quarta-feira, 29 de setembro de 2004

O medo só traz mais medo...

Desde que me conheço, tentei educar-me, se se pode dizer assim, para valorizar, acima de tudo, a amizade. Quando digo acima de tudo, digo acima de tudo mesmo. Sim, há a família, mas também ela é uma forma de amizade, da mesma forma que alguns dos nossos amigos são como se fossem família. As fronteiras esfumam-se, os laços estreitam-se, gostamos incondicionalmente daquelas pessoas.
Do amor prefiro não falar... agora, pelo menos.
Habituei-me a fazer pelos meus amigos aquilo que gostava que eles fizessem por mim. Muitas vezes dei-me demais, sim, e às vezes não correu bem... Não se acerta sempre... Fiz milhões de asneiras que gostava de ter evitado, e magoei as pessoas de quem mais gostava, como toda a gente, suponho. Mas é curioso ver que apesar disso há aquela mão cheia de pessoas que vai ficando. Apesar das desilusões, dos tombos, ou simplesmente das distâncias que a todos os níveis nos separam, e que desaparecem quando nos juntamos de novo. Essas valem a pena. Essas compensam todas as outras em quem se investiu afecto, noites mal dormidas para dar colinho, olhares e palavras que se julgaram especiais, e que no fundo se perderam.

Para que servem as coisas que só nós lembramos?

Tinha razão em ter medo.
Ou talvez o medo seja a causa da minha razão.
Nunca vou saber...

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