terça-feira, 7 de setembro de 2004

Trovoada

À noite o céu fechou-se, e a lua lá atrás estava linda... Mas aos poucos as nuvens reuniram em conferência, e a conversa não correu especialmente bem, porque acabaram por se exaltar, e os encontrões que deram umas às outras ecoaram pela terra despertando até os surdos (como eu!) do seu sono... E do céu vieram também pedras, pedras grandes, atiradas pelas divindades aos humanos: não somos mais fonte de inveja com as nossas vidas, o nosso dia-a-dia-a-dia-a-dia-a-dia, igual, repetido como uma cantilena monótona... Pedras frias, de gelo, para ver se acordamos deste torpor que nos envolve e começamos a olhar à volta, a reparar que há a estrada que vai dar ao mar, que há sapatos para calçar e caminho para andar...
A vida, essa não se faz sozinha. Precisa de nós.

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