Físico-química
Sento-me, fecho os olhos, seguro a cabeça nas mãos.
Quero conseguir passar a nitidez física com que estás ao meu lado: perto, muito perto, sem que nos cheguemos a tocar.
Enquanto os outros vão falando, eu quase sinto na ponta dos meus dedos os teus, a tua mão a deslizar devagarinho até encaixar com força na minha, num gesto seguro, bem definido, preciso, e no entanto tão, tão suave...
Fecho novamente os olhos.
As palavras vão passando longe do que ouço. À minha volta começa a encerrar-se a tua presença, e sem saíres de onde estás, ao meu lado, estás já em cada espaço que eu própria ocupo, cercando-me, rodeando-me, toldando-me a noção do que está para além de nós.
E então ris-te, eu rio-me do teu riso, e a música volta às rotações certas, audíveis.
As gargalhadas dos outros fundem-se nas nossas.
A realidade volta a ser real.
É cedo...
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