quarta-feira, 20 de outubro de 2004

Delírios nocturnos

O universo que os rodeava era único, absolutamente mágico, quase irreal...
Montes enormes rodeados por caminhos de pedra em espiral, uns a seguir aos outros, até que num deles, subitamente, a visão de uma cascata.
Uma cascata branca, parecendo projectar água directamente do céu, em oscilações abruptas que se perdiam num vapor frio envolvente, até ao fim, ao fundo, ao grande lago.
Na bruma desta visão destacou-se um vulto voador.
Uma fada.
Como podia ele saber que era uma fada, se essas coisas não existem a não ser nos livros?
Nem nunca tinha visto uma...
Mas era uma fada, e caminhava decididamente na direcção da objectiva da máquina fotográfica, mantida em punho de forma ridícula, como uma quase arma de defesa.
Quando se deu conta da posição agressiva em que se encontrava, sem ter sequer chegado a carregar no botão para mais tarde poder comprovar a veracidade do momento, baixou as defesas e os braços e ficou estarrecido, a ver aquele vulto mágico esvoaçar na sua direcção.
Incrível.
Ao chegar junto a ele beiju-o apaixonadamente nos lábios.
Julgava ele que as fadas eram criaturas púdicas, uma espécie de seres assexuados, mas esta não.
Despertou nele um sentimento forte, fê-lo estremecer como se tivesse sido atingido por relâmpago... Fraquejaram-lhe as pernas...
Esta fada era extremamente feminina, como não o era nenhuma das suas amigas, ou as suas irmãs. Nem tão pouco a sua namorada. Este pensamento fê-lo despertar desse beijo, lânguido, envolvente, acolhedor. A sua namorada.
Então a fada (seria mesmo uma fada? voltava a duvidar...) falou.

(nota: este texto poderá ou não vir a ter seguimento, dependendo do meu estado de sanidade mental...)

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