quinta-feira, 18 de novembro de 2004

Rumos

Então, a desesperar com aquela espera infrutífera, sem saber se passariam outros barcos, e sem saber sequer se a sua ausência tinha sido notada e já estariam em curso as buscas que viriam ao seu encontro, deixou de queimar lenha em fogueiras que só aqueciam as lágrimas.
Com as mesmas cantigas nocturnas com que tinha orientado o barco na sua direcção, juntou troncos de todos os tamanhos e feitios, envolveu-os com outras palavras de luz e sol, com folhas, com risos, e fez-se ao mar.
Fez-se à vida, para não ter que voltar a ver as costas de um barco, ou de outra coisa qualquer...
Para trás, nas suas costas, ficava a ilha deserta...

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