Não sei o que dizer
E acontece-me tanto, não saber o que dizer, engolir as palavras a seco, senti-las escorregar lentamente garganta abaixo e ser, ainda assim, capaz de evitar um ataque de tosse...
No vazio dos momentos sós tenho acessos perfeitos de verborreia silenciosa, de monólogos em que discorro abundantemente sobre o que sinto, penso, quero, evito...
Mas ao abrir a boca os sons enrolam-se devagar, formam uma enorme massa de vazio que ecoa contra a língua e os dentes, e nem o ar da respiração é expirável com naturalidade.
O lugar das palavras ocupa-se de silêncio.
O silêncio ocupa-se da distância que vai de mim aos outros.
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