domingo, 17 de abril de 2005

Vidas

O Arnaldo ainda tinha um fraquinho pela Carlota, mas, ainda assim, estava triste porque as coisas com a Marlene não iam como esperava.
A Carlota era feliz com o Juvenal porque tinha escolhido ser feliz.
E ia conseguir.
Mas, ainda assim, talvez lhe fraquejassem as pernas se o Arnaldo se chegasse a menos de dez centímetros, e ela lhe sentisse a respiração.

Já a Iliana e o Timóteo tinham estima um pelo outro, mas, ainda assim, tinham decidido que não podiam continuar juntos.
Ela ficava todas as noites em casa a encher-se de borbulhas na cara e de pratas de chocolate no sofá.
Ele ia sair, mas ao chegar a casa bebia dois ou três copos de maduro tinto.
Depois fartava-se.
Atirava o copo à parede e continuava a beber pela garrafa.

A Anabela não tinha namorado com o Dinis por muitos anos, e decidira que depois de seis anos aquilo havia de ter um fim.
O Dinis desenrascou-se, e é feliz com a Julieta, mas, ainda assim, pensa na Anabela todas as noites enquanto não adormece.
A Anabela sente-se atraída por morenos cabeludos que lhe lembram o Dinis, e por causa disso só se envolve com albinos de olhos pálidos.
Vive com a ilusão de que um dia vai deixar cair os óculos na rua, e nessa altura virá um desconhecido oferecer-lhe flores.
É com ele que casará, os filhos serão só dos dois.
E o seu nome será sempre José.

(qualquer semelhança com a realidade é a mais pura coincidência)

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