A favor da corrente
Tenho estado a remar contra a corrente. Rio acima, tenho ido à procura do que ficou perdido, e hoje os braços pesam-me de cansaço. A lua está escura no céu, mesmo por trás das nuvens que taparam também o sol, e fiquei aqui neste impasse, entre a corrente que me arrasta a fadiga e a força que me impele para trás. Aos poucos vou-me apercebendo, enquanto esta bruma me envolve com braços de veludo, e me tolda os sentidos, que tenho que me deixar ir. Não sei onde me leva este rio, por que margens me irá arrastar, que outros barcos trará ao meu lado, mas é esse o segredo: parar de remar e ir, leve, serena, com a água...
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