sexta-feira, 31 de dezembro de 2004

Fechado para balanço

Tenho o hábito de aproveitar os últimos dias do ano para uma espécie de balanço mental.
Normalmente deixo algumas notas no meu caderninho, e este ano farei o mesmo, mas não podia deixar de vir aqui...

Com tudo o que se tem passado não tem dado sequer para parar, para fazer uma análise, mas acho que isso até é bom.
Há coisas que não têm que ser pensadas, e este ano é uma delas.
Tenho a certeza que fiz a pior escolha de sempre, mas foi uma escolha, qualquer outra podia ter acabado da mesma forma, por isso não vale a pena bater no ceguinho...

O caos que se instalou teve repercussões a todos os níveis...

A conclusão a que chego é a seguinte:
Foi o pior ano de toda a minha vida.

O lado positivo:
O próximo só pode melhorar...

BOM ANO para todos!!! :)

C

Sabes que ando por aqui mas nunca me visitaste.
Ainda não percebi bem se é porque não é a tua onda, ou se tens medo do que vais encontrar...
No fundo isso também não importa.

Podia hoje voltar às nostalgias do "Há um ano..."
Não o vou fazer.
Vamos pensar que este ano foi uma passagem, uma adaptação...
Talvez neste momento as coisas se passem noutra dimensão, mas apesar de tudo o que se passou, da distância, dos "pozinhos de perlim-pim-pim" que já não brilham da mesma forma, há qualquer coisa que não muda, porque as coisas que vivemos e sentimos nunca vão desaparecer, e o que projectam no futuro não tem como ser destruído...

E, no fundo, o que me importa é que estejas feliz.
Neste dia mais do que nunca...
Só isso...

quinta-feira, 30 de dezembro de 2004

Natal dos Hospitais?

A. tinha sessenta e poucos anos e falava pouco.
Passava os dias sentada num cadeirão, junto à janela, enquanto uma doença má lhe comia as entranhas, e os médicos tentavam que tudo se equilibrasse para que pudesse acabar o tempo por casa, em paz, junto da família.
A custo, dia 24 de Dezembro foi-lhe dada alta.
Seria o seu último Natal.
A família veio vê-la, como fazia todos os dias desde que estava internada.
Veio vê-la e foi embora sem a levar.
A. não voltou a falar.
Três dias depois, sozinha, saiu da cama deixando o corpo e as tristezas para trás.

Sim, este é o Natal dos Hospitais para alguns...

quarta-feira, 29 de dezembro de 2004

Fim do dia

Cheguei tarde, eu sei.
O dia foi incrivelmente longo, sem mãos a medir, e o corpo não tem posição de alívio.
Subo depressa as escadas, atiro a roupa suja das desgraças para o cesto e abro a torneira. Aos poucos sobe um vapor branco, suave, que penetra nos poros e abre na cabeça uma frincha de descanso. Mergulho na água quente. De costas deixo a espuma lavar tudo, devagar esfrego os desesperos, a falta de paciência para as pequenas coisas sem importância, e começo a sentir-me levitar.
Quando saio o corpo está lavado e vermelho, os músculos relaxaram de calor, e da pele liberta-se mais do nevoeiro que me tolda os olhos.
Seco-me de lágrimas.
O pijama canta músicas de Natal, nas meias sorri-me um boneco de neve.
Levanto o lençol.
Não me abraças com força, mas a simples presença do teu peito onde pouso a cabeça, e do peso do teu braço sobre mim traz-me paz, o sono reparador e acompanhado da tua presença, da tua existência, de ti.

Lembranças #2

Loiro e de olhos azuis, chamava-se Tó.
Estava numa colónia de férias, era animador, e tocava viola mesmo muito bem.
Cantava ainda melhor, ou pelo menos eu achava...
Já não me lembro que idade tinha, mas, e usando uma expressão familiar, ainda dava cadeia, e da pesada.
Ele devia ter mais cinco ou seis anos que eu.
Já passaram mais de quinze anos, seguramente.
No último dia, puxou-me para dançar: Rod Stewart, Every Beat Of My Heart.
(dispenso comentários...)

As coisas que a memória guarda...

domingo, 26 de dezembro de 2004

Pensei que hoje, por ser Natal...

Todas as noites, quando chego, olho o céu.
No meio de todas as luzinhas brancas hás-de estar tu, mas ainda não te vi...
Diz-se que quando uma estrela morre, podemos ver a sua luz brilhar durante muito tempo.
Então, quando uma nova nasce, deve também demorar até a sua luz nos iluminar...

Foi há um mês.
Sentimos a tua falta...

quinta-feira, 23 de dezembro de 2004

Lógica?

Paixão está para Coração
assim como
Obsessão está para Razão

terça-feira, 21 de dezembro de 2004

Lembranças #1

Sabes? Foi à despedida, quando demos um abraço, que entraste...
Foi quando senti concretizar-se a tua existência, no meio dos meus braços.

Curioso ter sido à saída...

Que ando a fazer???

Por aqui a tentar racionalizar o que não tem razão de ser...

Paz


Final da tarde

A L. escreveu-nos um texto.
Andou a adiar, porque de todos nós é a ela que lhe custa mais, acho que vai sobrevivendo melhor porque está longe.

As palavras eram bonitas, ela falava de como devemos libertar-nos, deitar abaixo os nossos muros para podermos estar bem connosco e com os outros...
De como temos que ir para a frente sem medos e sem expectativas....
De como tudo isto teria que servir para alguma coisa, porque nos deixaste, no fundo, uma mensagem nas entrelinhas....
Uma mensagem de amor, de entrega, de afecto em cada gesto, como se tu estivesses em cada abraço, em cada beijo...

Hoje soube que está apaixonada...
Sei que isso lhe vai dar forças: se havia altura certa era esta...
(e eu sei que não há...)

Sonhei contigo e com a L.
Íamos buscá-la, como combinado, e afinal vieram as duas de carro.
Estavam felizes, radiantes...
Lindas...
E eu olhava para ti e sentia algo estranho, porque sabia que não podia estar a ver-te, mas ao mesmo tempo estavas mesmo presente...
E estavas bem...

Quando acordei fiquei triste, nem preciso de explicar porquê.
Estas visões em sonhos só marcam mais a dor da realidade...

E eu, que nunca escrevia drafts....

Ultimamente penso que tenho vontade de escrever.
Venho aqui, abro a janelinha.
Tenho coisas para dizer e não digo.
No meu "arquivo" de posts tenho cada vez mais drafts, que nem se podem chamar rascunhos: são palavras soltas, ideias atiradas para eu saber mais tarde do que queria falar...
Palavras que mais cedo ou mais tarde apago, porque se perdeu o momento.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2004

Como tu...

Doce
Consistente
Reconfortante
Irresistível


PS - Vou esperar por ti para experimentar a receita...

terça-feira, 14 de dezembro de 2004

Talvez não...

Para quem ultimamente tem dificuldade em encontrar as palavras, que dantes moravam fáceis na ponta dos dedos, deixo uma música e deixo uma imagem.
Se calhar algo antagónicas.
Ou talvez não...

"When past sometimes takes you with soft hands
Forceless it pulls you to your chair
Hides you away from these half days
Sunless, at the end of the year

The air is like a knife cutting through you
A room in the house is always warm
Stretched down on the bathroom floor thinking
Of fair days your future may hold

Love comes like surprise ice on the water
Love comes like surprise ice at dawn
Love comes at dawn

Deprived all the light of colours
The world ends at your window tree
Darkness creates these illusions
That pale days can teach you to see

Rain falls but no life is given
Weeks pass, no progress is made
Past sometimes takes you with soft hands
And all that surrounds you will fade"
Kings Of Convenience - Surprise Ice

Pedaço de Muro que fala por si #2


Parte de Mural por Ângela Toledo - Morro de S. Paulo

segunda-feira, 13 de dezembro de 2004

2ª feira

O dia dos novos (re)começos.

(e por isso o ano só vai começar dia 3)

domingo, 12 de dezembro de 2004

"Só quero fechar os olhos"

Já não consigo sentir como se tivesse acontecido.
É um sonho mau.
Quando acordar vou ter uma mensagem tua a perguntar como vão as coisas.

Uma vez disseste que sentias que eu era diferente.
De alguma forma sei que te entenderia, melhor do que podias imaginar.
Se tivesse havido tempo nada seria diferente, eu sei...
E no entanto............

Estranhamente parece que os primeiros dias foram mais fáceis.
Vi-te.
Estive ao teu lado mesmo quando já não eras tu ali...
Pelo que escolhi para a minha vida tive mais facilidade nisso....
Se é que se pode chamar facilidade...
E ainda assim, naquele dia, o mar parecia ter nascido nos meus olhos.
E não, era por ti que tudo acontecia...
Ajudei, e ajudou-me a estar mais perto, não sei dizer porquê...
Foram as sapatilhas que tu mais gostavas, as calças, o cachecol que te dei no Natal... As coisas com que brincávamos...
Era como se ainda estivesse a tomar conta de ti, como se de alguma forma te pudesse ainda proteger, mas não...

Não consigo deixar de pensar que podia ter sido diferente....
Porque tem que ser assim?
Sei que não há respostas, e talvez essa seja a dor maior.
E racionalmente sinto uma certa paz interior, sei que estás bem agora.

As tuas palavras queimaram-me o bolso das calças o dia todo.
Precisei de as ler várias vezes, mas deram-me paz.
Estranhamente deram-me paz...

De onde estás, olha por nós.
Estás agora onde pertences, e como estrela, e luz, e anjo no céu....
Olha por nós.
Nunca precisámos tanto...

sábado, 11 de dezembro de 2004

tempo

mais anestesia

domingo, 5 de dezembro de 2004

Verdade V

Nunca senti tanto a tua falta como nesta semana que passou.

Elos -1

Os laços apertam-se mais quando falta um nó.
Juntos, tentam compensar a falta que faz aquele pedaço de corda...
Não dá.
Sei que o tempo vai tratar do resto, e por isso peço todos os dias que passe rápido.

Depois pergunto: para quê?
A indiferença em que me afundava aprofundou-se mais.
E ao longe é só este nevoeiro, esta temperatura nem quente nem fria, esta apatia muda, cega e surda.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2004

Aviso à navegação #2

Os comentários voltarão, a seu tempo...
Vocês, que usavam a caixa negra, podem enviar as palavras para aqui!

Não sabia que era assim...

Estes pontos de interrogação que me preenchem o olhar, a certeza das dúvidas que nunca vão ter resposta, os olhares abandonados em fotografias antigas e recentes, ainda tão frescas na memória...

É cedo.
Era cedo...
Porque foste embora?

E de repente nunca mais assume-se com toda a sua força, e rebenta-me no coração.
Em cheio...
Não sabia que era assim...

quarta-feira, 1 de dezembro de 2004

Choveu

Depois de quase um mês, começou a chover exactamente naquela altura, em que saíamos... Não deixam de ser curiosas estas coincidências.
Nesse dia e nos dias seguintes precisei de olhar à volta com atenção, e ainda assim não via nada. Procurei pais a berrar com os filhos, os miúdos a chorar, adolescentes a fumar encostados aos carros, a música na rádio, as notícias dos jornais, o futebol incansável na televisão, a política cansada... Procurei tudo para ter a certeza de que o mundo ainda gira, de que o tempo vai passar, vai apagar um pouco esta dor, como uma borracha de tinta, que não apaga nada, mas pelo menos suaviza as marcas...