Por vezes...
Precisei de ir atrás, procurar aos arquivos, para saber quantos anos farias, há quanto tempo foi, o que foi feito do tempo neste intervalo de tempo...
E depois fico só aqui, parada, sem saber como escrever a saudade com letras novas, para que faça sentido como eu a sinto. E não faz nunca, porque transborda, escorre para fora da palavra, tem outras proporções que não são mensuráveis em escala nenhuma.
Não sei o que dizer, por isso escolho um poema que me pareça bonito, e pouso-o em jeito de flor....
"E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes
encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se enrolam tantos anos."
David Mourão-Ferreira
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