O espaço IV
Tenho um dilema acerca das coisas que é suposto serem ditas.
Sei que a sinceridade é a melhor arma na defesa de qualquer relação, mas o tempo e as tentativas falhadas de comunicação mostraram-me que nem sempre é assim.
Como decidir, então, o que faz parte da sinceridade e o que faz parte do exagero?
E se o exagero for sincero?
Acho que há coisas que não faz sentido serem ditas, principalmente se passam por uma chamada de atenção do tipo: Ei, estou aqui! Preciso que olhes, que me vejas, que me mostres que me vês, que me queres ver.
Porque é aqui que se atravessa a fronteira: o "queres".
Até que ponto é justo exigir mais atenção?
Pergunto isto por um motivo simples: não quero exigir mais atenção, queria tê-la de livre e espontânea vontade.
Se for exigida deixa de fazer sentido, portanto pedi-la deixa um vazio quase tão grande como a sua ausência.
Por isso adquiri o bom velho hábito de me calar, e de me manter à distância, a observar apenas, como se não fizesse parte da cena.
Claro que o resultado é o esperado: deixo mesmo de fazer parte dela.
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