domingo, 29 de abril de 2007

esquissos

o meu coração é um livro velho
nas páginas amarrotadas escreve-se a tinta permanente
um caminho cheio, feito de pedras desalinhadas
onde caminham pessoas, muitas pessoas, gente
um caminho feito tantos destinos, tanta música sumarenta
um caminho que se ri risos vibrantes, jovens, coloridos

o meu coração é um mapa de papel vegetal
em cada estrada esboçam-se escolhas, e os dedos percorrem cada uma delas
devagar, como se fossem pele, quilómetros de ti para navegar

o meu coração é um banco de jardim
uma flor, relva e plátanos
tu chegas, sentas-te, encostas-te
abres o livro que trazes para ler
e é um livro velho, de páginas amarrotadas
onde desenhas mapas que te perdem de mim

em carne viva

há pessoas que se tatuam em nós, que nos marcam a pele e os músculo por baixo

no momento em que nos deixam, o barulho da carne a rasgar-se do osso materializa-se dor crua, fria, insuportável

c'est la vie...

À medida que o tempo passa noto uma dificuldade cada vez maior no regresso.
A tudo.
E não quero explorar este sentimento, continuo na ilusão de que as coisas se tornam mais reais depois de escritas...



De qualquer forma não há nada a fazer, é tal e qual como se descreve na imagem...

A caminho....

"Quando olho para a frente assusto-me.
Penso no que vivi, no que ouvi, no que senti, no que aprendi e no que sei, e percebo que os passos que me esperam são bem maiores do que as minhas pernas...
Falta-me ainda o mundo...
Inteiro."

25.04.2007

...e é uma vida boa...



se fechar os olhos consigo esquecer-me de quanto tempo passou e julgo que estive longe, muito longe uma vida inteira...

sábado, 21 de abril de 2007

Até já.

O saco está pronto, as sandes feitas, os mapas à mão e o carro preparado.
Tenho vontade de ir. Muita.
Por mim e por elas.

E se quero deixar-te para trás, ao mesmo tempo não quero, acho que ainda é cedo...
Mas não é.

E eu não tinha saudades desta luta interior.... Nenhumas.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

O tempo passa e eu escrevo novelas

De forma egoísta penso que estive.
Ri e tentei fazer rir, falei a sério quando foi preciso.
Ouvi muito.
Brinquei.

Toquei, mas não te consegui tocar.

Também de forma egoísta penso que podias ter sido feliz com isto, se tivesses tentado...
(e eu?)

sábado, 14 de abril de 2007

[suspiro] (mas devia gritar)

Não sei quem terá dito um dia que "no meio é que está a virtude".

É mentira.
É uma grande mentira.

Pior do que o amor e o ódio, do que o gelo e o fogo, do que as lágrimas de tristeza e de alegria, são a indiferença, o morno, a incapacidade de chorar...

Pequenas coisas que me confortam

Sobre o silêncio...

Falta o quase?

Tenho dificuldade em aceitar que se desperdice, assim, a vida que me enchia o peito.
Por incapacidade de sofrer, a alma materializa-se e tenta expulsar-te com uma tosse irritativa e irritante.
Quase, quase seca.....

Apneia

Esta é a hora vazia, em que tudo o que me cerca se reveste de todos os significados possíveis ao mesmo tempo.
Queria, agora mesmo, estar em todos os lugares onde não consegui estar mesmo estando.
Queria tocar as pessoas que deixei passar ao meu lado sem um gesto de fazes-me falta.

Queria não ter este coração velho do qual nem dona sou, é ele quem me possui inteira, quem me encerra lá dentro, quem me sufoca, quem me tira o ar que talvez não precise sequer de respirar.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Turn around...

Fui eu que quis, que procurei, que descobri o que já nem sequer julgava possível...

Agora nada é concreto, mas para mim começa a definir-se cada vez mais, e volta a sensação de desperdício.

Porque este novo fôlego, este ar que respirei e que tanto me custou juntar dentro dos pulmões, será expirado lentamente para o vazio onde tu estás de costas.
E por mais que estenda a mão e tente chegar com a ponta dos meus dedos esticados aos teus ombros seguros à minha frente, eles estão, estarão sempre a uns milímetros mais de distância.

terça-feira, 10 de abril de 2007

E se nunca mais.......

Mais uma vez às voltas com as palavras, que não chegam para o que eu sinto...

Não estar, não ver, não ouvir, não tocar... custa.
Primeiro porque mesmo perto não posso, depois porque quando não estou perto queria estar.
O tempo passa devagarinho, e se não te vir, se não souber nada teu, se não te ouvir, se não te sentir perto, começa então a desaparecer a urgência com que necessito de tudo isto. Os sentimentos suavizam-se, tornam-se quase amenos, como se fossem desaparecer a qualquer momento, e é fácil estar longe.
Muito mais fácil do que estar perto.

terça-feira, 3 de abril de 2007

a conjugação do verbo desperdiçar começa a ser a minha especialidade

e o desperdício não é a dor, nem a falta de letras

(é o que eu disse)

desperdícios #12

não há letras suficientes para escrever a dor de gostar de ti

(pronto, disse-o)

masoquismo

novela e Maria Bethania em repeat mode

Negativo

Começou a Primavera mas a chuva continua a cair e está um frio de neve.

À minha volta tudo se reveste de significados estranhos, como se de repente as cores se invertessem e apenas o cinzento continuasse cinzento.

O que foi bom não deixou de o ser, mas começa agora a adquirir formatos distintos daqueles que teve no início, e eu começo a não saber como gerir isto que fiz questão de criar.


Aos poucos o tempo vai-se fechando sobre nós, entre nós.

domingo, 1 de abril de 2007

toneladas

quando não cabe dentro do coração, a alma devia fazer dieta