domingo, 29 de agosto de 2004

Insónias

Lá fora avolumam-se escuridões passadas, dipostas a trazer o Inverno de volta.
Já dura demais o bom tempo, dizem.
O sol soltou um suspiro e enterrou-se do outro lado do horizonte, entre protestos coloridos de lilás e vermelho, mas não houve luta, não houve discussão, não houve nada...

O silêncio inunda-me e insiste em não me deixar dormir.
Tanto tempo passado e voltam as insónias, as noites em que danço comigo própria em voltas sem fim, sem encontrar nunca a posição que me dará o descanso.
Mal dormidas, as noites dão lugar a dias monótonos, iguais, passados na penumbra obscura das horas que não querem passar, que insistem em ficar, em durar, em aumentar a insustentável sombra do tempo que me tolda os sentidos, que me turva o pensamento, que me sufoca...

E na ânsia de respirar agarro-me aos braços que me rodeiam, mas não os afago: desfaço-os.

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