ou se aceita ou se procura"

Esta foi a frase da noite. (e não fui eu a dizê-la)

Mudei de mantra e nos últimos tempos tenho repetido incansavelmente a palavra "aceita", como ordem para mim própria.
Reconheço que aceitar talvez seja o caminho mais fácil, dá menos trabalho do que ir à luta, tentar mudar as coisas.

Mas há alturas em que o cansaço fala mais alto.
E há situações em que eu, verdadeiro animal condicionado, sei que não vale a pena o esforço, a tarefa é inglória porque não traz mudanças nem melhorias, e a tendência é eu continuar a sofrer. .

Uma vez que estou farta de sofrer por causas perdidas, preferia ser capaz de aceitar.

Mas apesar de tudo há sempre uma vozinha a falar-me ao ouvido direito, o que ouve mais de dentro do que de fora. Essa vozinha diz-me que aceitar é adormecer os sentidos, que para aceitar é preciso sentir menos.

E eu volto a ficar dividida, sem saber o que é melhor: sentir menos ou sofrer mais?

(em todo o caso persiste sempre um orgulhozinho estúpido em sentir mais...)

Doença do bem

"Será que o bem nos faz sofrer
Por nunca o vermos existir em nós?"
Clã

Defeito IX

Não ajo: reajo.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Por vezes...

Precisei de ir atrás, procurar aos arquivos, para saber quantos anos farias, há quanto tempo foi, o que foi feito do tempo neste intervalo de tempo...

E depois fico só aqui, parada, sem saber como escrever a saudade com letras novas, para que faça sentido como eu a sinto. E não faz nunca, porque transborda, escorre para fora da palavra, tem outras proporções que não são mensuráveis em escala nenhuma.

Não sei o que dizer, por isso escolho um poema que me pareça bonito, e pouso-o em jeito de flor....


"E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se enrolam tantos anos."
David Mourão-Ferreira

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Respirar fundo (outra vez...)
(e quantas mais?...)

"Se todo o ser ao vento abandonamos
E sem medo nem dó nos destruímos,
Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos
Nus em sangue, embalando a própria dor
Em frente às madrugadas do amor.
Quando a manhã brilhar refloriremos
E a alma possuirá esse esplendor
Prometido nas formas que perdemos.

Aqui, deposta enfim a minha imagem,
Tudo o que é jogo e tudo o que é passagem.
No interior das coisas canto nua.

Aqui livre sou eu — eco da lua
E dos jardins, os gestos recebidos
E o tumulto dos gestos pressentidos
Aqui sou eu em tudo quanto amei.

Não pelo meu ser que só atravessei,
Não pelo meu rumor que só perdi,
Não pelos incertos atos que vivi,

Mas por tudo de quanto ressoei
E em cujo amor de amor me eternizei."
Sophia de Mello Breyner Andresen

O serviço público informa...

... que apesar de não servir para nada o serviço público é muito insistente.

O serviço público informa...

...que os Shout Out Louds vão estar na Aula Magna, no dia 26 de Março.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Pego no carro e vou onde quero...

Seguro com firmeza no volante, que obedece cegamente às minhas ordens. Ao mesmo tempo posso escolher a música que me apetece ouvir, mudar um pouco a temperatura ambiente, limpar o pára-brisas para melhorar a visibilidade. Se não bastar acendo os máximos, ligo os faróis de nevoeiro... As mudanças entram a meu gosto, acelero, travo, e tudo corre às mil maravilhas.
Gosto tanto de conduzir que às vezes me engano a mim própria, e acho que estou a conduzir a minha própria vida.

(porque não vim equipada com faróis de nevoeiro? não estou capaz de ver um palmo à minha frente...)

pH

Há momentos em que os gestos parecem todos iguais, e todos vazios. Como uma mão que se estendeu e ficou sempre ali, patética, oferecida no final de um braço sem que a outra aparecesse para lhe compensar o esforço do movimento.
Foi preciso mexer músculos, o coração teve que bater umas quantas vezes, mais acelerado na perspectiva do encontro, mais acelerado ainda na percepção de que não haveria encontro. Gastaram-se açúcares, oxigénio, e em mil processos metabólicos escrupulosamente controlados criou-se um ácido qualquer, que talvez não tenha sido convenientemente eliminado.

Saia na próxima, por favor...

É incrível a facilidade com que o que julgávamos certo passa a ser uma grande estupidez, e aquilo que dávamos como totalmente errado pode começar a fazer algum sentido...

Verdade XVIII

Pior do querer e não poder fazer, é toda a gente achar que não se fez porque não se quis.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

We are alone, always...

P.S. I Love You

(daqui)

...but at least we are together in that.


(pior do que ir ver um filme de domingo à tarde ao cinema, é choramingar cena sim cena sim...)

Uma bússola, por favor!

Às vezes dou por mim a questionar-me se este esforço que tenho feito para me superar a mim própria trará algum fruto que se possa trincar sem sentir uma certa acidez.

Não é fácil, é uma estrada nova à minha frente, ou um caminho que já fiz, mas que vejo agora com outros olhos, e há buracos que tento evitar, e curvas mais apertadas que me fazem perder por momentos a aderência ao piso, mas tenho insistido.
Tenho insistido calmamente, com paciência, porque acredito quase cegamente que estou na direcção certa, mesmo não percebendo bem qual é o destino final.

E depois, por uma fracção de segundo, há um gesto, ou a falta dele, que me faz derrapar quase irremediavelmente.

Fecho então os olhos, respiro fundo uma só vez, devagar, e volto a pensar que vou ser capaz, que tenho que ser capaz.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Deus castiga!

E assim, porque afinal os vasos ruins também quebram às vezes, ou ficam pelo menos fanados (esta palavra parece-me particularmente adequada à situação...)(e mais: vem no dicionário), dei por mim a desejar com todas as minhas forças aquilo de que reclamo sempre: uma certa mãozinha a ver se tenho febre e a aconchegar-me a roupa da cama, e o copinho de limonada que nestas alturas fica na mesinha de cabeceira...

Frase do mês


(daqui)


Para onde quer que me vire sinto-me, literalmente, a pisar ovos.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

O que me escapou...

"Deixa ficar comigo a madrugada,
para que a luz do sol não me constranja.
Numa taça de sombras estilhaçada,
deita sumo de lua e de laranja...

Arranja uma pianola, um disco, um posto,
onde eu ouça o estertor de uma gaivota...
Crepite, em derredor, o mar de Agosto...
E o outro cheiro, o teu, à minha volta!

Depois, podes partir. Só te aconselho
que acendas, para tudo ser perfeito,
à cabeceira a luz do teu joelho,
entre os lençóis o lume do teu peito...

Podes partir. De nada mais preciso
para a minha ilusão do Paraíso..."
David Mourão-Ferreira

ouvido de passagem #7

"não precisamos um do outro para viver, mas queremos estar juntos"

É este o segredo, não é?
O "queremos" em vez do "precisamos"....

(e como distinguir, às vezes, uma coisa da outra?...)

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Connecting People

As ligações entre as pessoas são uma coisa curiosa, no mínimo.

Às vezes quase parece haver um cabo ADSL (ou de outra espécie qualquer) a conectar-nos, e mesmo sem falar, sem ouvir, penso nisso e já tenho conhecimento de que aconteceu, ainda que de forma vaga.

Isto acontece-me raras vezes, com muito poucas pessoas, mas acontece de forma sólida, palpável.
E deixa-me intrigada, porque não tenho posso dizer que acredite em fenómenos paranormais, mas não tenho a certeza de que estes sejam normais...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Enjoy the ride!

Ei!
Viste hoje o sol lá em cima?

Quando saí senti-o, bem quente, na cabeça, nos ombros, nas costas...
Tenho andado tão absorvida, sempre a ver onde ponho os pés, e esqueço-me de gozar um pouco a paisagem. Tentei levantar a cara, mudar a estratégia de aquecimento...

Parece que funciona, é uma cena estranha, o tipo da esquerda anima-se mesmo.
Viste como houve outras pessoas a fazer o mesmo que eu?

É cedo, sim, eu sei.

Mas faz falta alguém diferente de mim, que só dou mau tempo, faz falta sacudir os ossos, não deixar que o bafio dos dias iguais tome conta de nós.
Se me deres a mão sentes o mesmo que eu, suponho, e a tua mão encaixa perfeita na minha.

Ei! Anda......

Os filmes



Ao que parece eu era a única alminha à face da terra a desconhecer que o filme era um musical. Já não ia muito motivada, o Johnny Depp não faz o meu género. Na verdade, estes filmes não fazem o meu género, por isso posso dizer que não saí muito satisfeita... Que me sirva de lição, a mim que tenho a mania de ir ver os filmes sem saber nada deles...




Este já é bem mais o meu género...
Apesar de tudo, saí com a sensação de que faltou qualquer coisa, não consegui envolver-me na história o suficiente para me emocionar com ela.

E penso que às vezes não é fácil saber o que é mais justo.
Será que as pessoas devem passar a vida atormentadas com as consequências de actos inconsequentes, mesmo que as mesmas sejam devastadoras?...

culinária #2

porque é que faço sempre comida a mais?...

domingo, 3 de fevereiro de 2008

E apesar de tudo, há que continuar à procura

"Procura a maravilha.

Onde um beijo sabe
a barcos e bruma.

No brilho redondo
e jovem dos joelhos.

Na noite inclinada
de melancolia.

Procura.

Procura a maravilha."
Eugénio de Andrade

a história da minha vida parte xis

continuo "desencontrada, como à espera do combóio na paragem do autocarro"
(Lá em baixo - Sérgio Godinho)

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Whoever saves one life saves the world entire

Schindler's List
(com 15 anos de atraso...)


(daqui)


Serviu-nos de lição? Não me parece.
Em todo o mundo continuamos a matar pessoas, individualmente e em massa, de forma gratuita.

É caso para dizer: eu, ninguém....

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

nunca mais chega o verão

sair correr areia fora mergulhar de repente na água gelada sentir o frio como um arrepio escorrer pelas costas abaixo enterrar os pés na areia rebolar nas ondas jogar coisas quase adormecer ao sol embrulhada numa toalha besuntar a cara com protector ouvir os risos das crianças e os gritos das gaivotas como canções de embalar ler ouvir música comer petiscos beber uma geladinha sair correr monte abaixo com as ervas a arranhar as pernas ter vontade de andar de bicicleta escorregar e rebolar na relva rir rir à gargalhada agarrada à barriga as lágrimas a cair pela cara abaixo de felicidade levantar pegar na mão no braço agarrar o abraço passar a mão em jeito despreocupado pelo cabelo pela cara beijar sorrir fechar os olhos nus para aguentar a luz do sol reflecti-la nos dentes que espreitam riso fora segurar um gelado besuntar a cara com ele rir mais correr cair cheirar o verão no ar rebolar no calor sair

como pode uma semana ser tanto e tão pouco ao mesmo tempo?

O serviço informativo não serve para nada: já esgotaram os Portishead e eu não sou detentora nem de um mísero bilhete...

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

há coisas que não mudam....

muito gosto eu de umas teoriazinhas.....

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Quem não arrisca não petisca?

Ela disse, a meio da conversa: "sabes, o segredo para uma boa relação é manter sempre uma certa distância"

Claro que não podia deixar de ficar a pensar nisto, simplesmente porque me conheço.

E então lembrei-me daquela velha teoria da distância de segurança, que seria a distância mínima que duas pessoas conseguiriam tolerar sem se beijar ou se afastar, não conseguindo ficar só ali. (já não sei onde ouvi isto...)

É assim com algumas relações, quando o tipo da esquerda quer que continuemos a tentar aproximar-nos mais, atingimos a dita distância mínima, e aí só pode acontecer uma de duas coisas: ou se abrem as portas e se consegue a intimidade que se procurava, ou alguém afasta alguém e há um retrocesso até um novo (ou velho) ponto de conforto.

sábado, 26 de janeiro de 2008

O serviço público informa...

... aquilo que já toda a gente parece saber: os Cure também cá vêm, dia 8, Lisboa, Pavilhão Atlântico.

Acho curioso um concerto dos Cure, simplesmente porque não consigo deixar de pensar neles como uma banda do passado (com 31 anos não podem deixar de o ser, são mais velhos do que eu!), embora os ouça muitíssimo ainda...

Artificiais? Nós?

Há avanços da ciência que não deixam de me assustar: depois de criado um genoma artificial, a que distância estamos de criar indivíduos artificiais?

(não discutindo, ainda assim, os benefícios em termos de novas terapias que envolvam o genoma, onde muitas vezes residem os problemas...)

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

culinária

que fizemos nós do tempo?

tirámos partido dele, como se fosse o ingrediente secreto de algum prato novo, recém-descoberto, ou abusámos?...

Placard #2

Depois de um ano, não posso dizer que o espectáculo que vi da Mayra Andrade me surpreendeu.
Continua simpática, simples, cativante... e com uma voz e uma presença em palco assombrosas. Os músicos continuam excelentes (porque acho difícil que pudessem ser melhores), e o tempo passa a correr por entre as músicas quentes, balançadas.



Achei-a apenas menos comunicativa, menos envolvida com o público.
E falhou o terceiro encore.... por isso vou ter que ir vê-la outra vez...

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

O serviço público informa...

... que os Portishead vão lançar um novo álbum, e que a digressão começa precisamente neste pedacinho de país à beira mar plantado.
Porto e Lisboa, 26 e 27 de Março.

Respirar fundo

Aos poucos o ar vai passando, vou conseguindo respirar.
Apesar de nem tudo ter corrido como era suposto, e de não ter resolvido um único dos problemas que me atormentam, a semana que passou foi positiva, cheia de gente, mais música em circunstâncias diferentes, mais leve um pouco.

Ponto Zero

"Eu tento ler-te em cada frase
Tens um mistério
Que eu não desvendo
Embora às vezes esteja quase

O teu silêncio mais parece
Um ponto final
Volto atrás, tento entender
Mas não sou capaz

Eu quero entrar no teu enredo
Mas tenho medo
De não conseguir passar
Do prefácio

Talvez me possas
Dar uma luz
Tudo o que eu peço é um sinal
Eu não quero o acesso
A todos os teus segredos
Mas só a alguns

Dá-me um indício
Mesmo contrário
"Contraditório"
Dá-me a palavra
Que eu vou procurá-la
Ao dicionário

Eu quero entrar no teu enredo
Mas tenho medo
De não conseguir passar
Do prefácio

Dá-me uma chance
É tudo o que eu quero
É muito mau
Ler um romance
Sem sair do ponto zero

Talvez me possas
Dar uma luz
Tudo o que eu peço é um sinal
Eu não quero o acesso
A todos os teus segredos
Mas só a alguns"
Clã - Ponto Zero
(Letra: Carlos Tê / Música: Hélder Gonçalves)

(daqui)

Placard



É sempre difícil tentar descrever um espectáculo, este que vi dos Clã não é excepção.
A energia que transmitem, principalmente a Manuela Azevedo, a simpatia, o cuidado que puseram nos adereços, as músicas poderosas... Foi brutalíssimo!

Só um ponto negativo: não é um espectáculo para se ver sentada, começo a ficar com bichos carpinteiros...

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

não será difícil, os outros conseguem...

"Eu dou tudo quanto tenho
Não funciono a meio gás"
Clã, Tira a Teima



será que alguma vez vou conseguir explicar ao tipo da esquerda que as coisas não têm que ser sempre quentes ou frias, podem ser mornas?...
xiça!


(sim, estamos em fase colorida, a ver se isto arriba um pouco...)

Para sempre e para sítio nenhum

Acontece-me vezes sem conta, quando vou a algum sítio de carro, especialmente à noite e com boa música aos berros, ter vontade de esquecer o destino e continuar, como se não houvesse limites de espaço e de tempo e eu pudesse só conduzir, para sempre e para sítio nenhum.
Às vezes engano-me um pouco a mim própria e ignoro mesmo a saída, mas imponho regras: até à música tal, até à hora tal...

E sabe-me bem seguir, ouvir só a música e tentar não pensar em nada, em ninguém...

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

É tarde demais?

Páro. Fecho os olhos. Respiro fundo.

Escorreguei hoje duas vezes, distraída à tua beira.
Quero esquecer-me de como se cai, de como a terra pára momentaneamente de girar e sinto a tua respiração perto, demasiado perto, a curva perfeita do teu peito, a força e a velocidade com que atravessas o espaço que nos separa.

Escorreguei hoje duas vezes...
Se me distraio sou capaz de cair, e não sei se não quero ou se não devo.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

talvez no meu caso se aplicasse um cardiologista

"If or when I do start going to an analyst, I hope to God he has the foresight to
let a dermatologist sit in on consultation. A hand specialist.
I have scars on my hands from touching certain people.
Once, in the park, when Franny was still in the carriage,
I put my hand on the downy pate of her head and left it there too long.
Another time, at Loew's Seventy-Second Street, with Zooey during a spooky movie.
He was about six or seven, and he went under the sear to avoid watching a
scary scene. I put my hand on his head.
Certain heads, certain colors and textures of human hair leave permanent
marks on me. Other things, too.
Charlotte once ran away from me, outside the studio, and I grabbed her
dress to stop her, to keep her near me.
A yellow cotton dress I loved because it was too long for her.
I still have a lemon-yellow mark on the palm of my right hand...."
Raise High the Roof Beam, Carpenters, J.D. Salinger

"Certas cabeças, certas cores, certos contactos com a pele humana deixam-me cicatrizes para sempre."

domingo, 13 de janeiro de 2008

as palavras proibidas

tenho sentido a tua falta...

sábado, 12 de janeiro de 2008

Lados errados

"Largaram-me a mil metros do chão
Largaram-me porque me agarrei
Numa alucinação de vida
Que me enchia o coração
E que agora vejo perdida
Num cair que já não sei

Largaram-me a mil metros do chão
Reparo o sol que se afasta no ar
Rasgo caminho onde o vento dormia
Adormeço sentidos no meu furacão
Enquanto sol anuncia o dia
Sinto o meu corpo, desamparado, deslizar...

Perdi-te do lado errado do coração
Mas és tu o meu chão...

Enquanto caía a terra rachou
E eu via a queda ainda mais funda
Ao meu lado passava tudo o que passei
Comigo a miragem que nada mudou
Do voo rasante que nem começou
Do tempo apressado que nem reparei


Sinto os meus gestos flutuar, devagar
No último segredo antes do ódio
À minha frente um filme de aves sem voz
Quando as ouvi resolvi gostar
Quando as senti fiquei a amar
Ter tentado subir ao cimo de nós

Amei-te do lado errado do coração
Mas és tu o meu chão...

Não sei ao que chamam lados do coração
Mas és tu o meu chão...
És tu o meu chão..."
Toranja, Lados Errados

Não ia postar aqui esta letra, mas o meu explorer (tenho que me dar ao trabalho de instalar outra coisinha...) recusa-se a tocar a música que pus ali do lado direito (lado errado?), por isso cá fica...

tanto mar*

Há lugares comuns que, ainda que o sejam, se destacam na minha vida.



Dei por mim ali parada, a sentir o vento gelado na cara, a ver os kites, as nuvens com o sol já ausente a perder-se no meio delas, e acima o céu, a lua nova....

Repeti para mim mesma que vou ser capaz, como um mantra: vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser capaz, vou ser .....................

Algumas coisas dependem de mim, mas não são urgentes (ou são-no, literalmente), outras não dependem, e são-no mais porque estão a colocar em risco estruturas que eu quero manter sólidas e que nos últimos dias sinto oscilar de forma assustadora.
Conseguirei ainda aprender, se nunca o consegui antes?

E ali de pé, senti uma certa calma, e por momentos achei que sim, que vou ser capaz.
A dor anginosa atenuou-se, e poderia ter ficado ali parada, indefinidamente, a repetir o mantra.

Mas a realidade chamou-me, e no regresso, foi, aos poucos voltando o desconforto à esquerda.

Mas o mantra continua: vou ser capaz, vou ser .....

*Chico Buarque

Defeito VII

Confundo constantemente os meus amigos com estranhos.

Tinha muito para escrever, mas...

Tenho duas mãos invisíveis a tentar desesperadamente espremer qualquer coisinha do meu cérebro, e, espanto!, não se aproveita nada...

Mas dói em dois sítios diferentes.
Mesmo.

(The National não ajuda, eu sei, mas ainda não consegui parar...)

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

O prognóstico é reservado.
Mas haverá esperança, doutor?

Olhando para trás percebo que sou, de facto, sozinha, e sou eu que o escolho, não adianta tentar culpar outros. (já o expliquei aqui, e aqui, e aqui, e aqui e talvez em outros sítios...)
Apenas há instantes em que me engano, e julgo ver gente ao meu lado.
Mas é ilusão: reservei o meu lugar, e todos os que estavam à volta, para que ninguém se possa sentar à minha beira. É tudo muito de passagem...
No fundo talvez seja compreensível, porque me escondo sempre na sombra.
Eu sou aquela que é incapaz de chamar, que não chora, que não grita nunca, que não pede e muito menos implora, e que jamais dá um estalo ou um pontapé, mesmo depois de levar três seguidos.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

E o pior cego é aquele que não quer ver

Sinto-me como um cego, às apalpadelas em terreno desconhecido, a tropeçar em tudo o que está pelo caminho.
Tento ser delicada mas não sei se é o suficiente para não partir tudo o que me rodeia.
Era a última coisa que queria...

(e na verdade não sei porque digo desconhecido, conheço-o demasiado bem, só não sei como o percorrer...)

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Como acontece com o café

Sabendo que estás para chegar, não consigo ver-te, ainda que te olhe.
A distância comprime-se rapidamente nas conversas iniciais, banais, mas depois o tempo e o espaço avançam juntos, e a juntar-nos, pela primeira vez depois da última, que já nem sei quando foi.
É então que te olho, agora sem medo, mais demoradamente, e consigo vislumbrar-me nos teus olhos, como dantes, como se quatro anos inteiros não tivessem passado.
E nesse instante, olhos nos olhos, cresces dentro de mim, e a tua presença é forte e segura, porque nos vemos, finalmente, e sabemos quem fomos, de onde viemos, e sabemos quem somos, despidas de banalidades.

Pode ser apenas um instante, breve, mas enche-me e perdura... e é bom......

domingo, 6 de janeiro de 2008

Existem dois momentos que se tocam

Na proximidade dos outros encontro-me a mim própria com calma, sem pressas, sem dúvidas ou justificações, como qualquer coisa que existe simplesmente, que se limita a ser como é.

Mas à medida que o tempo avança, avassalador sobre o meu peito nu, desprotegido, sinto-o alimentar os pontos de interrogação que me crescem nos olhos marejados, e percebo que os momentos deixam de se tocar, primeiro por uns segundos apenas, mas aos poucos, à medida que cresce a confiança da dúvida demolidora, por mais uns minutos, e depois umas horas, e um dia, e dois... até que já não tenho olhos, só questões húmidas que não sei como esmagar.
Não com as minhas duas mãos.

Dói-me a distância de mim mesma, com o barulho da carne a ser rasgada, afastada devagar da outra carne, do osso... porque é a mesma distância que se ergue assombrosa e me separa dos outros.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Embriaga-te

"Devemos andar sempre bêbados.
É a única solução.
Para não sentires o tremendo fardo do tempo que te despedaça os ombros e te verga para a terra, deves embriagar-te sem cessar.
Mas com quê?
Com vinho, com poesia ou com a virtude, a teu gosto. Mas embriaga-te.
E se alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre as verdes ervas de uma vala, na solidão morna do teu quarto, tu acordares com a embriaguez já atenuada, pergunta ao vento, à onda, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que se passou, a tudo o que gemeu, o tudo o que gira, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunta-lhes que horas são: "São horas de te embriagares. Para não seres como os escravos martirizados do tempo, embriaga-te, embriaga-te sem cessar! Com vinho, com poesia, ou com a virtude.""
Charles Baudelaire

A meu gosto é com pessoas.

(Obrigada....)

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Que é como quem diz: só pode melhorar
(ou então: bom ano!)

Lições aprendidas: não deixar um saco térmico cheio de comida fechado durante uma semana em cima da mesa da cozinha.
Acho inacreditável que os meus vizinhos não tenham pensado que eu morri.
(ok, não cheirava assim tão mal...)


Como se começa bem o ano: a limpar as borradas (para não dizer pior) que se fez no anterior.

Com a minha vida podre como está sá há uma solução: água quente, lixívia e sonasol verde (passo a publicidade). Depois de amanhã está nobo.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

My Deamon



(como sempre que não há muito mais para fazer, ou há e falta a vontade...)