Apetites #2
E agora que a noite entra em pleno, já sem medos e sem vergonha absolutamente nenhuma da sua escuridão de lua velha, eu estou com fome.
Deambulo nas minhas desculpas para não ficar mais um pouco sentada em frente às páginas que me devoram os dias, avançando demasiado lentas sobre mim.
Há um silêncio gasto nestas horas em que me distancio do mundo.
As barreiras emocionais feitas de tempo e de espaço e as proximidades juntam-se em graus variáveis de indiferença, o mundo parece rodar num outro plano, fora das vidraças que pela tarde deixam entrar o sol.
Mas agora não, agora há só o escuro seco e gelado deste Inverno, pleno de infertilidade, a reluzir por entre as estrelas sós...
Há só a noite, e eu estou só com fome...
Tenho fome de gente.
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