sexta-feira, 6 de maio de 2005

Não me doeu

Pela primeira vez em dez anos vou manter-me afastada por completo.
Preparei-me para a dor do dia de hoje, mas acho que cheguei a um limiar onde ando suspensa.
O que era a dor da falta das pessoas, dos ambientes, dos cheiros que se sentem no ar, é hoje um embotamento que me anestesia.

"Sentes que um tempo acabou
Primavera da flor adormecida
Qualquer coisa que não volta, que voou
E foi um triunfar na tua Vida.

E levas em ti guardado
Um choro de um balada
Recordações do passado
O bater da velha cabra.

Capa negra de Saudade
No momento da partida
Segredos desta cidade
Levo comigo para a Vida.

Tu sabes que desenho do adeus
É fogo que nos queima devagar
E no lento cerrar dos olhos teus
Fica a esperança de um dia aqui voltar."
Balada de Despedida do 5º ano Jurídico de 88/89
(escolhida porque marcou os meus últimos dias em Coimbra, e descaradamente roubada daqui)

Os regressos são sempre diferentes, porque é verdade que há qualquer coisa que não volta (que voou...). Mas não faz mal: a simples certeza de que vivi em pleno tudo o que me foi oferecido deixa-me um sentimento bom, dá-me uma paz que nada pode abalar...
Nem a distância...

Sem comentários: