sábado, 30 de julho de 2005

quando os drafts são mais que os posts...

-acho que já não sei escrever aqui...

-"aqui"?
-"já"?

desperdícios #3

estou a esbanjar sentimentos... como quem compra a crédito sem ter um tostão.

desperdícios #2

as coisas não partilhadas que sinto são desperdícios que se dissipam no ar fresco e leve da noite, como restos inaproveitáveis de luz

desperdícios #1

trago um frasco destapado no peito, de onde sinto todos os dias evaporar-se um pouco da capacidade de olhar com este vidro fosco chamado coração

quinta-feira, 28 de julho de 2005

Nem eu.

Todos os meus relógios marcam horas diferentes.
Tudo o que eu digo parece triste depois de escrito.

Há horas díspares pelo mundo fora e as pessoas não são menos felizes por isso.

disfagia

sempre que estou contigo, esta sensação de despedida que não consigo expulsar...

terça-feira, 26 de julho de 2005

Tenho tanto para dizer e não consigo...

Gaguejo em frente ao espaço branco, vazio, aberto, sentindo de novo as vertigens que me impedem de ver com clareza o fio condutor de futuro à minha frente...

$2

pesam-me ainda na consciência....

segunda-feira, 25 de julho de 2005

Defeito V

Os exageros.
Aqui como em tudo na vida.

domingo, 24 de julho de 2005

"Que pena não poder ficar no sítio onde as mãos se dão"*



O sol desfez-se em nuvens, caindo sobre a estrada um escuro que me ofusca.
A tua voz doce queima-me as saudades, e olho à volta julgando ver-te nas sombras que se escoam velozes.
O nó apertado parece estar a perder esperança...
Tenho dificuldade em dar-lhe força com a mão direita, mas a esquerda, menos destra, mais institiva, faz o trabalho melhor.
Tenho a certeza de querer este fio consistente, forte, apertado em nós?
Não, não tenho. E ainda assim faço todos os esforços para que resista...
No fim talvez sobre mesmo isso: o nó.
Só o nó.
Sem fio.
Sem nós.

18.07.2005

*Toranja, numa música cujo título ainda não descobri, do Segundo.

Nem sei porque me queixo.

Afinal... fui eu que o pedi.
Várias vezes.......

A new beginning

para variar apetece-me encher isto de letras, mesmo que vazias, sem formar frases, sem dar forma a pensamentos.... ainda menos a sentimentos...

ainda....

depois de um ano de conversas incompletas e adiadas, quando finalmente me sinto preparada para ir ao teu encontro descubro que não era altura...

Privilégios

Ao contrário do que seria de esperar em mim, o regresso a este espaço está a ser mais difícil do que o esperado, embora tenha noção de que não o demonstro minimamente.
Sinto-me um pouco como se não tivesse ainda chegado, as coisas parecem distantes, as pessoas estranhas, as letras enferrujadas...
Sei que a escrita é um hábito que voltará, e os retalhos do que foi passando vão juntar-se aqui, como sempre aconteceu.

Foi bom ter ido logo a seguir.
Foi bom ter ficado tanto tempo.
Foi bom ter vivido um mundo diferente.
Nesta altura da minha vida tive o privilégio de poder fazer uma das minhas viagens de sonho. Que é preciso mais?...
Sinto-me calma, em paz, um bocadinho maior.

Aos poucos far-se-à o regresso.
Sem pressas.
Voltando lentamente à superfície, às decisões, às rotinas...

Provar a terra

É bom mergulhar os pés no solo firme.
O corpo dobrado para a frente, os braços estendendo-se em direcção à terra. Tocá-la. Sentir como é fresca e nova. Provar as ervas e os sabores que temperam o que se cozinha, saber o que gostam de beber os que daqui se alimentam. Aprender as danças, aprender as palavras. O olhar. Ver um pouco mais de vida. Crescer uns milímetros mais na alma.

Do mundo nos fazemos maiores.

13.07.2005

Ali...

E de repente, o mar ali...
À minha frente os degraus que preciso de trepar para chegar ao cimo, um patamar mais, um nível que me eleve até ti.



Se eu entrasse, se separasse esta distância, este medo do oceano que desconheço...
Se eu entrasse e tivesse força, a força para caminhar, os futuros atravessados estariam muito mais sóbrios, concretos, definidos.

Hoje o sal que me fere a pele é novo, forte de sol, e na areia os pés encontram pegadas desconhecidas. São as minhas?
O calor dissolve os contornos, e mais uma vez me perco do que procurei.

Tenho saudades tuas.

13.07.2005

sábado, 23 de julho de 2005

Mãos cheias



"Fabrico um elefante de meus poucos recursos.
Um tanto de madeira tirado a velhos móveis talvez lhe dê apoio.
E o encho de algodão, de paina, de doçura.

A cola vai fixar suas orelhas pensas.
A tromba se enovela, é a parte mais feliz de sua arquitetura.

Mas há também as presas, dessa matéria pura que não sei figurar.
Tão alva essa riqueza a espojar-se nos circos sem perda ou corrupção.
E há por fim os olhos, onde se deposita a parte do elefante mais fluida e permanente, alheia a toda fraude.

Eis o meu pobre elefante pronto para sair à procura de amigos num mundo enfastiado que já não crê em bichos e duvida das coisas.
Ei-lo, massa imponente e frágil, que se abana e move lentamente a pele costurada onde há flores de pano e nuvens, alusões a um mundo mais poético onde o amor reagrupa as formas naturais.

Vai o meu elefante pela rua povoada, mas não o querem ver nem mesmo para rir da cauda que ameaça deixá-lo ir sozinho.

É todo graça, embora as pernas não ajudem e seu ventre balofo se arrisque a desabar ao mais leve empurrão.
Mostra com elegância sua mínima vida, e não há cidade alma que se disponha a recolher em si desse corpo sensível a fugitiva imagem, o passo desastrado mas faminto e tocante.

Mas faminto de seres e situações patéticas, de encontros ao luar no mais profundo oceano, sob a raiz das árvores ou no seio das conchas, de luzes que não cegam e brilham através dos troncos mais espessos.
Esse passo que vai sem esmagar as plantas no campo de batalha, à procura de sítios, segredos, episódios não contados em livro, de que apenas o vento, as folhas, a formiga reconhecem o talhe, mas que os homens ignoram, pois só ousam mostrar-se sob a paz das cortinas à pálpebra cerrada.

E já tarde da noite volta meu elefante, mas volta fatigado, as patas vacilantes se desmancham no pó.
Ele não encontrou o de que carecia, o de que carecemos, eu e meu elefante, em que amo disfarçar-me.
Exausto de pesquisa, caiu-lhe o vasto engenho como simples papel.
A cola se dissolve e todo o seu conteúdo de perdão, de carícia, de pluma, de algodão, jorra sobre o tapete, qual muito desmontado.

Amanhã recomeço."

O Elefante, Carlos Drummond de Andrade

Às vezes, quando se sai à procura, volta-se de mãos e coração cheios.
Obrigada por tudo o que não cabe em palavras e que no conjunto faz a nossa amizade...

sexta-feira, 22 de julho de 2005

De volta...

Depois de tanto tempo tudo me parece correr numa realidade paralela.
Aos poucos vou chegando... também aqui.