quarta-feira, 7 de março de 2007

Físico-química

Sento-me, fecho os olhos, seguro a cabeça nas mãos.

Quero conseguir passar a nitidez física com que estás ao meu lado: perto, muito perto, sem que nos cheguemos a tocar.

Enquanto os outros vão falando, eu quase sinto na ponta dos meus dedos os teus, a tua mão a deslizar devagarinho até encaixar com força na minha, num gesto seguro, bem definido, preciso, e no entanto tão, tão suave...

Fecho novamente os olhos.

As palavras vão passando longe do que ouço. À minha volta começa a encerrar-se a tua presença, e sem saíres de onde estás, ao meu lado, estás já em cada espaço que eu própria ocupo, cercando-me, rodeando-me, toldando-me a noção do que está para além de nós.

E então ris-te, eu rio-me do teu riso, e a música volta às rotações certas, audíveis.
As gargalhadas dos outros fundem-se nas nossas.

A realidade volta a ser real.

É cedo...

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