domingo, 22 de agosto de 2004

Ainda não aprendi.

Houve qualquer coisa que nos ligou logo à partida.
Não sei o que foi, há pessoas com quem é assim, e se calhar por saber que o tempo era pouco atirei-me de cabeça no salto negativo.
Fizeste o mesmo.
É verdade que se construiu alguma coisa muito especial, sem descrição nos termos habituais da maioria das pessoas, tenho a certeza.
E por isso fui previligiada. Fomos, porque o sentimento foi o mesmo.
Mas depois, logo de seguida, antes que tivéssemos tempo para solidificar a estrutura gigantesca que construímos em dois tempos, vieram as chuvas ácidas.
Soubeste saltar a tempo, parece-me.
Não sei como foi a tua queda porque foi rápida demais e perdi-te de vista na descida.
Sei que contigo é assim, é só mais uma coisa em que somos extremos opostos.
Ao saltar abri o pára-quedas, porque estava a lutar contra tudo isto.
E por isso a queda é lenta, e ao descer vejo tudo o que construímos ser lentamente arruinado pelo tempo e pela distância.
Estamos obviamente em fases diferentes, doeu-te, eu sei, mas já te levantaste.
Eu já não vou cair mais, mas ainda me dói.
Ainda me custa pôr-me em pé.
Ainda não sei lidar contigo assim, e por isso faz-me mal ir à tua procura: já não te encontro.
Vou ter que gravar a imagem que tinha na memória para ficar lá segura, não quero apagá-la.
Mas quero uma imagem presente que não me magoe.
Não é nada disto que quero dizer, na verdade.
Não sei explicar.
Nem interessa, na verdade...
Já não interessa.

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