segunda-feira, 12 de março de 2007

O espaço entre nós existe?

Eu estou aqui.
Não sou um corpo estanque, sou antes uma permanente reacção com tudo à minha volta.
A todo o momento, neste equilíbrio entre o que sou e o que não sou eu, há trocas constantes, perco-me de mim e fundo-me no que me rodeia, que, por sua vez, se transforma no que eu sou.

E aí onde estás tu, mesmo que em alguns instantes ocupemos o mesmo exacto espaço, existe um processo idêntico, uma reacção que não pára nunca.
Tudo o que está à tua volta sem seres tu passa para ti, e tu vais perdendo pequeninos, ínfimos bocados do que te compõe.

Então existe este espaço entre nós, como separação entre o que sou eu e o que és tu,
como um espaço em que não estamos no preciso momento do agora. Mas ao mesmo tempo esse é o espaço em que nos fundimos e que se funde em nós. Nesse espaço somos partículas, matéria que flui, até chegarmos ao outro, até nós como plural, como singular.
E esse conjunto funciona como dinâmica de troca, de dar, receber, de tocar, de estar, de sentir, de ser o outro.
Um espaço onde o que é meu e o que é teu se tocam, se misturam perdendo identidade própria, passando a ser o que foi de um e de outro, sem que se saiba a que parte pertenceu o quê.

O mesmo espaço que nos separa é o espaço que nos une,que permite que passemos a ser o tal plural no singular, ou singular plural, ou......

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